Mike Patton acerta em cheio ao regravar demo do Mr. Bungle com ícones do Thrash

Mr. Bungle, banda original de Patton, tem demo regravada 34 anos depois

 

Mr. Bungle

The Raging Wrath Of The Easter Bunny
⭐⭐⭐⭐ 4/5

Por  Luciano Cirne 


Antes de mais nada, vai ser preciso voltar um pouco no tempo para os leigos entenderem exatamente do que se trata esse (não tão) novo trabalho do Mr. Bungle. Em 1986, muito antes de ganhar fama e prestígio com o Faith No More, um jovem Mike Patton no auge dos seus 18 anos gravou uma fitinha demo com sua banda na época. 


O conjunto em questão era justamente o Mr. Bungle e a fita em questão era The Raging Wrath of The Easter Bunny, que causou um murmurinho considerável na cena underground, se tornou um item de colecionador disputado a tapa e chegou até às mãos dos integrantes do FNM que, impressionados com a performance daquele moleque, não perderam tempo e trataram de chamá-lo para os vocais assim que Chuck Mosley foi expulso da banda. O tempo passou, o culto a tal fitinha demo só cresceu e, percebendo isso, Mike Patton teve uma ideia: Por que não dar um presente aos fãs e gravar uma versão melhorada da mesma? E assim o conceito de "Raging Wrath..." começou a tomar forma.


De cara já adianto que, caso você já tinha ouvido a demo (se não, corram e confiram, está lá nos Youtubes da vida), não terá praticamente nenhuma surpresa. Tirando uma brincadeirinha aqui (como a inclusão de um trecho da clássica "La Cucaracha" no meio da faixa "Hypocrites"), a inclusão de duas músicas inéditas ("Mathematics" e "Eratics", essa última a única que foge um pouquinho da pancadaria dominante) e do cover de "Loss For Words", da fase punk/hardcore do Corrosion of Conformity, as demais são exatamente aquilo que você já conhecia, porém muito mais bem gravado e executado. 


Falando nisso, é desnecessário ressaltar a qualidade técnica dos novos integrantes da banda (o guitarrista Scott Ian e o monstruoso baterista Dave Lombardo), qualquer um que tenha um mínimo de apreço por heavy metal conhece e confia. Agora, o que salta aos olhos nessa nova gravação foi constatar algo que a demo tosca de 1986 não nos permitia perceber com clareza: Trevor Dunn (baixo) e Trey Spruance (guitarra) são músicos igualmente competentes e não deixam a peteca cair, o que fica evidente nas violentíssimas "Raping Your Mind", "Spreading the Thighs of Death" e "Sudden Death". 


Os únicos pontos negativos a meu ver são o fato de ser um disco muito longo e repetitivo, o que no final das contas o torna meio cansativo de digerir numa tacada só, mas acho que quem é fã do estilo nem vai se incomodar muito com isso. 


The Raging Wrath... é um disco despretensioso, divertido até o talo e uma sucessão de porradas no ouvido recheadas de belos riffs que não dão trégua pro ouvinte. Talvez seja o trabalho mais convencional do excêntrico Mike Patton em décadas e isso pode até decepcionar seus fãs mais radicais, mas ainda assim recomendo a eles que procurem conferir. As músicas antigas renasceram com mais peso e energia, as novas são bem bacanas também e o álbum como todo é honesto e competente. Que essa nova formação do Mr. Bungle venha para durar e traga mais bons frutos o quanto antes!


Caso você queira saber mais ainda sobre este novo disco do Mr. Bungle, acompanhe a edição especial do O PAPO É POPclicando AQUI.

Luciano Cirne

Jornalista, ama cachorros e aceita doações de CDs, DVDs, videogames e carrinhos! Possui textos publicados na revista Rock Press, no jornal International Magazine, no Portal Rock Press, no Pop Fantasma, no Célula Pop e aqui, no site Rock On Board, desde 2014.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2