DISCOS: Korn (The Serenity Of Suffering)

Foto: Korn / The Serenity Of Suffering
Korn mostra equilíbrio entre peso e melodia em seu novo disco
KORN
"The Serenity Of Suffering"
Roadrunner Records; 2016
Por Lucas Scaliza


O nu metal do Korn se mostra maduro, direto e extremamente bem equilibrado entre melodia e agressividade, passagens mais harmônicas e riffs brutais em seu 12º disco de carreira. The Serenity Of Suffering não é, contudo, o disco mais inovador ou mais experimental do Korn. Mesmo assim é um disco conciso, coeso e que consegue juntar tudo o que a gente pode gostar na banda. Em termos de peso, é um álbum de gente grande. Dá para curtir e bater a cabeça à vontade. Isso porque a energia é garantida com alta intensidade em todas as faixas. Como por exemplo, a pesadona e robusta “A Different World”, que traz a participação de Corey Taylor, do Slipknot.

Também não há nada de dubstep desta vez e nem flerte com outros estilos, fazendo com que The Path Of Totallity (2011) seja o último disco mais arriscado do quinteto californiano. Focado no nu metal e também em algumas sonoridades que se aproximam do industrial, o Korn continua mantendo o timbre cremoso e opressor de suas guitarras e baixos distorcidos. Nada de atmosfera retrô ou equipamentos vintage mais uma vez: a banda continua fazendo um metal que soe moderno e futurista. A única nostalgia que a banda se permitiu foi incluir na capa de The Serenity Of Suffering o mesmo boneco que estava na capa de Issues, famoso disco lançado pela banda em 1999.

Com músicas como “Insane”, “Black Is The Soul”, “Everything Falls Apart”, “Next In Line” e “Baby”, a banda mantêm sempre uma vibe instigante rolando ao longo de todo álbum. Todas as músicas são redondas, equilibrando riffs dissonantes e harmonias bem planejadas para que nenhuma faixa seja estranha demais no final das contas. Isso faz com que o disco também seja uma boa porta de entrada para novas gerações ao estilo do Korn. Porém, quase todas as músicas obedecem à mesma fórmula e acabam muito parecidas umas com as outras em termos de estrutura. Ainda que a energia nunca caia, quando visto de cima, 'The Serenity Of Suffering' acaba sendo aquele disco supercompetente que soa um pouco mais seguro. O que no final das contas, podemos até dizer que fazem falta as faixas mais experimentais, talvez menos focadas no peso e mais preocupadas com o estranhamento - uma característica que acompanha a banda desde Follow The Leader (1998).

De qualquer forma, é preciso elogiar a performance de Jonathan Davis, que continua cantando com toda a alma e sendo um versátil vocalista de metal. Vai de vocais limpos até guturais, passando por partes mais próximas do hip hop e diversos vocais agressivos carregados de um drive característico e também soando como Marilyn Manson em diversos momentos. O trabalho de guitarras de Munky e Head também é excelente. Embora não seja tão inovador quanto mostrou a turma do Deftones com Gore este ano [leia a resenha AQUI], ao ponto de criarem linhas para o instrumento que consigam ser únicas para cada faixa, são exemplo de como soar destruidores nos riffs e revigorantes com os acordes.

É fato que 'The Serenity Of Suffering' não vai inspirar novas bandas de nu metal ou industrial, nem mostrar como o estilo pode evoluir. Menos pretensioso, ele surge com intuito de ser uma ótima opção para os fãs se divertirem - seja ouvindo o disco ou assistindo essas novas músicas ao vivo nos shows.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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