“Aqui é como nossa segunda casa”
Logo no começo, Alex deixou claro o quanto ama o Brasil e como estava feliz de estar de volta. “Sentimos como se aqui fosse nossa segunda casa”, disse, arrancando gritos e aplausos apaixonados. O cantor arriscou algumas palavras em português, soltou vários “obrigado”, um “tamo junto” e até um “eu te amo” durante o show. A cada pausa entre músicas, ele agradecia o público — e dava pra ver que era de verdade.
Mesmo depois de tudo que viveu — problemas pessoais, uma longa pausa na carreira e batalhas pelo nome da banda — Alex estava ali, inteiro, com um sorriso constante e uma energia que contagiava. Não parecia alguém revisitando o passado, mas sim alguém celebrando a chance de recomeçar.
Uma viagem pelos clássicos (e uma prévia do futuro)
O show foi um presente para os fãs de longa data. Alex montou um setlist equilibrado, misturando grandes clássicos como “Adrienne”, “Stigmatized”, “Could It Be Any Harder” e, claro, “Wherever You Will Go”, com três músicas do novo álbum, que chega em fevereiro de 2026 (“Don’t You Cry”, “Hold On Me” e a já conhecida do público “Stand Up Now”).
Os momentos mais especiais foram aqueles que fugiram do roteiro: ele atendeu pedidos antigos e trouxe de volta “If Only” e “Why Don’t You and I”, que muitos fãs pedem há anos.
No meio do show, veio um momento acústico intimista. Alex pediu para o público escolher o que queria ouvir e atendeu a pedidos. Ele ainda contou que, durante o Meet & Greet, que antecedeu o show, recebeu um pedido especial de uma fã para que tocasse “Euphoria”, e havia prometido cumprir — e ele não decepcionou: tocou um trechinho, só voz e violão, no improviso, enquanto o público acompanhava emocionado.
Outro destaque foi “Rest of Our Lives”, uma música feita especialmente para o Brasil e lançada unicamente aqui, e que só havia sido tocada uma única vez no passado. Já em “Stand Up Now”, faixa do novo álbum, o clipe — gravado aqui no Brasil no ano passado — passava no telão, e Alex chegou a reconhecer rostos na plateia. Foi um momento divertido e cheio de cumplicidade.
Fãs que viraram família
É impossível falar de um show do The Calling no Brasil sem mencionar o público. Leal, apaixonado e participativo, o público brasileiro é praticamente um personagem à parte. Alex comentou que reconheceu “rostos que estavam no DVD de 2008”, gravado aqui — prova de que a relação entre ele e os fãs vai muito além dos palcos.
Durante hits como “Adrienne” e “Wherever You Will Go”, Alex quase se tornava inaudível — mas não importava: o coro da plateia tomava conta do lugar, transformando a música em um grande canto coletivo.
A banda e a nova fase
Ao lado de Dom Liberati (baixo) e Daniel Damico “Arms” (guitarra), Alex mostrou entrosamento e confiança. A dupla funciona quase como uma moldura perfeita: segura, afinada e com espaço para que Alex brilhe no centro das atenções. O trio parecia se divertir genuinamente, e essa sintonia dava o tom leve e sincero da noite. Após muitos anos, finalmente é possível dizer que o The Calling é realmente uma banda, e não apenas músicos contratados por Alex — como ele mesmo enfatizou durante a apresentação. O vocalista se mostrou muito feliz com a atual formação e contou que as músicas do vindouro álbum foram escritas em conjunto com eles.
Durante toda a noite, Alex reforçou várias vezes que o novo álbum será lançado em fevereiro do próximo ano e que o The Calling voltará ao Brasil com a turnê de divulgação dele.
Um final digno de nostalgia
O bis veio com “Nothing’s Changed”, e o refrão da música soou como uma verdade: “And I remember, and I recall, and I can see that nothing’s changed at all” (e eu me lembro, e eu me recordo, e eu vejo que nada mudou). Assistir ao The Calling hoje é, de certa forma, como vê-los nos anos 2000 — a mesma entrega, a mesma conexão, a mesma paixão no olhar dos fãs.
Entre aplausos, gritos e lágrimas discretas, a noite terminou com aquela sensação boa de que o tempo pode até passar, mas algumas músicas — e alguns laços — são para sempre.