King Gizzard é feroz e avassalador em 'PetroDragonic Apocalypse'

King Gizzard & The Lizard Wizard

PetroDragonic Apocalypse; ou Dawn of Eternal Night
⭐⭐⭐✩4/5
Por  Bruno Eduardo  

A maior fábrica de bons álbuns da atualidade, o King Gizzard & The Lizard Wizard, soltou o seu novo e mais pesado trabalho dos últimos tempos. Que já de antemão, leva o prêmio de título de disco mais longo do ano. Anota aí: PetroDragonic Apocalypse; ou Dawn of Eternal Night: An Anihilation of Planet Earth and the Beginning of Merciless Damnation

Pelo título já dá para notar que é mais um álbum conceitual na vasta discografia do grupo, que já assina impressionantes 22 álbuns em pouco mais de uma década de carreira.

O primeiro single revelado, "Gila Monster", já tinha dado um aviso prévia do que viria por aí. Ao invés de epopeias psicodélicas, o grupo apostou em guitarras pesadas, riffs crús e ritmo acelerado. Muitos falam na mídia gringa de 'disco heavy metal' do King Gizzard, mas nem tanto. O grupo faz um som sujo, pesadão, com vocal rouco, explicitamente influenciado pela cartilha clássica dos momentos mais ferozes do Motörhead. 
 
 
Na verdade, o som do King Gizzard nesse PetroDragonic Apocalypse pode ser comparado ao que as boas - e impopulares - bandas de stoner europeias apresentam por aí. Basta ouvir a faixa de abertura, "Motor Spirit" - uma jornada alucinante e inclassificável de nove minutos - com guitarras gritando, percussão pedindo passagem e bateria sendo espancada sem dó, para ter uma noção do que esses australianos são capazes.  

As letras também acompanham a viagem devastadora do grupo. "Converge" vê o caos do espaço, onde os tornados aparecem como "cobras gordas e famintas rastejando", prenunciando o iminente apocalipse reptiliano. A música em si, começa com guitarras ultrarrápidas mas diminuem o ritmo para uma levada Black Sabbath, que é a maior referência de qualquer boa banda de stoner rock. No entanto, o som do King Gizzard se diferencia da maioria das bandas desse gênero pela complexidade sonora de algumas canções. "Witchcraft", por exemplo, tem uma levada de baixo e bateria que deixariam qualquer grupo de jazz /avantgarde com inveja. Essa canção também lembra em alguns momentos, o rock garageiro do ótimo Thee Oh Sees, uma das bandas preferidas da saudosa e querida Cláudia Reitberger, eterna editora da Rock Press.
 
 
"Dragon", que vem na parte final do disco, também tem essa levada jazzística / experimental que marca a carreira do King Gizzard, só que com um aditivo apocalíptico de riffs destruidores. "O dragão desce, bem-vindo ao inferno", canta Mackenzie. O prog pesadão do King Gizzard continua em alta voltagem com "Flamethrower", que é enxertado de sintetizadores e uma bateria eletrônica para deixar tudo ainda mais barulhento.

PetroDragonic Apocalypse apresenta uma banda totalmente inclinada ao peso, aos temas apocalípticos mas que não deixa os desvios imprevisíveis de seu som de lado. Mais uma prova de que King Gizzard continua sendo não só um poço criativo sem fim, mas uma das bandas mais comprometidas com expansão sonora do rock na atualidade.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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