Rock in Rio Lisboa: Debaixo de chuva, Muse lava alma dos fãs com hits e novas músicas

 

Uma das principais atrações do Rock in Rio Lisboa de 2018, o Muse não viria para esta edição não fosse uma tragédia. A morte do baterista Taylor Hawkins fez o Foo Fighters cancelar todos os shows do ano e levou a organização do festival a recorrer aos ingleses de Devon para fecharem a primeira noite da edição portuguesa do festival.


Em sua quarta passagem pelo festival em Lisboa, o Muse dessa vez tinha algo mais a mostrar para além dos velhos e queridos hits, pirotecnias e distorções de guitarra. A pouco mais de dois meses de lançar o seu nono álbum, Will Of Te People, a banda já deu aos portugueses um gostinho do novo disco e do visual que a nova turnê vai exibir a partir de outubro. 


Chamado um pouco às pressas para substituir o Foo Fighters, o grupo formado por Matt Bellamy (vocais, guitarra e teclado), Chris Wolstenholme (baixo e backing vocal) e Dominic Howard (bateria) apresentou um show que parece em construção. De um lado um conceito visual novo se estabelecendo para as novas canções, daí a arte visual que aparece no início do show antes do grupo entrar mascarado no palco para tocar a primeira música. Do outro mais simplicidade para exibir os velhos hits, limpando todo o arcabouço exibido na turnê do Simulation Theory (2018), que passou pelo Rock in Rio brasileiro em 2019. O único ponto de apoio são os efeitos pirotécnicos, fogos de artifício, fitas e confetes e o carisma de Bellamy em conduzir a plateia tomada de fãs. Na Europa, o Muse tem muitos fãs e seus shows sempre parecem mais “quentes” do que no Brasil. 


Quatro novas canções foram mostradas no Palco Mundo. “Will of the People” abriu o show. Uma canção de protesto contra o establishment que trata de temas atuais como metaverso e um estado autoritário comandado por um algoritmo e dinheiro falso. A letra fala em jogar os imperadores no oceano e seguir a vontade do povo. 


A ótima “Compliance” e “Won’t stand down” aparecem mais ou menos na metade do set list de 19 músicas. A temática de “Compliance” é a mesma de “Will of the people”: a humanidade oprimida por governos demagogos e algoritmos de redes sociais. 


Os temas apocalípticos e as reflexões sobre a modernidade são uma constante na produção do Muse. E a julgar pelas canções apresentadas - a outra foi “Kill or Be Killed”, já no bis - o novo álbum será superior aos três anteriores: Simulation Theory (2018), Drones (2015) e The 2nd Law (2012). É esperar para ver. 


Além das quatro músicas, não faltaram hits no set list dos ingleses. E nem a chuva que caiu torrencialmente durante o show desanimou o público em canções como “Psycho”, “Time is running out”, “Supermassive Black Hole” e “Plug in Baby”. 


A segunda metade do show foi onde o Muse enfileirou mais hits. Foi quando Bellamy cantou “Madness” e concluiu sua apresentação com “Uprising” e “Starlight”.  


Seguindo a tradição o Muse fechou mais um bom show no Rock in Rio com “Knights of Cydonia”, uma chuva de fogos de artifício, e um público de alma lavada.

 

The National demorou, mas engrenou


 

Tocando pela primeira vez no Rock in Rio Lisboa, os americanos do The National trouxeram ao festival um pouco dos elementos do indie rock ao qual se inserem. Com mais de 20 anos de carreira, o grupo que já foi comparado a bandas como Joy Division e Wilco, exibiu um som mais introspectivo e melódico que contrastava com a explosão e arrogância de Liam Gallagher, que tocara anteriormente. 


Conforme o The National ia se apresentando, notava-se claramente que a banda merece o prestígio que tem. É aos poucos o público que não era fã da banda foi reconhecendo o valor do grupo de Ohio. 


Mérito de algumas canções do set list como “I need my girl”, “Light Years” d “Mr. November”, da competência da própria banda e da constante interação do vocalista Matt Berninger com a plateia. 


O cantor saiu constantemente do palco para se aproximar dos fãs e com isso ganhou a simpatia do público. 


Ainda que não tenha super hits radiofônicos, o The National saiu do palco aclamado e com a missão cumprida no Rock in Rio. 

Marcelo Alves

Acredita que o bom rock and roll consiste em dois elementos: algumas ideias na cabeça e guitarras no amplificador. Fã de cinema e do rock nas suas mais variadas vertentes, já cobriu três edições do Rock in Rio e uma do Monsters of Rock. Desde 2014, faz colaborações para o site "Rock on Board". Já trabalhou em veículos como os jornais "O Globo" e "O Fluminense". Twitter: @marceloalves007

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