Royal Blood faz show empolgante e promove cantoria generalizada em SP

Mike Kerr fez a galera pra cantar os riffs de baixo [Foto: Stephan Solon]
 
O carismático Ben Thatcher e o empenhado Mike Kerr, a dupla de bateria e baixo que forma o Royal Blood, fez o primeiro show da carreira em São Paulo acreditando no próprio potencial. O show que ocorreu na Audio, dia 13 de abril, foi para um público muito menor do que encontraram em grandes festivais como Rock In Rio 2015 [saiba como foi aqui] e Lollapalooza 2018 [saiba como foi aqui], mas foi muito empolgante e encontrou seu nicho aguerrido de fãs e interessados.

É importante lembrar que, embora a banda tenha lançado o quarto álbum ano passado, a turnê que veio para o Brasil não era de divulgação de Back To The Water Below, e sim uma turnê comemorativa de 10 anos do grupo. O Royal Blood nasceu em 2013 na Inglaterra, mas o primeiro disco veio em 2014 (ainda o mais aclamado da banda). Então, mesmo não sendo um show para festival, a 1h30 de apresentação da dupla em São Paulo teve essa característica de "the best of" do grupo. E funcionou.

O setlist executado por Thatcher e Kerr não teve surpresas. Depois da abertura com "Boilermaker", ele engataram uma sequência excelente de músicas que eletrificaram o público com seu blues rock, às vezes mais garageiro e pesado, como na sequência "Out Of The Dark", "Mountains At Midnight", "Come On Over" e "Lights Out", com momentos de respiro, quando executaram "Blood Hands" ou a dobradinha mais dançante "Trouble's Coming" e "Typhoons". E trinca antes de fechar a primeira parte do show com "Little Monster", "How Did We Get So Dark" e "Loose Change" foi para mostrar que o Royal Blood sabe manter a empolgação lá em cima durante todo o espetáculo.
 
Ben Thatcher segura a onda na batera e esbanja carisma [Foto: Stephan Solon]
 
A plateia correspondeu aos esforços do Royal Blood. Formada por pessoas de 18 até quarentões, com muitos casais, não teve um refrão que não foi entoado em bom som para que os músicos entendessem que tinham seu público na cidade. Mas o que realmente chamou a atenção foi a cantoria coordenada de riffs. As pessoas acompanhavam cada nota do baixo cheio de distorção e efeitos de Mike Kerr, transformando momentos instrumentais em grandes hinos de arena. E claro que nas músicas mais conhecidas e energéticas, a Audio virou um grande coral para o duo.

Embora o público fosse menor do que a banda tinha visto nos festivais brasileiros anteriormente, dessa vez o Royal Blood encontrou a galera deles. O barulho não era mera ocasião, e sim de pura empolgação de quem conhecia milimetricamente as notas que seriam executadas, os breaks e as viradas de bateria. O bis com "Limbo" e "Figure It Out" foi apoteótico, mostrando São Paulo e Royal Blood em sintonia, sem cansaço.

Aliás, o setlist de comemoração é perfeito para alguém que quer conhecer a banda. Digamos que a música e o setlist da banda não exige paciência do ouvinte, entregando potência de sobra (em SP eles soaram mais pesados do que nos álbuns) e melodias que grudam (o vocal de Mike Kerr não decepciona em momento algum). Assim, acredito que qualquer pessoa que resolva ver esse show terá uma alta chance de se divertir, de aprender alguns refrãos ali mesmo na pista e sentir que foi um tempo bem investido.
 
Audio recebe bom público para assistir a dupla [Foto: Stephan Solon]
 
Para as canções dos dois últimos álbuns, que agregam mais elementos do que apenas bateria e baixo, o Royal Blood conta com a participação de um terceiro membro que reforça vocais, percussão e faz toda a parte de teclados e pianos ao vivo (destaque para "Pull Me Through"). E quando estão apenas Thatcher e Kerr no palco, o entrosamento é absoluto. Não há grandes viagens sonoras ou momentos de virtuosidade fora do contexto das músicas. E nem é necessário. Se manter simples e engajante sempre foi o "segredo" do Royal Blood. E esse segredo foi revelado do começo ao fim no sábado.

Agora é esperar para ver como vai ser a recepção do público do Rio de Janeiro. O show ocorre no Circo Voador na terça-feira, dia 16.

Lucas Scaliza

Jornalista, músico sem banda e estrategista de marca. Não abre mão de acompanhar os sons do agora. Joga tarô e já foi host de podcast.

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