Rival Sons: vocalista fala sobre os novos discos e shows no Brasil

 
Por  Bruno Eduardo 

Formado há pouco mais de uma década, o Rival Sons segue se consolidando como uma das principais bandas de rock da atualidade. Mesmo vivendo numa época cada vez menos analógica, o som deles não tem nada de modernoso. Muito pelo contrário. O lançamento de seu novo álbum, Lightbringer, comprova que os caras estão aqui para reforçar uma fase dourada da música mundial, principalmente do rock, onde o único objetivo é fazer música de qualidade e extraída do fundo da alma. 

Ouvindo canções como "Sweet Life", primeiro single do último disco, qualquer amante de rock consegue entender que o Rival Sons é uma banda espelhada nos anos 70. No entanto, o som deles é muito variado e uma música seria incapaz de decifrar a mensagem da banda. "Sweet Life não é necessariamente indicativa do que Lightbringer é. Na real, essa música é muito diferente do resto do álbum", afirma o vocalista Jay Buchanan, em entrevista exclusiva ao Rock On Board.

Dois discos no mesmo ano
 
 
Tudo que é bom deveria vir em dobro. E no caso do Rival Sons, isso quase sempre acontece. Em 2019, o grupo soltou um combo de canções fantásticas que renderam um vinil duplo sensacional, chamado Feral Roots [eleito o melhor disco de rock do ano por jornalistas e críticos de rock brasileiros]. Agora, eles decidiram lançar logo dois discos no mesmo ano, que no fim das contas, acabam se complementando. O ótimo Darkfighter saiu primeiro e rendeu elogios em toda mídia especializada por manter a fórmula de hard setentista com pitadas de blues [leia a nossa resenha AQUI]. E agora chega Lightbringer, que traz apenas 6 canções, mas que seguem um roteiro sonoro parecido. Buchanan conta que os álbuns foram divididos de forma temática e que o estado de espírito foi determinante para essa divisão.

"Darkfighter é sobre uma jornada muito difícil. Quando você escuta o disco abrindo com "Mirrors", você já entende. É um disco que fala sobre perda de identidade, recuperação de identidade, lutar, perseverar, sobre não desistir mesmo que seja difícil. A escolha de fechar o disco com "Darkside" não foi por acaso. Essa canção é sobre ver outra pessoa desistir. É quando vocês estão juntos num lado negro, e você vê a pessoa que está do seu lado caindo mas você precisa continuar", explica Jay.

"Já Lightbringer tem muito a ver com o fim dessa jornada. Tem muito sobre o retrospecto e o reflexo de ter passado por isso. Lightbringer tem muito sobre crescimento. É sobre o crescimento pessoal como resultado disso e quando você ouvir estas músicas, acredito que terá um contexto", complementa o vocalista.

Lightbringer abre com uma canção épica, de pouco mais de 8 minutos, que sintetiza todo o espectro sonoro que o grupo vem trazendo nos últimos anos: vocais espetaculares, sutileza melódica, riffs de guitarra pesadíssimos, momentos de instrumentação exótica e um rock sedutor. Curiosamente, o nome da faixa é Darkfighter, que dá título ao álbum anterior. 

"A verdade é que 'Darkfighter' termina muito sombrio e o Rival Sons não costuma fazer isso. Geralmente deixamos você com esperança. Mas a primeira música de Lightbringer, que também se chama 'Darkfighter', te busca de volta para cima e fornece um contexto sobre o que estou falando, pois é completamente o oposto", sintetiza Jay Buchanan.
 
 
Consolidação sonora do Rival Sons

Com tantos bons discos, perguntamos ao vocalista se ele acredita que esses dois novos álbuns chegam para consolidar uma representatividade do Rival Sons, como uma das principais bandas de rock da última geração. Ele afirma que o grupo segue em evolução e buscando sempre um novo lugar, sonoramente falando.

"Se você pegar alguém que ouve nossos primeiros discos, 'Before The Fire', o Ep com "Soul", "Torture", "Get What's Coming", "Sleepwalker", e depois vai para 'Pressure & Time', você tem uma banda que vira de cabeça para baixo totalmente. Estamos sempre trabalhando para evoluir nosso vocabulário e chegar a algum lugar novo. Acho que estamos tentando fazer isso sempre, desde que nos juntamos", diz. 

Quem acompanha do grupo desde o início da carreira, sabe que o sucesso do Rival Sons veio principalmente pela ótima repercussão do álbum Pressure & Time, que tem na faixa-título e em outras como "Burn Down Los Angeles", o contato inicial com muita gente que curte a banda até hoje. Jay concorda com isso, e explica um pouco esse caminho sonoro do grupo, que de acordo com ele, é uma tentativa de nunca se repetir.

"Em 'Pressure & Time' estávamos nos aproveitando de nossas influências. Acho que estávamos tocando muito mais seguros dentro do gênero, entende? E acho que o sucesso desse disco nos fez escolher expandir completamente o nosso som. É isso que você vê em canções como "Jordan" ou "Keep On Swinging", que soam completamente diferentes entre elas. Em 'Great Western Valkyrie' nós avançamos ainda mais. Músicas como "Good Things" ou "Eletric Man" mostram bem isso. Com cada álbum fomos mostrando que estamos tentando nunca nos repetir e trazer uma nova definição para o que somos", afirma ao Rock On Board.
 
 
A virada com 'Feral Roots'

Para muitos, o melhor álbum do Rival Sons é Feral Roots. Com ele, a banda não só acertou na dose de rock + experimentalismo, como conseguiu catalisar de uma maneira muito mais pungente a mesma energia dos palcos para dentro do estúdio.

"Acredito que 'Feral Roots' foi um grande ponto de virada. 'Feral Roots' faz parte de deixar de lado as expectativas do gênero e do rock, e apenas fazer rock do nosso próprio jeito", diz Buchanan, que continua:

"Eu acho que construir esse catálogo e essa biblioteca de experiências, de assuntos, tons, e arranjos. Acho que estamos fazendo isso para fornecer uma paisagem maior para nós mesmos, e em troca, fornecer uma paisagem maior para qualquer fã que decidir fazer essa jornada. Se eles quiserem vir fazer essa jornada com a gente, faremos valer a pena", completa.

Shows no Brasil e 'teste de Ozzy'

Para finalizar, perguntamos sobre shows no Brasil. Será que o Rival Sons se apresenta no Brasil nesta turnê?

"O meu Deus, estamos tentando! Estamos trabalhando constantemente com os nossos agentes tentando conseguir um roteiro para fazer uma pequena turnê no Brasil", promete o vocalista. 

Buchanan também relembra as experiências que teve por aqui e cita a importância da primeira vinda ao Brasil para a os rumos da banda. "Fomos aí com o Black Sabath e antes disso no Monsters Of Rock em São Paulo. Eu lembro bem daquele dia em São Paulo. Estava muito quente! Estávamos tocando cedo. O sol batia direto no palco. Foi o palco mais quente até hoje. E eu estava descalço e queimei o meu pé a ponto de criar bolhas. Mas também estávamos lá por uma razão específica. Eu acredito que Ozzy Osbourne e Sharon nos convidaram para vir, pois queriam ver como nos sairíamos diante de um grande público brasileiro. E depois que eles viram aquele show, imediatamente recebemos a oferta para abrir a turnê inteira do Black Sabbath", revelou.

CDs lançados no Brasil

Em parceria com a Oporto da MúsicaDarkfighter e Lightbringer podem ser encontrados na loja online da Wikimetal Store e nas principais lojas de rock do Brasil. Além disso, é fácil encontrá-lo em sites de vendas como Amazon e Mercado Livre.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2