Fall Out Boy abandona pop punk e faz disco na medida para fãs de Imagine Dragons

Fall Out Boy chega ao sétimo álbum de estúdio, "Mania"
FALL OUT BOY
"Mania"
Universal Music; 2018
Por Lucas Scaliza


Em 2018, o emo/pop punk do Fall Out Boy se fundiu de vez com as tendências mais manjadas da EDM. De certa forma, podemos dizer então que Mania é o disco mais Imagine Dragons que eles já fizeram na carreira. 

Dá até para argumentar que eles estão inovando no rock, afinal, as guitarras com distorção estão ali, quase sempre presentes, assim como a bateria bem firme e cheia de pompa de Andy Hurley. Contudo, cada vez que você ouve o álbum, e caso esteja familiarizado com David Guetta e alguns dos artistas com que ele trabalhou, verá que as canções de 'Mania' têm muito mais a ver com um cenário eletropop do que com o rock, ou com o emo de antigamente - ouça The Last Of The Real Ones”, que parece ser mais uma criação de Guetta do que uma canção típica do Fall Out Boy. 

Sendo assim, podemos dizer que eles não estão exatamente inovando no rock, mas sobrevivendo como banda de rock apostando no que acham que uma nova geração quer ouvir. 

Hold Me Tight Or Don’t”, desde seu primeiro compasso, é uma música que você se surpreende em ver no disco do FOB, porque deveria estar no álbum da Anitta. Não é exagero. “Wilson” parece um rip off de M.I.A. e sua “Paper Planes”. Daí, em “Church”, eles voltam a ser aquela banda de espetáculo dirigido pelo Michael Bay, com direito a coral que soa como uma multidão em uma catedral. Ouvintes atentos perceberão, no entanto, que a linha de baixo superlegal de Pete Wentz é o destaque da faixa.


Com tantos tiros para todos os lados, “Heaven’s Gate” chega com uma carinha de soul tão desavergonhada que você até consegue abrir um sorriso. É nesse momento de 'Mania' que você entende que a banda está se divertindo, e propõe que você faça o mesmo. A ideia é não se levar a sério, curtir o caminho e não a consistência do trabalho musical no final das contas. 

Champion” tem um riff de guitarra e um ritmo para o vocal de Patrick Stump que Eminem deveria ficar de olho. Já que o rapper agora faz mais pop do que hip hop de verdade, essa faixa do FOB viraria um bom sample em seu próximo trabalho. Aliás, Sia é uma das compositoras de “Champion”. E falando em sample, a base da primeira parte de “Sunshine Riptide” (com Burna Boy) é um derivado de produção eletrônica dispensável, principalmente quando após o primeiro refrão a banda faz uma levada muito boa, mostrando novamente a habilidade de Wentz para o baixo e a versatilidade do guitarrista Joe Trohman.

No final, “Bishop Knife Trick” fecha o disco na mesma trilha que “Stay Frosty Milk Tea” abriu: soando como uma banda que cria clima, que mistura timbres modernos com tendências do eletropop e mantém uma dignidade. O miolo de 'Mania' é tão diversificado que você dá o braço a torcer e precisa dizer que o Fall Out Boy é realmente versátil, e que conseguiu diversificar a discografia com uma boa quantidade de faixas com potencial para singles. No entanto, é uma pena que a maior parte delas seja construída em cima de modismos e de uma noção de gosto para lá de discutível.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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