Rival Sons soa ainda mais quente e cativante no ótimo 'Darkfighter'

Rival Sons

Darkfighter
⭐⭐5/5
Por  Bruno Eduardo 
 
O Rival Sons botou no mundo a primeira parte de um conjunto de composições iniciadas no período de pandemia e isolamento social, intitulado DarkfighterAo contrário do que fizeram há quatro anos no último e maravilhoso disco, Feral Rootsum LP duplo que expressava toda a reserva musical que tinham naquele momento-, dessa vez, eles decidiram dividir o lote criativo em dois álbuns no mesmo ano. O segundoLightbringer, sai no segundo semestre.

No entanto, mesmo passando tanto tempo de seu último disco de inéditas, é impressionante o quão quentes eles continuam soando neste novo trabalho. A impressão é que o grupo aproveitou o tempo de reclusão para olhar ainda mais para dentro de si próprios, e com  isso, extraíram um material sonoro na linha dos últimos Hollow Bones e o já citado, Feral Roots. Mas não se engane. Darkfighter não soa como um ato repetitivo. Muito pelo contrário.

A faixa de abertura ("Mirrors"), por exemplo, parece um resumo do que de melhor encontramos em toda a discografia do grupo. Há a excentricidade inicial no órgão de igreja que abre o disco, que logo descamba num hard à Deep Purple (fase Burn), mas que não soa como "rock de velho", porque há a alma sonora do grupo bastante explícita. Seja no interlúdio de violões que quebra o roteiro datado, no vocal negro de Jay Buchanan ou na guitarra sempre marcante de Scott Holiday, o Rival Sons já dá o cartão de apresentação com menos de 3 minutos de álbum.
 
 
Embora "Nobody Wants To Die" apresente requisitos suficientes para candidata à canção rock do ano - riffão de guitarra, ritmo contagiante, refrão grudento, solo de bateria (?) e guitarra certeiros - , o rock do Rival Sons vai muito além de uma música de trabalho em Darkfighter.  Aliás, o fato de um hitzão desse ser considerado algo coadjuvante num álbum só mostra o quão necessária é a experiência de explorar a audição íntegra desse novo petardo dos californianos. 

Outra que segue esse modelo de canção 'rock padrão Rival Sons' é "Guillotine", uma das mais pesadas do disco. Vale destacar a versatilidade de Buchanan, que manda e desmanda na música com o seu vocal ora rasgado, ora cheio de balanço - mostrando uma capacidade de alcance vocal impressionante - que vai do hard ao refrão quase à capela.
 
 
Mas a melhor do disco é "Bird In The Hand", que começa nas cordas desplugadas de um desert rock e evolui para algo que poderia ter saído da cabeça de Josh Homme (Queens Of The Stone Age). A guitarra marca-passo cativa o ouvinte para acompanhar essa viagem agradável com leads de guitarra aqui e acolá e refrão ultramelódico à lá Ian Gillan. Vale a audição repetida e a presença em cada playlist de rock em 2023.

Há momentos curiosos também em Darkfighter, como "Horses Breath", um quase rock espacial, com efeitos sonoros discretos mas interessantes no cardápio de um grupo como o Rival Sons. Assim como a derradeira do álbum, "Darkside", que chega cheia de distorção e ruído, mas é em sua maior parte, uma peça acústica, introspectiva e sombria.

O sétimo álbum do Rival Sons consegue, de uma forma mais enxuta que Feral Roots (2019), representar no estúdio a mesma transpiração musical e energia contagiante que eles mostram nos seus ótimos shows. E, de quebra, ainda reafirma a posição da banda entre as melhores de rock da atualidade. Ouça logo!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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