Com extensa carreira como produtor, o inglês Michael Kiwanuka iniciou sua carreira como artista solo desde 2012 e vem flertando com a soul music americana. Sua escalação no Lollapalooza surpreendeu muitas pessoas, mas o lineup do festival a cada ano vai ficando mais abrangente, vide a inclusão esse ano do Tool e Sepultura, dois expoentes do heavy metal mundial. Mas voltemos ao Mr. Kiwanuka...
Divulgando seu álbum mais recente Small Changes (2024), Michael começou sua apresentação com "One More Night" cheia de balanço e com sua excelente voz. Em um palco sem muitos apetrechos, ele e sua banda seguiram a máxima de deixar apenas a música falar.
Depois de uma longa introdução, veio "You Ain't The Problem" com aquele clima dos anos 70, com destaque para as duas vocalistas de apoio. E sem tempo para respirar, "Rolling" foi tocada e o show começou a ficar um pouco maçante. Definitivamente não é um show para festivais.
Puxando palmas, a autobiográfica "Blackman In A White World" começou empolgando, mas depois caiu num clima repetitivo e minimalista. Nem sua belíssima voz salvou esse momento...
"Rule The World" já deu esperanças de o show melhorar. Cheia de emoção, Michael trouxe então o que se esperava dele, e com arranjo simples e efetivo, com direito a um show à parte de uma de suas vocalistas, a vibe finalmente apareceu. Realmente arrepiante.
O ótimo clima foi mantido em "Hero". Foi aquele soul de qualidade sem firulas, e se apesar do já citado clima minimalista voltar a pairar a apresentação, a reação do público ao final corroborou com as minhas palavras.
Michael ficou bem mais solto e sorrindo em "Floating Parade", mas acabamos voltando a aquele clima chato. Se a mensagem da letra fazia sentido, o público pareceu aplaudir mais por respeito do que por outra coisa, enquanto "One And Only" deu uma estabilizada no show com seu refrão muito bem sacado, e foi aí que deu para notar que Michael não é um bom instrumentista, e muito por isso, várias passagens ficaram faltando uma harmonia mais eficaz.
Entre altos e baixos, "Cold Little Heart" soou bem, mas poderia soar bem melhor se o baterista, fraquíssimo por sinal, colocasse mais dinâmica no seu instrumento.
Com um violão a punho, Michael tocou "Love & Hate" com umas melodias vocais bem bonitas que, enfim, mostraram o que ele pode fazer sem soar tão sem vida em momentos diversos do show. Um bom final, mas que entre altos e (mais) baixos, ficou faltando mais momentos diferenciados que só os grandes artistas podem trazer.