Em show harmonioso, Kings Of Leon traz intimismo ao Lollapalooza

Foto: Carolina Demper / Lollapalooza
 
Com a ingrata tarefa de substituir Paramore, que cancelou sua participação no Lollapalooza 2024 quase em cima da hora, e de dar continuidade ao festival após um show intenso de Limp Bizkit, a americana Kings Of Leon dá o pontapé à sua apresentação com justamente “Mustang”, single lançado já este ano, e que vai estar em Can We Please Have Fun, nono trabalho da banda que chegará ao público em maio de 2024. A expectativa em torno desse álbum aumenta um pouco, pois a mudança de gravadora (RCA pela LoveTap Records/Capitol Records) pode significar uma variação sonora. Uns querem, outros não.

Mas o que se viu nesse show foi um passeio pela carreira da banda, iniciada por volta dos anos 2000 pelos irmãos Caleb Followill, Jared Followill, Nathan Followill e pelo primo Matthew Followill. De família muito rígida (nem TV eles viam quando crianças), netos de pastor (de onde saiu o nome da banda – o avô se chamava Leon), os rapazes tiveram seus maiores contatos com o rock em Nashville, para onde se mudaram no final dos anos 90, formando a banda e alcançando o sucesso em seu primeiro álbum, Youth & Young Manhood, em 2003, algo que já é bastante difícil para quem é influenciado pelo rock a vida toda. Estava escrito?

“Waste A Moment” mantém a cadência iniciada pela primeira canção, mostrando uma plateia já envolvida pelo clima intimista. Bom, intimista o suficiente que se pode conseguir num palco de proporções gigantescas, mas a iluminação faz bem o seu trabalho, e nos sentimos em uma sala esfumaçada e escura, sugando a alma do artista através de suas notas, durante a maior parte do tempo. “The Bucket” arranca os primeiros suspiros femininos, num coro bonito de ouvir, enternecido pelo dificílimo “obrigado” de Caleb. A interação da banda com o público não foi o forte da apresentação. Eles seguiam compenetrados, concentrados em seus trabalhos, e a coisa saía fluida, coesa, harmoniosa, mas às vezes um pouco arrastada para o meu gosto.

Foto: Carolina Demper / Lollapalooza
 
Em “The Bandit”, Caleb consegue demonstrar a excelente forma vocal, numa performance que soou limpa e clara por todo o show. Se em “Radioactive” a plateia ensaia uma animada, foi em “Find Me” que o público sai do chão, para logo depois, em “Pyro”, casais voltarem a entrelaçar os dedos e olhar nos olhos uns dos outros, apaixonados, levados pelo ritmo de balada...

“Supersoaker” traz aos PAs o desenho bonito de baixo, mas é “Use Somebody” que vem realmente para emocionar os maiores fãs, num coral lindo de se ver, sob chuva fina e fria, e o lamento empático do vocalista: “sorry about the weather”. Passando por “Back Down South” e “Knocked Up”, os meninos do Kings Of Leon aquece de vez em “Sex On Fire” para encerrar o show e deixar aquela sensação de poderia seguir um pouco, um pouquinho mais.

Fica pra próxima, rapazes, mas com aquele gostinho bom na boca...

Assista abaixo a nossa cobertura em vídeo do Lolla 2024

Noemi MacHado

Passou dos vinte há algum tempo, foi desencaminhada pelo Genesis, Queen e Led Zeppelin ainda na infância e conviveu com bandas de rock a vida quase toda. Apresentadora do programa ARNews na Rádio Planet Rock e Rádio Oceânica FM, também é produtora de eventos, gestora do coletivo Arariboia Rock e colaboradora do site Rock On Board.

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