Rock in Rio: Muse encerra festival com show conceitual e tem resposta fria do público

Matthew Bellamy em visual conceitual no show que encerrou o Rock in Rio [Foto: IHF]
Por  Marcelo Alves 

Atração escolhida para fechar o Rock in Rio, o Muse chegou à Cidade do Rock com o desafio de encerrar o festival com um show tão apoteótico quanto os headliners dos dias anteriores: Pink e Iron Maiden. Embora tecnicamente bom, o show, porém, acabou tendo uma recepção fria da maior parte do público que não foi embora após a apresentação do Imagine Dragons.

O Muse trouxe à Cidade do Rock o show de sua turnê “Simulation Theory”, nome do seu mais recente álbum de estúdio lançado no ano passado. Conhecida por fazer álbuns conceituais em que reflete sobre temas como alienação social, a evolução da tecnologia, tema de Origin of Symmetry (2001), o apocalipse de Absolution (2003), guerras catastróficas, que vemos em Black Holes and Revelations (2006), e a opressão governamental, tema de The Resistance (2009), a banda criou o seu show em torno da opressão tecnológica e da manipulação a partir dela.

O início com a frase “estamos enjaulados em simulações” e a presença de bailarinos sem rosto e as frases de “Algorithm” deram o tom do show: “Queime como um escravo/mova como uma engrenagem/estamos enjaulados em simulações/algoritmos evoluem/empurram-nos de lado e nos tornam obsoletos”. Na sequência, em “Psycho”, o rosto dos bailarinos exibia imagens de “Sir” enquanto eles concordavam com as ordens. “Uprising” vinha na sequência falando sobre resistência: “Eles não irão nos forçar/Eles irão parar de nos humilhar/Eles não irão nos controlar”.

O conceito que o Muse tenta mostrar na turnê é o que se encontra em muitas canções de Simulation Theory presentes no show. “Dig Down” é uma referência ao clima político após o referendo do Brexit e a eleição de Trump nos Estados Unidos. “Thought Contagion”, uma das melhores do álbum, fala sobre as falsas crenças que atingiram as pessoas em movimentos como os citados acima.

E assim o Muse vai construindo o seu show. Há sempre o conceito da opressão e a tentativa de se livrar da prisão, como a imagem do esqueleto que tenta se livrar da jaula durante “The 2nd law: unsustainable”. Na parte final do show também surge um boneco monstruoso, espécie de zumbi tecnológico. Ao mesmo tempo, mas sem fugir do tema central do show,  a banda inglesa cantava as suas músicas mais conhecidas. Não faltaram no set “Starlight”, “Plug in baby”, “Hysteria”, “Madness”, “Time is running out” e “Knights of Cydonia”.

Se as ideias do Muse soam interessantes, a recepção foi um pouco fria pela maior parte do público. Mesmo nos hits, foi difícil encontrar uma participação da público da Cidade do Rock que estivesse mais distante dos que estavam imediatamente à frente do palco.

E não foi por falta de esforço de Matt Bellamy, que foi simpático com a plateia e cantou “Mercy” com a bandeira do Brasil cobrindo o rosto. Mas o show muito tecnológico e conceitual acabou não convencendo a parte do público que não é fã da banda e foi, aos poucos, deixando a Cidade do Rock. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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