'Feral Roots' atesta Rival Sons como a melhor banda de rock da nova geração


Rival Sons

Feral Roots
⭐⭐⭐⭐ 5/5
Por  Bruno Eduardo 

Não adianta lutar contra o óbvio. O rock mantém sua tradição viva em cima de velhos clichês: bons riffs, baixo e bateria firmes e aquele vocal que faz a diferença. Tudo que vier além desse roteiro é lucro e corre o risco de se tornar revolucionário. Isso não é opinião, é história. E baseado nessa fórmula, que o Rival Sons aparece como a melhor banda de rock surgida nos últimos 10 anos.

Ninguém há de negar, as referências são as mesmas de sempre: Led Zeppelin e Black Sabbath. Mas quem já assistiu o grupo californiano ao vivo sabe que eles não soam como uma banda fake, tentando ser cover de algum dinossauro do rock. Eles possuem identidade, feeling e desde a sua estreia em 2009 com o álbum Before the Fire, seguem oferecendo uma explosão refrescante de hard rock e blues para quem busca novos nomes na praça. 

Após rodarem o mundo abrindo para o Black Sabbath, o Rival Sons assinou com uma grande gravadora (Atlantic) e decidu manter o premiado Dave Cobb para produzir seu sexto disco de estúdio, Feral RootsE eles acertaram em cheio. O banda supera todas as expectativas neste novo trabalho, conseguindo canções que parecem soar muito mais relevantes num mesmo conjunto - algo que não aconteceu no antecessor, o bom Hollow Bones

Feral Roots traz uma banda faminta, e brilha principalmente na entrega vocal de Jay Buchanan e nos riffs de guitarra ferozes de Scott Holiday. "Do Your Worst", que abre o disco, é aquele rock-pronto para as rádios, com um refrão que poderia ser cantado pelos Foo Fighters, por exemplo. A vigorosa "Sugar on the Bone" segue uma trajetória semelhante, mas aqui o destaque é do baterista Mike Miley, que é quem dá as cartas em muitas canções de Feral Roots, inclusive em "Back in the Woods", que traz viradas de bateria e incursões de baixo que saltam aos ouvidos. 


 
Uma das melhores, "Look Away", remete ao lado oriental do Led Zeppelin (fase álbum III) e conta com melodias de voz e guitarras que poderiam estar em qualquer disco do Soundgarden. Outra que também viaja nos violões à la Jimmy Page é a ótima faixa-título, que explode num refrão pegajoso. Outras faixas no meio deste álbum evocam a energia de bandas como Bad Company, com muito mais distorção, como é o caso de "Too Bad" (compare a performance vocal de Buchanan com Paul Rodgers). A pegada dos anos setenta continua forte em "Stood by Me", que lembra Rolling Stones, ou Black Crowes para a galera mais "nova".

A habilidade do grupo em untar referências passa principalmente pela capacidade de seu cantor, que brilha em quase todas as músicas deste álbum, como na derradeira "Shooting Stars", que é apoiada num coro gospel de emocionar. E isso deixa claro que eles sabem utilizar muito bem os ingredientes que possuem. Com isso, o que podemos dizer no fim das contas, é que o Rival Sons mostra-se muito mais apto a processar suas influências do que a maioria das bandas da atualidade. Por isso, trazem resultados mais frescos e vitais, como pode ser conferido neste imperdível Feral Roots.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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