“Stay Hungry”, o ápice do Twisted Sister completa 40 anos

Foto: Mark Weiss


Há exatos 40 anos, a banda TWISTED SISTER marcou definitivamente seu nome no panteão do hard rock / heavy metal mundial, com o lançamento de seu terceiro álbum: “Stay Hungry”, no dia 10 de maio de 1984.

Mas antes de chegarmos a esse petardo, um pouquinho de história: a banda data de 1972, quando o guitarrista Jay Jay French criou o grupo para tocar covers de glam rock, muito popular à época, não surgiu no boom do “hard’n’heavy” dos anos 80, que, mesmo nos Estados Unidos, foi impulsionado pela famosa “NWOBHM”, a New Wave of British Heavy Metal, um movimento surgido no final da década de 70 que deu um novo gás ao heavy metal, que estava estagnado por bandas como Deep Purple, Black Sabbath e Led Zeppelin, que viviam em crise, começando na Europa e se espalhando rapidamente pelo mundo, encabeçado por bandas como o Iron Maiden, o Saxon, o Judas Priest, o Motörhead, o Diamond Head e tantas outras.

Com a entrada do vocalista Dee Snider, em 1976, a banda se estabeleceu definitivamente e seguiu na estrada, mas, ainda demorou a conseguir lançar seu primeiro trabalho, “Under the Blade”, apenas em 1982, dez anos após a fundação. Um ano depois, lançou o segundo álbum, “You Can’t Stop Rock’n’Roll”, que também não teve grande destaque, até que chegamos em 1984.

A banda estabelecida com sua formação clássica contava com Dee Snider nos vocais, Jay Jay French na guitarra base, Eddie “Fingers” Ojeda na guitarra solo, Mark “The Animal” Mendonza no baixo e AJ Pero na bateria. Muitas vezes classificados como uma banda de glam metal, hair metal ou até poseur metal, basicamente por conta do visual “travesti”, como era chamado à época, o fato é que “Stay Hungry” é um disco do mais puro e bom heavy metal clássico. Guitarras cortantes, vocais dilacerantes e uma energia contagiante do início ao fim.

A primeira faixa é “Stay Hungry”, marcação de bateria forte e pesada, baixo bem colocado na cozinha, guitarra base suja, guitarra solo alucinante e voz potente, é só deitar a agulha no vinil e descabelar à vontade. O disco segue com o maior sucesso da carreira da banda: “We’re Not Gonna Take It”, que, muito antes de existir MTV por aqui, teve clipe executado exaustivamente pelos raros programas musicais da TV aberta brasileira, como o Som Pop, da TV Cultura, o Realce Baby, da TV Gazeta e o Clip Clip, da TV Globo, um sucesso estrondoso – basta lembrar que, empurrado por esse hit, o álbum vendeu mais de 3.000.000 de cópias, apenas nos Estados Unidos.

A sombria “Burn in Hell” – que anos depois foi regravada pela banda de black metal Dimmu Borgir é a terceira música e mantém o nível em alta. Estamos falando de um disco que está completando 40 anos, então, aqui se mantém a forma como ele chegou ao mundo, em vinil, com Lado A e Lado B, esqueça da modernidade do CD e, mais ainda, dos streamings.

O Lado A termina com uma suíte, uma composição formada por duas canções tocadas de forma ininterrupta, em sequência: “Horror-Teria (The Beginning)” – A) Captain Howdy e B) Street Justice. Essa canção foi a base do filme de terror “Strangeland” (“Terra Estranha”), lançado em 1998, escrito por Dee Snider, que participou da empreitada no papel do próprio Capitão Howdy.

O Lado B abre com o outro grande sucesso da carreira da banda “I Wanna Rock”, outra cujo clipe entrou na mente dos adolescentes de 1984 – e permanece nela até os dias de hoje.

O disco segue com “The Price”, belíssima balada escrita por Dee Snider quando a banda ainda gravava o segundo disco, no início de 1983, inspirada pelas saudades da esposa e do filho, pois a banda estava na Inglaterra e sua família nos Estados Unidos. Em dado momento, meses sem se ver, numa ligação com a esposa, Dee reclamava da distância e ela respondeu que “esse é o preço que você tem de pagar”, a letra veio na mesma hora.

“Don’t Let Me Down”, “The Beast” e “S.M.F.” é a trinca de heavy metal clássico e básico que encerra esse grande álbum: cozinha coesa, guitarras pesadas e cortantes, refrões animados, voz potente, datado, mas, empolgante.

É legal lembrar que em 2004, em comemoração aos 20 anos do lançamento, a banda regravou todo o álbum, juntou mais sete faixas bônus e o relançou em CD, com o título de “Still Hungry”. Um álbum importante para toda uma geração.




Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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