Teddy Swims mostra que o resgate do passado serve de norte para o futuro da música pop atual

 

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

O que esperar de um artista que logo no seu disco de estreia I've Tried Everything but Therapy (Part 1) (2023), teve o single "Lose Control" chegando no primeiro lugar da Billboard? Será que Teddy Swims mantém sua potência vocal intacta nas performances ao vivo? Vamos conferir nas próximas linhas, se Teddy é essa força da natureza que aparenta ser.

Apesar de ter uma aparência de bem mais velho, o americano tem apenas 32 anos e explodiu com uma versão de "Rock With You" do Michael Jackson na internet em meados de 2019, entrou no palco em meio a luzes frenéticas e com um visual super excêntrico com short, colete, boné e uma camisa do Brasil que, se assustou um pouco, o mesmo não se pode dizer na abertura com "Not Your Man", uma mistura de rock arena com uma pegada soul.

Sem o colete, "Hammer To The Heart" seguiu a mesma linha da primeira com a voz de Teddy já mostrando todo seu poder em um refrão irresistível e numa virada de 180°, "Are You Even Real" com uma pegada R&B que agradou a maioria. Excelente começo.

"Devil In A Dress" tem um que de neo-soul e seguiu mantendo o clima bem para cima, enquanto a pop rock oitentista "Bad Dreams" mostrou que Teddy bebeu na fonte dos Journey, Foreigner da vida, tudo isso enrolado na bandeira brasileira. O tal clima dos anos oitenta continuou (graças à Deus) em "It Ain't Easy", outra com um refrão espetacular, música do seu último álbum I've Tried Everything But Therapy (Part 2), lançado há pouco mais de dois meses.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com uma voz realmente muito acima da média, o cara continuou mostrando seu melhor na funky "Funeral" e ficou difícil não estalar os dedos juntos do vocalista. E sua banda cheia de swing, com direito a um solo de guitarra cheio de virtuose. O mesmo não dá falar da dispensável cover do Illenium "All That Realy Matters", que só serviu para mostrar um Teddy Swims visivelmente empolgado e dando saltos pelo palco.

"I Wanna Play Something Nice And Sweet..." e "Black And White", com aquele clima Motown, foram as próximas e teve a maravilhosa participação de uma de suas backing vocals. E a balada guiada pelo piano, "Some Things I'll Never Know", manteve o clima intimista para delírio dos seus fãs, e de fato, foi uma das mais aplaudidas da noite. Brilhante.

Seu lado mais country apareceu em "Guilty" e mostrou que apesar de Teddy Swims ser um vocalista com uma linha mais soul, ele ainda é capaz de tocar músicas como essa sem soar forçado, e colocar sua estampa no seu material, inclusive com direito a soar bem pesada e acelerada no final - essa acelerada que continuou mais um pouquinho com seu baterista quebrando tudo na introdução da midtempo "Bed On Fire".

Voltamos ao lado funky de Teddy em "Goodbye Is Good To You" que mostrou todo o poderio de sua banda, que tocou bem solta com direito a mais solos de guitarra com aquela pegada shredder. Para tocar com um artista desse nível, só músicos do mais alto calibre.


Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

E chegamos ao momento mais esperado da noite e "Lose Control" não decepcionou ninguém. Hipnótica é o melhor adjetivo dado a ela, com seu refrão cantado nesse estágio de hipnose com 11 de 10 presentes no show. Não é à toa que ela chegou em primeiro lugar de diversas paradas do mundo inteiro. E ele já poderia ter parado por aí, mas ainda veio com a dançante "The Door" que acabou de deixar o clima de satisfação completo na plateia que só parou de dançar na última nota tocada pela sua (super) banda.

Se muitos duvidam que a música pop atual é fraca e não se compara aos clássicos do cancioneiro tradicional, é porque nunca viram esse assombro performar ao vivo. Teddy Swims é real e veio para ficar.

Tarcísio Chagas

Foi iniciado na música no meio da Soul Music, Rock Br e se perdeu de vez quando comprou o disco "Animalize" do KISS em novembro de 1984. Farofeiro raiz, mas curtidor de quase todos os estilos musicais, Tio Tatá já foi há mais de 1000 shows em 40 anos de pista. Já escreveu para o Metal Na Lata, Confere Rock, Igor Miranda site, Rock Vibrations e eventualmente colabora com o canal Tomar Uma no YouTube.

2 Comentários

Postagem Anterior Próxima Postagem
Banner-Mundo-livre-SA