Nervosa celebra 15 anos de carreira em show impecável no Circo Voador

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
Meia noite e vinte, noite chuvosa no Rio, escutamos os urros conhecidos da líder do NervosaPrika Amaral sabe onde está e emenda sem titubear os petardos "Seed Of Death", "Behind The Wall" e "Death!". O death trash metal da banda ecoa com incrível precisão para deleite da plateia, um pouco cansada, que espera desde cedo pelo show. Nervosa era a terceira banda do Dark Dimensions Festival, que teve a banda australiana Elm Street e a brasileira Black Pantera como bandas de abertura.

Nervosa incluiu uma data da sua turnê sul-americana festejando 15 anos de existência, no Circo Voador. Ao mesmo tempo a apresentação foi o primeiro show do álbum Jailbreak (2023), a acontecer no Rio de Janeiro.

Junto com a Prika Amaral estavam presentes no palco, na guitarra Helena Kotina, no baixo Emmelie Herwegh - ambas instrumentistas europeias - e na bateria a brasileira Gabriela Abud.

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
Os solos de guitarra nítidos e rápidos são impressionantes, deixando tudo dinâmico para o fluxo contínuo de urros e berros da Prika, assim como baixo e bateria. A voz da Prika Amaral segue demolidora e a sua guitarra dobra a voracidade sonora. 
 
Antes de cantar "Kill The Silence" do álbum Downfall of Mankind (2018), a líder da banda explica: "escrevi esta canção para dar voz às vítimas de abuso físico e psicológico". O setlist é calçado nas canções do último álbum Jailbreak (2023), assim, temos versões agressivas para "Seed of Death", "Kill or Die", "Behind The Wall", "Nail The Coffin", "Ungrateful" e a faixa título.

Mas ao ser uma celebração de toda a história da Nervosa, Prika vai contando anedotas de algumas faixas chaves revisitadas no setlist desta noite. Agradece o público carioca, sempre receptivo à banda desde os primórdios. Lembrou com bastante satisfação como a seguinte canção, Masked Bretayer de 2012, teve suficiente apoio e votação de fãs brasileiros, fazendo assim, a banda ser notada para conseguir seu primeiro contrato internacional.

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
Na hora de apresentar "Hostages" Prika é clara ao dizer "essa trouxe de volta ao setlist para lembrar o nosso segundo álbum Agony (2016). Antes de "Urânio em Nós", do álbum Victim of Yourself (2014), revelou detalhes do momento em que, sabendo do aviso prévio da vocalista daquela formação, pediu para cantar nos 33 shows da turnê a canção para testar a função. Continuando seu relato, explicou que a meta era caso aguentasse cantar em todos os shows da turnê saberia se estava preparada para assumir os vocais no futuro da banda.
 
Coisa que faz com domínio e destreza até hoje, sem mostrar um único problema durante a apresentação carioca. A voz da Prika é inconfundível, e como um rugido de leão, afronta e estremece cada centímetro da casa de shows da Lapa.

Chega o momento para apresentar "Cultura do Estupro", outra faixa chave do álbum de 2018, Downfall of MankindÉ chamado ao palco, o vocalista do Black Pantera, Charles Gama, (vestindo uma camiseta da banda paulista Eskröta), para um fazer algo especial para nós. Prika informa com bastante carinho que "esta canção foi escrita pelo meu amigo, João Gordo". Direta ao assunto, é taxativa em afirmar e exigir o respeito à mulher, à sua voz e às suas decisões. "NÃO É NÃO". Os Urros do Gama deram um toque gutural perfeito à canção que, ultra veloz, termina rapidamente.
 
Foto: Rom Jom / Rock On Board 
 
Quase sem respirar, "Into Mosh Pit" acelera a plateia que continua vibrando com a apresentação, que já passa da 1 da manhã. Para dar o remate final, apresentam "Jailbreak", "Guided by Evil" e "Endless Ambition" (canção que abre o álbum Jailbreak)

É visível a emoção nos olhos da Prika ao dizer "passa muito rápido", "obrigado, Rio, muitas novidades e lançamentos teremos em breve para todos vocês". 

Nervosa não é Crypta e ponto final. Comparações não são necessárias, pois cada banda tem seu som específico e seus público fiel. Ambas são excelentes ao vivo.
Quem ganha é o Brasil, que sempre mostra para o mundo estar na vanguarda do metal extremo.

Nervosa festeja 15 anos de luta pelo sonho de estar ativa no cenário mundial, com discografia de orgulho e prestígio indiscutível.

Loquillo Panama

Nômade agregador de ritmos musicais e fanático por shows. Está sempre correndo atrás de novidades para multiplicar e informar os amantes de boa música.

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