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Jakko Jakszyk com o King Crimson no Rock in Rio [Foto: Adriana Vieira] |
Por Bruno Eduardo
Não dá pra negar que a escalação mais surpreendente do line up foi o King Crimson. A banda, com mais de 50 anos de estrada, sai do roteiro convencional do Rock in Rio, que só teve um grupo de rock progressivo em sua programação, que foi o Yes, em 1985. Na história mais recente do festival, quem talvez tenha chegado mais perto disso, foi o The Who, uma da grandes sacadas da edição passada. Isso, acaba recuperando um pouco o valor desbravador que o Rock in Rio teve até 2001, quando trazia ao Brasil, nomes que jamais tinham pisado aqui.
A única ressalva, no entanto, fica por conta do dia escolhido para incluir uma banda tão fora de curva, sonoramente falando. O som do King Crimson é algo unusual até mesmo para um público mais habituado. E tendo uma plateia formada em sua grande maioria por fãs de bandas que jogam para a garotada, como Imagine Dragons e Nickelback, a debandada era mais do que previsível. Mesmo assim, tivemos a oportunidade de assistir algo musicalmente acima dos padrões desses sete dias de festival.
Com o Palco Sunset recebendo o menor público entre as principais atrações dessa edição, o King Crimson atacou com seus três bateristas, que ditaram o show do início ao fim. Na parte superior, um pouco atrás, vinham os outros integrantes da banda, com maior destaque para o vocalista Jakko Jakszyk, que exibia uma guitarra temática ao álbum de estreia do grupo, lançado em 1969. Já o líder do grupo, o guitarrista Robert Fripp, tocou sentado o tempo inteiro, praticamente escondido atrás de uma das baterias.
A banda o vivo soa como uma orquestra, com movimentos rítmicos e cirurgicamente executados pelos músicos, que estão ali no palco em pose clássica, sem muita comunicação com o público ou movimentação. É tudo de uma magnitude impressionante e que funciona divinamente bem. Os fãs que ali se encontravam, comemoravam cada mudança de andamento e determinadas levadas clássicas, como a introdução de "Red", faixa-título do álbum de 74, que trouxe distorção ao show e foi tocada de forma fidedigna.
Outros destaques, foram "Indiscipline", da fase oitentista da banda, e a épica "Epitaph", com bela interpretação de Jakko, acompanhado no refrão pelo público. Mas o ápice teria de ser mesmo "21st Century Schizoid Man", canção que praticamente ditou caminhos para bandas de todas as ramificações do rock e do metal. Nos anos setenta, os principais nomes do rock pesado - como Black Sabbath - bebiam na fonte progressiva de grupos como King Crimson e Jethro Tull, e isso foi muito bem sintetizado nessa canção que abre um dos ábuns mais indispensáveis de todos os tempos (In the Court of the Crimson King).
Em uma hora, o grupo liderado por Robert Fripp conseguiu justificar a musicalidade dentro de um festival destinado às experiências de uma nova geração conectada, e provou que a música continua sendo ainda, o ponto de partida para que tudo isso aconteça. Mais do que histórico, um show necessário e atemporal.
Rapaz...Vc esqueceu de mencionar o grupo YES - banda de rock progressivo - , no primeiro Rock in Rio em 1985.
ResponderExcluirFoi surreal!
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