THE BREEDERS (CIRCO VOADOR)

Foto: Bruno Eduardo
Em show memorável, Breeders festeja 20 anos de seu maior sucesso 

Por Bruno Eduardo

Ahhhoooooo-oh/Ahhhoooooo-oh. Bastaram pouco mais de dois minutos no palco para que o The Breeders executasse uma das canções mais famosas da história do rock alternativo. A música, é claro, era "Cannonball" - o cometa que rasgou o céu do verão pop de 1993, e transformou Last Splash, em um dos discos de platina mais improváveis da década. Embora alguns ainda sejam capazes de questionar a relevância do álbum, é fato que Last Splash conseguiu envelhecer bem, e o The Breeders soa charmoso frente à geração pós-Nevermind.

Como já era previsto, o setlist não teve maiores surpresas. É um show comemorativo aos vinte anos de Last Splash, e assim como na maioria desses formatos, a banda tocou o álbum na íntegra, seguindo a mesma sequência do registro. Como Last Splash é um álbum de quarenta minutos, coube ao “bis” uma execução quase completa do seu primeiro trabalho, Pod (lançado em 1990). Tocar quase que integralmente os seus dois únicos lançamentos, foi fundamental para constatar o conjunto da obra. Sim, eles eram muito legais! As músicas parecem soar melhores ao vivo, e a simplicidade dos discos ganha uma intensidade sonora incontestável - que talvez seja camuflada pela atmosfera noise/alternativa, menos sóbria e mais simpática nos palcos.

Felizmente, o tempo também não foi capaz de modificar o carisma das gêmeas Kim e Kelley Deal. Durante toda a apresentação, elas conversavam com o público, distribuíam sorrisos, beijos e palhetas. Embora muito mais encaixada no Breeders do que em sua ex-banda, Kim mantém o respingo cínico dos Pixies em faixas como “Invisible Man”, mas é só. Já que a turnê divulga o relançamento especial do registro (um box comemorativo com extras), eles obviamente tocam os B-sides contidos no material -  com destaque para um cover dos Beatles em “Happiness is a Warm Gun”, lançada no clássico álbum branco, de 1968.

O clima intimista proposto pela banda foi ideal para encharcar de nostalgia noventista a lona do Circo Voador. Isso, lógico, facilitado pela simpatia da dupla Kim/Kelley, e pela manutenção estética do grupo, que ainda conta com Josephine Wiggs (baixo) e Jim Pacpherson (bateria) - a banda é acompanhada ainda pela violinista/tecladista Carrie Bradley.  Em sua primeira vez no Rio de Janeiro, o The Breeders conseguiu reapresentar de forma magnífica um dos discos mais estranhos e adoráveis de que se teve notícia. 

[Matéria publicada originalmente por Bruno Eduardo no Portal Rock Press]

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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