King Gizzard & The Lizard Wizard eleva psicodelia em show absurdo no Lolla

Detalhe para a linda guitarra de Stu Mackenzie [Foto: Rock On Board]
  
O King Gizzard & The Lizard Wizard confirmou todas as expectativas em seu primeiro show no Brasil. Os australianos não pouparam na psicodelia, no noise, na virtuose, e na viagem. Em cerca de uma hora, o público foi levado numa odisseia absurda, que começou na pesadíssima "Planet B", do ótimo The Rats, o disco mais heavy metal da carreira! A canção é uma espécie de Frankenstein sonoro, resultado de uma combinação de thrash metal com muito ácido na cabeça e solos de guitarra descontrolados. E isso era apenas a primeira música.

Na sequencia, "Crumbling Castle" é daquelas imersões setentistas, que inclusive, costumam marcar a maioria das músicas do grupo. Guitarra oriental, vocal cheio de efeitos e uma bateria que parece ter sido montada por Bill Ward nos tempos mais loucos do Black Sabbath. A performance dos caras também é qualquer coisa. Totalmente encaixados ao tipo de som que fazem, eles são bem-humorados, doidões, virtuosos e escolhem modelos de instrumentos igualmente curiosos - detalhe para as lindíssimas guitarras de Stu Mackenzie, e, principalmente, do multi-instrumentista Cook Graig, que exibia uma espécie de Fying V invertida. 

"Venham ver os verdadeiros Kings", provocaram, em referência ao Kings Of Leon que tocava no mesmo horário em outro palco.
 
[Foto: Rock On Board]
 
Para quem conhece a banda, sabe que eles possuem um lote generoso de discos - já são mais de 20 álbuns em quase 15 anos de estrada. No entanto, eles lançaram um dos trabalhos mais legais no ano passado, que é o incrível PetroDragonic Apocalypse [leia a nossa resenha do álbum AQUI]. E deste dicaço de 2023, vieram "Witchcraft", e, a melhor de todas: "Gila Monster" - um stoner rock dos mais pesados, totalmente encharcado no uísque de Lemmy Kilmister.

Além de toda estética sonora, que é influenciada por todas aquelas bandas pesadas dos 70's, que tinham a psicodelia e os momentos progressivos bem acentuados, a galera do King Gizzard também se destaca em números individuais, seja fritando as guitarra em solos estupidamente rápidos ou nas levadas quebradas de baixo e bateria, que fariam Bill Brufford aplaudir de pé. Canções mais rápidas como "Robot Stop" ou de ritmo mais complexo, como "Hypertension", exigiam uma destreza acima da média de todos os seis integrantes da banda.
 
Foto: Rock On Board]
 
Além de toda alquimia sonora que acontecia no palco, uma impressionante participação dos fãs chamava a atenção dos integrantes, que eventualmente olhavam para o público e interagiam com os mais emocionados. A galera da grade - alguns com fantasias ao estilo King Gizzard - cantarolava as melodias de guitarra, nota por nota, e reagiam com gritos a cada vez que Stu Mackenzie decidia explorar o palco com alguns malabarismos - como colocar a guitarra sobre as costas ou ostentar o instrumento como um verdadeiro cálice sagrado. 

O show mais absurdo do Lollapalooza Brasil, e certamente o mais marcante dessa edição, em questão musical, chegou ao fim na eletrizante "Gamma Knife", tirada de um dos álbuns mais legais do grupo: Nonagon Infinity (2016). E deixou aquele sentimento de que nada que viria a seguir nesta edição do Lolla seria capaz de se igualar o que foi visto. Quem não viu, perdeu.

Que voltem logo ao Brasil, e de preferência para shows em turnê solo!
 
Assista abaixo a nossa cobertura em vídeo do Lolla 2024 
 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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