Black Pantera taca fogo no The Town nesse Dia de Rock

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Os mineiros do Black Pantera já não tem receio de subir em palcos de grandes festivais (e duvido que algum dia já o tenham tido). E não foi outra coisa que demonstraram ao encerrar a noite do Palco Quebrada do The Town, nesse dia de rock. O trio se faz à vontade no primeiro passo sobre o tablado. E pra começar o incêndio, Rodrigo "Pancho" dita o ritmo do que virá pela frente, e “Candeia” é a pólvora antirracista que vai dar o tom do show, como o dá em todos os shows da banda. E não podia ser de outra forma – é a essência deles.

O público, algo reduzido por conta da alta concorrência em outros palcos – especialmente Bad Religion, escalada para o mesmo horário – se mantém firme, constante e animado com o convite do vocalista e guitarrista Charles da Gama, para abrir um mosh obrigatório, no que foi atendido imediatamente. A porrada, linda, comeu solta.

“Provérbios” vem em seguida, com o final já costurado em “Padrão é o Caralho”, sem deixar a galera respirar. “Fogo Nos Racistas” mostra quem manda numa democracia, e ato ligado e sob palavras de ordem como “SEM ANISTIA” vindo do público, Chaene da Gama lança mão do boné do momento: “O Brasil é dos brasileiros”.

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Pra dar uma acalmada no corpo (mas não na alma), a linda “Perpétuo” lembra que todos temos um mesmo passado, e que devemos reverenciar isso nos unindo numa luta constante contra o racismo e outros movimentos de ódio. E que o rock no Brasil não morreu não, apesar das inúmeras tentativas da indústria de outros gêneros. “Quanta banda legal aqui hoje. Gostaria de dar um salve para as bandas brazucas. Os caras vem e falam ‘não tem rock no Brasil’, ah, para de conversa, pô!”, diz Charles. Aplaudo entusiasticamente.


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Após “Seleção Natural”, Chaene se posiciona na frente do palco, bem pertinho de geral, e manda a sua versão de “Mama, I’m Coming Home”, dizendo ser uma canção do mestre Ozzy Osbourne à sua mãe, tal qual eles também fizeram. Só uma correção: Ozzy a fez, na real, para Sharon Osbourne, sua esposa, que o esperava paciente e eternamente sair das reabilitações a que se submetia o Príncipe das Trevas. Ele a chamava carinhosamente de “Mama”. Mas valeu a intenção, Chaene, nós entendemos. E a emocionante “Tradução” vem do coração dos meninos para o público do Quebrada.

“Fudeu” antecede um momento bem bacana, quando Charles pede um mosh exclusivamente feminino em “Cola”, no que foi lindamente obedecido, do mesmo modo quando ele pediu pra mulherada “bater cabeça”. Titia aqui só não foi junto porque a labirintite não deixa mais.

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A sequência “Ratatatá”, “Sem Anistia” e “Unfuck This” incendeia total agora, preparando o Grand Finale dessa apresentação histórica (primeira vez dos meninos no The Town – esperamos não ser a última e que seja em palcos principais) e “Revolução É O Caos” fecha dignamente um show cheio de força, dignidade, luta e amor. Eita, trem bão, esse tar de Black Pantera!

Noemi MacHado

Passou dos vinte há algum tempo, foi desencaminhada pelo Genesis, Queen e Led Zeppelin ainda na infância e conviveu com bandas de rock a vida quase toda. Apresentadora do programa ARNews na Rádio Planet Rock e Rádio Oceânica FM, também é produtora de eventos, gestora do coletivo Arariboia Rock e colaboradora do site Rock On Board.

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