'Never Enough' atesta Turnstile como grande expoente do rock alternativo

Turnstile
Never Enough
⭐⭐5/5
Por  Rafael Rodrigues 

O Turnstile não chega a ser uma novidade no rock. Com uma estrada de 15 anos, mas com seu primeiro álbum Non-Stop Feeling lançado em 2015, o agora quinteto de Baltimore passou pelo Brasil em duas oportunidades: no Lollapalooza de 2022 [saiba como foi AQUI], e em 2024, para shows no Rio de Janeiro [saiba como foi AQUI] e São Paulo.

Porém, parece que eles, ancorados em um som muito dinâmico, que mistura influências de diversas vertentes do rock, mas também de outros ingredientes como ska, música latina e uma pitada de elementos eletrônicos, têm aproveitado muito bem a onda dos streamings e estão na crista! O novo álbum, Never Enough, mostra a evolução da banda sem perder sua essência, que tem arrastado uma verdadeira legião de fiéis fãs pelo mundo, em shows alucinantes, que lembram muito a época em que nós vivíamos off-line.

Com 14 faixas, o álbum lançado no último dia 06 de junho traz uma identidade cada vez mais fincada na experimentação, mas que, de forma muito surpreendente, não se perde e nem é exagerada. Iniciando com "Never Enough", faixa-título, a banda mostra o quanto vem amadurecendo durantes os anos, com riffs consistentes e viradas no som, que dá bons indícios da qualidade do álbum. Seguida da pancada "Sole", bem conectada à faixa anterior, os caras seguem fazendo o hardcore punk que os caracterizaram e transformam um show deles em uma experiência intensa. Essa é uma das músicas que poderiam facilmente fazer parte de Glow On, antecessor de Never Enough, e também considerado o grande álbum da banda até este lançamento. 

"I Care" mostra a capacidade da banda em juntar sons. Com elementos sintéticos, lembrando até músicas oitentistas, com uma cara mais indie, mas sem perder a pegada que os define. "Dreaming", muito baseada em ska, é uma das boas músicas do álbum. "Light Design" é mais uma faixa que usa de elementos eletrônicos, sempre muito presentes no som deles.

"Dull" é uma clara pista de que muitos stage divings estão garantidos nos shows da banda em sua nova turnê, assim como "Sunshower", que vira de um intenso hardcore de 1:30 minuto para uma completa imersão quase lo-fi, que dura mais de metade da faixa. "Seein' Stars" é mais uma que mostra as diversas facetas deles e tem grande possibilidade de tocar em rádios mais convencionais, assim como "Time is Happening". "Birds" certamente enlouquecerá muitos jovens destemidos em seus concertos pelo mundo. "Slowdive" traz uma levada grunge no seu riff e é uma das boas faixas do álbum.

A maior faixa do álbum é "Look Out For Me", com um riff ao melhor estilo Rage Against the Machine, em "Guerilla Radio" e que, assim como a antecessora "Sunshower", muda de direção do meio para o final, numa pegada muito mais leve e imersiva. "Ceiling" poderia tranquilamente tocar em uma rave, assim como "Magic Man", que encerra o álbum. Eles (e ela, a guitarrista Meg Mills, recentemente ingressa na banda) realmente não se importam de experimentar, e dá mto certo. 

O Turnstile é um dos expoentes do rock alternativo contemporâneo, não só por ter entendido que o rock se transformou, mas também que a indústria fonográfica se transformou. Em meio a uma demanda cada vez mais mesclada, eles conseguem se posicionar como uma banda de rock que prende a atenção do público jovem. Basta acompanhá-los pelas redes sociais e atestar os diversos shows com casas lotadas, com plateias enlouquecidas, que parecem aproveitar intensamente cada minuto.

A banda mostra que também sabe usar muito bem o poder dos streamings, pois mesmo sem ter o rock no mainstream como tempos atrás, eles conseguem arrastar pequenas multidões em shows quase sempre em espaços pequenos - onde inclusive, eles performam de forma mais intensa.

Nota pessoal: Comecei a pesquisar mais a fundo sobre eles quando vieram no Lollapalooza Brasil, e, de cara, percebi que tinha algo diferente. Com isso, mantive-os no meu radar com a esperança de vê-los deslanchar, e "Never Enough" parece atestar o que eu esperava da banda. Ótimo álbum!

Rafael Rodrigues

Carioca, flamenguista e apaixonado por música! Flutuando entre o mundo corporativo e o lúdico musical. Algumas dezenas de shows cobertos e resenhas escritas, na aventura do rock'n roll desde sempre, escrevendo sobre ele há mais de uma década!

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