Convidados de última hora, o White Denim foi a atração internacional que passou quase que despercebida nesse primeiro dia de Lolla. O grupo texano entrou no lugar do Fontaines DC, mas foi escalado em horário menos nobre, muito pela pouca popularidade deles por aqui. E ainda caiu no palco mais distante do Autódromo. E cá entre nós, chegar até o bendito palco, era uma tarefa hercúlea após o temporal que paralisou o festival, deixando o caminho totalmente tomado pela lama - é claro que muitos desistiram de sujar seus pés para ver uma banda estranhona e impopular.
Com tudo isso, o White Denim acabou sendo espremido entre o Inhaler, que fez um bom show no festival, e o concorridíssimo Jão. Dizer então, que o grupo fez um show para poucos, pode valer tanto no sentido literal quanto no poético. Com guitarras entrelaçadas, ritmos quebrados, e música totalmente irrotulável, o White Denim agradou as poucas centenas de cabeças, que balançavam com as palhetadas de Cat Clemons e James Petralli.
Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
Levando o show num ritmo de ensaio aberto, o White Denim fez uma das apresentações mais relaxadas que se tem notícia, e não parecia sentir qualquer pressão de estar num grande festival. Tocando para um público que talvez nunca tenha ouvido falar deles, o quarteto mostrava que não estava nem aí para a hora do Brasil. Os caras estavam se divertindo no palco, numa espécie de jam sessions. Foi uma coleção de instrumentos sendo fritados, e uso e abuso das inserções sonoras psicodélicas. O grupo não demorou muito para fazer a turma de "legalize it" viajar ao som de canções como "Anvil Everything", ou "Take it Easy".
"Nós somos o Jeans Branco", disse Cat ao microfone. Nas redes sociais, horas antes, eles postaram que usaram o google tradutor para saber o significado de seu nome em português. O senso de humor dos integrantes, também evidenciava algo interessante e que reflete muito no som eles: eles são uma banda que não parece se levar a sério. E mesmo que a performance seja um tanto quanto descontraída, o White Denim promoveu um massacre instrumental multidirecional. Apenas as poucas pessoas que decidiram preterir o Jão no palco ao lado, e ficaram até o fim desse, que foi o show internacional mais rejeitado do Lolla, conseguiram entender bem o que foi essa experiência.