Rock in Rio Lisboa: Liam Gallagher equilibra carreira solo com Oasis em bom show

 
Liam Gallagher enquanto cantor solo pode ainda não ter o tamanho de sua antiga banda, o Oasis, que comandava ao lado do irmão e eterno desafeto Noel. Mas parece inegável que, aos 49 anos, o cantor se encontrou em sua carreira solo bastante interessante e bem diferente da esquecível banda Beady Eye


Com três álbuns lançados e uma sonoridade muito parecida com a da banda que o levou ao estrelato, Liam mostrou em sua apresentação no Rock in Rio Lisboa que hoje pode equilibrar canções do Oasis com as suas músicas solos sem que seu show perca em qualidade e força. É claro que músicas como “Hello”, “Wall of Glass”, “Everything’s Eletric” ou “Diamond in the dark” não são hits, mas ao vivo soam boas o suficiente para sustentar um show. Ainda que seja inevitável recorrer ao Oasis para tirar aquele elemento de êxtase da plateia. É natural. E Liam não pode negar a própria história. Nem precisa. 


Segunda atração do palco mundo do Rock in Rio Lisboa deste ano, o cantor curiosamente mostrou um show naturalmente diferente do que mostraria se o festival tivesse acontecido em 2020, como o previsto, e não agora em 2022 após dois anos de adiamentos causados pela pandemia de Covid-19. 


Naquela ocasião, Liam tinha acabado de lançar o seu segundo álbum, o bom Why Me? Why Not (2019). Neste ano, Liam lançou mais um disco, C´mon you Know (2022). Um álbum inferior ao anterior, mas ainda com canções interessantes. 


Ambos os discos tiveram boa recepção da crítica e de parte do público, o que, de certa forma, trazia confiança para uma apresentação mais pautada pela sua carreira solo do que escorada em hits do Oasis. 


Não que Liam precisasse disso. Marrento e arrogante como sempre, o cantor, se quisesse, soltaria um set list de lados B empoeirados que ninguém conhece sem se importar com ninguém. Mas não é o caso. 


Liam esteve bastante falante e provocador no show. Simpático ao seu jeito, brincou com fãs que faziam air guitar dizendo que não entraria numa competição de punhetas e declarou todo o seu amor aos portugueses Bernardo Silva e Rubén Dias, jogadores do seu Manchester City. 


Quando perguntou pelos fãs do Oasis sentiu a temperatura da plateia. Naquela altura, Liam já havia dado um gostinho cantando “Rock and Roll Star”. Mas aqueles que estavam mais interessados no passado do que no presente do cantor tiveram que esperar até o final do show, quando Liam emendou “Wonderwall” [assista um trecho AQUI] e “Cigarettes & Alcohol”. 


Pareceu pouco para quem esperava mais Oasis, mas num set list mais enxuto como são os de festivais, Liam acabou privilegiando suas músicas mais recentes, deixando de lado canções como “Some might say”, “Supersonic”, “Stand by me” e “Champagne Supernova”, que vêm aparecendo eu seu set list nos shows de sua turnê. 


Não que eles fossem necessários. Até ali, Liam já havia entregue um belo show acompanhado de sua banda. Além de “Hello”, destacaria a boa recepção de “Once” e “Slide away”. 


No fim, Liam pode até reverenciar o passado, mas está mais a fim de olhar para frente. Pelo menos até ele resolver seus conflitos com o irmão. 


Xutos e Pontapés empolgam a plateia 

 

 
Mais cedo, a banda portuguesa
Xutos e Pontapés abriu o Palco Mundo trazendo um pouco dos seus mais de 40 anos de carreira. Assim como em 2018, a banda portuguesa empolgou demais o público local misturando canções de diferentes fases de sua carreira. 


O começo do show com “Fim de semana”, “Não sou Jesus” e “Voo das águias” pareceu meio frio, ainda que bem recepcionado por parte do público que já enchia o parque de Bela Vista. 


Foi a partir de “Negras como a noite”, canção de 1997, no entanto, que o Xutos começou a empolgar de fato. Aproveitando que a letra da canção fala em “vai ficar tudo bem”, o baixista e vocalista Tim tentou mandar uma mensagem de esperança após a música.

Até ficar tudo bem falta um bocado, mas vamos ter esperança que fique mais ou menos direitinho e se possa poupar tanta vida e destruição que anda por aí pela Europa - disse Tim, em referência à guerra na Ucrânia. 

O ápice da apresentação do Xutos veio em momentos como “Homem do Leme” e “A Minha Casinha”, os dois maiores sucessos do grupo. A partir daí o Xutos foi embora ao som de “mais um” e ovacionado após mais uma apresentação competente no palco do Rock in Rio Lisboa. 

Marcelo Alves

Acredita que o bom rock and roll consiste em dois elementos: algumas ideias na cabeça e guitarras no amplificador. Fã de cinema e do rock nas suas mais variadas vertentes, já cobriu três edições do Rock in Rio e uma do Monsters of Rock. Desde 2014, faz colaborações para o site "Rock on Board". Já trabalhou em veículos como os jornais "O Globo" e "O Fluminense". Twitter: @marceloalves007

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