De volta à São Paulo, Living Colour coleciona mais um show imprescindível!

O habilidoso Doug Wimbish fez seu baixo falar alto no palco [Foto: Rom Jom]
Por Ricardo Cachorrão Flávio

A ocasião especialíssima que trás o LIVING COLOUR de volta ao país é a, levemente tardia, turnê comemorativa dos 30 anos de lançamento do petardo Vivid, o clássico álbum de estreia da banda, que completou 31 anos em maio passado.

Depois de alguns dias frios na capital paulista, a sexta-feira chega com clima super agradável e, apesar da agitação na cidade – greve geral contra medidas do governo federal que afetam, principalmente, as camadas mais pobres da sociedade e, estreia da seleção brasileira de futebol na Copa América, a cerca de 1 km do Tropical Butantã – a chegada à casa de shows foi relativamente tranquila.

Dentro da casa ainda vazia, a banda paulistana Remove Silence fez o show de abertura, sem receber muita atenção dos presentes, a não ser pelo som muito alto e mal equalizado. Serviu bem para retardar a entrada da atração principal a tempo da casa encher, afinal, é dia útil, apesar de tudo o que estava acontecendo na cidade.

Indo ao que realmente interessa, o quarteto nova-iorquino formado pela voz de Corey Glover, a guitarra de Vernon Reid, o suingue do baixo de Doug Wimbish e o monstro baterista Will Calhoun começam a noite com dois covers seguidos, presentes no último álbum da banda, o excelente Shade, lançado em 2017, e ouvimos “Preachin’ Blues”, do gênio Robert Johnson e “Who Shot Ya?”, de The Notorius B.I.G., dedicada esta noite a vereadora Marielle Franco, assassinada numa emboscada juntamente com seu motorista, em março de 2018, num crime ainda não desvendado, onde as maiores suspeitas recaem sobre as milícias que dominam o Rio de Janeiro e possuem fortes ligações com a família do presidente da república. Um ato simples da banda, mas que mostra que continuam contundentes em seus discursos e nada alienados.

Antes de iniciar a catarse coletiva com a execução do disco Vivid na íntegra, ainda houve tempo para mais uma faixa do último álbum e tocaram “Freedom of Expression (F.O.X.)”. O que veio na sequencia é para constar na história com um dos maiores shows de rock que esta cidade já viu, sem deixar pedra sobre pedra, na ordem: “Cult of Personality”,”I Want to Know”,”Middle Man”,”Desperate People”,”Open Letter (to a Landlord)”,”Funny Vibe”,”Memories Can’t Wait”,”Broken Hearts”,”Glamour Boys”,”Whats Your Favorite Colour?”e”Which Way to America ?”. É mole?

Mas... Tem mais! A banda se retira do palco e Willian Calhoun executa seu famoso solo de bateria, cheio de efeitos e suingue, que sempre acontece nos shows da banda. Aplaudido efusivamente, o velho Will agradece numa grande simpatia enquanto seus companheiros voltam ao palco para tirar mais suor da galera, com três faixas do segundo disco da banda, Time’s Up, de 1990: “Love Hears It’s Ugly Head”,”Elvis Is Dead” e ”Type”.

Show para sair de alma lavada... Os caras não sabem brincar, e você que gosta de rock, fica o aviso, não morra sem antes assistir ao LIVING COLOUR ao vivo, é uma experiência que não pode faltar na vida.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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