Pearl Jam: Do Pior ao Melhor

Imagem: Ilustrativa
A discografia do Pearl Jam avaliada na série "Do Pior Ao Melhor"
Por Rafael Rodrigues

O Pearl Jam vem ao Brasil em novembro para apresentações em grandes estádios. O grupo de Eddie Vedder se apresenta em Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro [saiba tudo sobre os shows AQUI]. Para tentar diminuir a ansiedade dos fãs, o Rock On Board decidiu preparar um guia especial Pearl Jam: do pior ao melhor - analisando a discografia da banda. Convidamos você a deixar também a sua opinião nos comentários. Afinal, com uma discografia tão regular, é difícil conseguir unanimidade quando o assunto é álbum preferido do Pearl Jam! 


 10 'Pearl Jam' (2006)  
Bom, alguém tinha que ocupar esse inglório lugar na lista. Mas isso não desmerece este, que é o único álbum homônimo do grupo, conhecido pelos fãs como o "Abacate". Boas faixas saíram desse disco - como por exemplo, "Gone". "World Wide Suicide" também é uma faixa bem conhecida, pois foi a escolhida para divulgar o lançamento do disco na época. Mas comparando aos outros trabalhos de estúdio da brilhante carreira do Pearl Jam, esse é apenas um álbum que completa a discografia oficial do grupo, sem maior relevância.


 9 'Lightning Bolt' (2013)  
O mais recente trabalho da banda representa o momento mais assumidamente mainstream do grupo - onde aceitaram com mais naturalidade a posição da linha de frente do rock mundial. Musicalmente falando tem faixas interessantes, como a faixa-título "Lightning Bolt", a forte "Getaway" e a baladinha radiofônica "Sirens".


 8 'No Code' (1996)  
Para alguns críticos, esse é um álbum que abusou demais de experiências musicais. Até alguns fãs chegam a torcer o nariz para ele. Mas No Code é pontual por tirar de vez o grupo do rótulo grunge. Como já havia acontecido em menor escala em Vitalogy, o grupo ficou aberto à novas experiências musicais - muito pela proximidade à Neil Young, com quem a banda havia gravado o interessante "Merkinball" no ano anterior (1995). Mesmo com toda a estranheza sonora, relíquias como "Smile" e "Mankind" (cantada por Stone Gossard) - além das tranquilas "Who You Are" e "Off He Goes" - são muito bem vindas à qualquer playlist da banda. No Code sempre será mal compreendido, e é por isso que está nessa posição na lista.


 7 'Backspacer' (2009)  
Com a trinca "Just Breathe", "Amongst The Waves" e "Unthought Known", Backspacer pode ser considerado um disco mais alto astral se comparado aos trabalhos da fase 90's. Dos últimos lançamentos do grupo, esse é também o mais regular e que vale a audição na íntegra. Ele traz como single principal a faixa "The Fixer", que faz questão de registrar no clipe a sinergia entre banda e público. Talvez essa atmosfera já reflita bastante a nova postura do Pearl Jam diante da mídia - deixando um pouco de lado a reclusão de outras épocas.


 6 'Rio Act' (2002)  
A perturbadora "Can't Keep" dá o start a esse bom álbum do Pearl Jam, que fica a frente dos demais contemporâneos do século 21. A pedrada "Save You", por exemplo é figura certa na maioria dos shows da banda. Não é nenhum exagero afirmar que "Love Boat Captain" é uma das baladas mais belas de toda a carreira do grupo. Destaque ainda para os hits "I Am Mine" e "Thumbing My Way". É de Rio Act também a polêmica "Bu$hleaguer" - que já rendeu um grande problema durante uma apresentação nos EUA - e a política "1/2 Full". Vale ressaltar que foi a partir deste trabalho que a banda voltou a fazer vídeos de divulgação de suas músicas. Anteriormente fizeram um clipe, em animação, para "Do the Evolution", de Yield, terminando assim o hiato desde o álbum de estreia, Ten.

 5 'Binaural' (2000)  
Musicalmente falando, Binaural nem é tão relevante a ponto de estar na frente de alguns que estão nessa lista, mas pela importância do momento em que foi lançado merece o posto que está ocupando. Se você quer entender melhor, eu explico com detalhes nesta matéria AQUI.

 4 'Yield' (1998)  
Yield é uma pérola! Musicalmente poderia estar facilmente com a "medalha de prata", mas como resolvi listar a importância não apenas por questões musicais, e sendo assim, ele é batido facilmente pelos trabalhos posteriores. Confesso que atualmente é o álbum da banda que eu mais gosto de ouvir. É incrível como as faixas se completam, exatamente na ordem em que estão. Se você tem um player de mp3 e escuta esse álbum no modo aleatório, experimente ouvi-lo exatamente na ordem em que o disco foi gravado. Destaques para "Brain of J" - que já inicia com um riff sensacional -, "Faithfull" e "Given to Fly". A maravilhosa e sentimental "Wishlist", a crítica "Do the Evolution", e as intimistas "Low Light"  e "Push me, Pull me" mantêm o disco numa coesão que beira a perfeição.


