No Rio, Blaze Bayley reafirma seu valor à frente do Maiden

Foto: Bruno Eduardo

Por Bruno Eduardo

Quinze anos depois, ainda é um tanto bizarro pensar que esse senhor careca, de costeletas brancas, foi o grande substituto de Bruce Dickinson nos anos noventa para o cargo de frontman do Iron Maiden. Definitivamente, Blaze Bayley não era esse cara. Talvez ninguém fosse, já que Bruce tinha se tornado um imortal - uma imagem santificada pelos fãs, e logo assim, insubstituível. A comparação era irracional - ainda é. Por isso, o mais legal do show desta noite é ver uma versão Iron Maiden despida de qualquer misticismo. Ao contrário de Bruce, Blaze não é uma lenda - ele é real. Há um contato humano. Seja fazendo cafuné nos fãs grudados no palco ou perdendo uma hora pós-show dando autógrafos. 

Acompanhado da banda brasileira The Best Maiden Tribute (com ex-integrantes da popular Children Of The Beast), Blaze relembrou várias canções que fizeram parte de sua passagem pela Donzela. Destaque para os dez minutos de cantoria e pula-pula generalizado em "Sign Of The Cross" e na explosão enérgica de "Virus". Músicas de sua carreira solo também fizeram parte do repertório. "Vocês estiveram aqui em janeiro, naquela chuva? então vocês são meus amigos!", e dedicou "Como Estais Amego" - relembrando a última passagem pela cidade. Outra que foi bastante comemorada pelos fãs foi "Ghost in the Machine", do álbum Silicon Messiah (lançado em 2010). Mas nada pôde ser comparado ao refrão arrasa quarteirão de "Man on the Edge" - primeiro single dele com o Maiden. 

Aliás, é bom afirmar aqui, que ao contrário do que muitos fãs pregam, a queda musical do Maiden não tem a ver com a entrada de Blaze Bayley no grupo. O álbum de estreia do vocalista (The X Factor), por exemplo, nada deve aos irregulares No Prayer For The Dying e Fear Of The Dark. A voz sim, é diferente - e se isso for um erro, o erro é do Iron Maiden. Por isso, o show dessa noite serviu para fazer algumas justiças necessárias, como por exemplo, colocar Blaze em seu devido lugar - fora da santidade, ao lado de pessoas como nós. Porque no fim das contas, ele não passa de um cara comum, errático; um mero mortal. Muito pouco para estar no Iron Maiden.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

1 Comentários

  1. Acho que não tenho nada a acrescentar. Vc falou tudo! Blaze é um grande Frontman, um grande cantor. Só não era o cara pro Iron Maiden. Não sei se colocaria ele como "muito pouco" pro Maiden. Fazendo uma analogia estranha, colocar ele no Maiden é como calçar um belo sapato esquerdo apertado num pé direito que à época estava calejado...

    ResponderExcluir
Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2