O último dia de Lollapalooza vem sendo chamado por alguns como o "dia do rock" dessa edição. Isso porque teremos Bush, Tool e Sepultura na parte final do domingo. E para dar mais força à definição de dia para os roqueiros, dois shows bem interessantes aconteceram no período de meio-dia. Enquanto Giovanna Moraes e seu cabelo laranja fizeram uma apresentação calcada no rock alternativo, foi da Charlotte Matou Um Cara, o posto de única banda punk do festival.
Vestida com uma camisa de força cor de rosa, Déa fez questão de berrar o mais alto que pôde, para assim espantar qualquer tipo de preconceito. A banda traz no seu tema principal a luta contra o machismo, e tem letras agressivas e afiadas, como em "A Rua é um Campo de Batalha", onde um trecho diz "mexe comigo que eu arranco o seu saco!", ameaça. Outra que vai por esse caminho é "Buceta Dentada", de trecho ainda mais expansivo na luta contra os que tentam violar o corpo feminino. "Me querem em pedaços / Bunda, coxa e teta / Me querem bem quietinha enquanto me violentam", berra Déa.
Mas a cartilha de assuntos a serem expurgados pela ira da Charlotte vai muito além do feminismo. "Essa aqui vai em homenagem aos que sofreram e ainda sofrem por conta da ditadura militar", anuncia. E lá vem "1964", que ataca o trauma deixado por quem sofreu nas mãos da tortura. Com um som totalmente calcado no punk tradicional, e temas que conversam perfeitamente com a estética da proposta, a Charlotte Matou um Cara mostrou que o Lolla de Justin Timberlake pode ser sujo, depravado e nada sutil. É um show de punk no festival.
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