Michael Kiwanuka estreia no Brasil em show de altos e baixos

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Com extensa carreira como produtor, o inglês Michael Kiwanuka iniciou sua carreira como artista solo desde 2012 e vem flertando com a soul music americana. Sua escalação no Lollapalooza surpreendeu muitas pessoas, mas o lineup do festival a cada ano vai ficando mais abrangente, vide a inclusão esse ano do Tool e Sepultura, dois expoentes do heavy metal mundial. Mas voltemos ao Mr. Kiwanuka...

Divulgando seu álbum mais recente Small Changes (2024), Michael começou sua apresentação com "One More Night" cheia de balanço e com sua excelente voz. Em um palco sem muitos apetrechos, ele e sua banda seguiram a máxima de deixar apenas a música falar.

Depois de uma longa introdução, veio "You Ain't The Problem" com aquele clima dos anos 70, com destaque para as duas vocalistas de apoio. E sem tempo para respirar, "Rolling" foi tocada e o show começou a ficar um pouco maçante. Definitivamente não é um show para festivais.
 
Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Puxando palmas, a autobiográfica "Blackman In A White World" começou empolgando, mas depois caiu num clima repetitivo e minimalista. Nem sua belíssima voz salvou esse momento...

"Rule The World" já deu esperanças de o show melhorar. Cheia de emoção, Michael trouxe então o que se esperava dele, e com arranjo simples e efetivo, com direito a um show à parte de uma de suas vocalistas, a vibe finalmente apareceu. Realmente arrepiante.

O ótimo clima foi mantido em "Hero". Foi aquele soul de qualidade sem firulas, e se apesar do já citado clima minimalista voltar a pairar a apresentação, a reação do público ao final corroborou com as minhas palavras.

Michael ficou bem mais solto e sorrindo em "Floating Parade", mas acabamos voltando a aquele clima chato. Se a mensagem da letra fazia sentido, o público pareceu aplaudir mais por respeito do que por outra coisa, enquanto "One And Only" deu uma estabilizada no show com seu refrão muito bem sacado,  e foi aí que deu para notar que Michael não é um bom instrumentista, e muito por isso, várias passagens ficaram faltando uma harmonia mais eficaz.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Entre altos e baixos, "Cold Little Heart" soou bem, mas poderia soar bem melhor se o baterista, fraquíssimo por sinal, colocasse mais dinâmica no seu instrumento.

Com um violão a punho, Michael tocou "Love & Hate" com umas melodias vocais bem bonitas que, enfim, mostraram o que ele pode fazer sem soar tão sem vida em momentos diversos do show. Um bom final, mas que entre altos e (mais) baixos, ficou faltando mais momentos diferenciados que só os grandes artistas podem trazer.

Tarcísio Chagas

Foi iniciado na música no meio da Soul Music, Rock Br e se perdeu de vez quando comprou o disco "Animalize" do KISS em novembro de 1984. Farofeiro raiz, mas curtidor de quase todos os estilos musicais, Tio Tatá já foi há mais de 1000 shows em 40 anos de pista. Já escreveu para o Metal Na Lata, Confere Rock, Igor Miranda site, Rock Vibrations e eventualmente colabora com o canal Tomar Uma no YouTube.

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