 3 'Vs.' (1993)  
Seu lançamento era cercado de grande expectativa, devido ao sucesso estrondoso de seu antecessor, Ten. Talvez por isso, ele bateu recordes de vendas já na primeira semana. Considerado o disco grunge do Pearl Jam - entenda AQUI -, "Vs." não ficou com a "medalha de prata", não por sua falta de qualidade e de hits, mas por ser "apenas" um ótimo disco de rock. É digno de nota a respeito do mesmo o fato de a banda não ter lançado nenhum vídeo de divulgação para as músicas - atitude adotada durante muitos anos seguintes. "Vs." tem peso e musicalidade crua, mas não chega a catarse musical que foi "Ten", nem soa estranho como "Vitalogy". Esse disco traz agressividade estupenda ("Go"),  baladas marcantes ("Daughter" e "Small Town"), além de grandes hits como "Dissident" e "Animal".


 2 'Vitalogy' (1994)  
Iniciando o processo de intimismo e experimentalismo musical da banda, "Vitalogy" é daqueles álbuns que só os fãs do Pearl Jam entendem o porquê de estar nesta lista como um dos melhores discos da carreira. A agressividade de discos como Ten e Vs. foram postos um pouco de lado, mesmo assim o grupo concebeu hits eternos, como "Better Man" (originalmente da banda anterior de Vedder, Bad Radio), "Nothing Man", "Corduroy", "Immortality" e as enérgicas "Last Exit" e "Spin the Black Circle". O álbum tem algumas referências bem claras ao vinil - tanto na arte da capa como na faixa "Spin the Black Circle", uma espécie de homenagem ao bolachão. Esse álbum marca uma época em que a banda lutava contra o mainstream, comprando briga contra a gigante americana Ticket Master, e sua turnê de divulgação foi basicamente produzida e organizada pela própria banda [saiba mais AQUI]. As nuances musicais, assim como toda a atmosfera que cercava "Vitalogy" fazem dele o segundo álbum mais importante da trajetória do Pearl Jam - pelo menos, na humilde opinião deste autor.

 1 'Ten' (1991)  
"Muito óbvio", você diria. Mas o óbvio merece explicação, e uma explicação detalhada. "Ten" é um daqueles álbuns que em qualquer lista de melhores discos de rock é presença mais do que certa. Talvez você já o tenha visto mesmo na casa daquele seu tio que curte sertanejo ou pagode, ou música clássica, sei lá! O fato é que "Ten" é um álbum que transcende muito além do que ouvimos e sentimos ao ouvi-lo - desde a primeira até a última música. Não serei pretensioso ao tentar descrever o seu significado politico para uma sociedade na qual não foi a que vivi, mas é necessário um overview do que acontecia na época para que se entenda a importância também nesse sentido. Existia um espírito muito claro de "sonho americano", onde a ganância tinha tomado conta do povo. Esses caras, da geração X (como eram chamados aqueles contemporâneos do grunge), se sentiam frustrados com as políticas de governo da época, era como se todo o idealismo construído pelas gerações anteriores do rock estivesse sendo trocado pela ganância dos governos recentes. "Ten" expõe essa insatisfação muito clara em letras fortes, onde todo o idealismo de mudar o mundo para melhor havia sido trocado pelo egoísmo de uma sociedade consumista ao extremo e capaz de apoiar governos altamente destrutivos em prol da qualidade de vida gananciosa desta sociedade. Uma canção que expõe muito bem esse espírito é a maravilhosa "Porch" ("What the fuck is this world. Running to? You didn't"). Esse é um ponto. Emocionalmente, Ten é um album em que você pode SENTIR como poucos na história do rock. Na maioria das vezes ouvimos músicas escritas por uma pessoa e INTEPRETADA por alguém que não tem qualquer intimidade com aquela história. Dizem apenas "sentir" como se fossem com elas. Mas o fato é que muitas das músicas de Ten foram histórias reais vividas pelo próprio Eddie ("Alive", "Black" e "Release"). Afinal, quem melhor do que você para interpretar e dar vida às suas próprias histórias?! Agora, pense rápido: quantas bandas você conhece que tem tantas músicas lados B, que não entraram em um certo álbum, e que mesmo assim ficaram tão conhecidas quantas as músicas lançadas? Então anote aí: "Dirty Frank (foi feita após a gravação de Ten, mas entrou no single de "Even Flow"), "Footsteps", "Alone", "Brother", "Just a Girl", "State of Love and Trust", "Wash", "Let Me Sleep", "Breath" e "Yellow Ledbetter" - fora as nem tão conhecidas "2.000 Mile Blues", "Evil Little Goat" e "Hold on". Além de tudo escrito anteriormente, Ten é um dos discos mais bem sucedidos da história do rock. Agora acho que fica bem claro porque Ten é o número um do Pearl Jam - e isso é incontestável.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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