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Foto: Maycon Avelino |
Foi em 2020 que Carol e Bea Três se conheceram e descobriram um interesse em comum: as canções da Escandinávia. Uma fazia parte da Magnífica Orchestra de Músicas do Mundo, uma orquestra popular regida pelo maestro Gabriel Levy, e a outra foi convidada a participar do projeto. Durante os ensaios da orquestra, novas artistas foram se agregando, interessadas na pesquisa musical. Esse interesse em comum uniu Aline dos Reis Neves, Bea Três, Carol Encanto, Janine Plis, Luana Carvalho e Silvia Lozano, que formam hoje a bem sucedida Yön.
A banda compõe e cria versões de canções tradicionais do repertório da era medieval nórdica e escandinava, universo conhecido do público em geral por séries como Vikings (Canal History/2013-2020) e Casa do Dragão (HBO/2022). A Yön se prepara agora para o lançamento de seu primeiro videoclipe, uma versão de "Oi Dai", canção da tradição folclórica da Carélia, região da Finlândia, gravada pela primeira vez em 1991 pelo grupo finlandês Värttinä. Com uso marcante de aliterações que evocam sons da natureza, a música canta a saudade da terra natal, construindo, com imagens de pássaros e paisagens, uma memória sensível sobre o ato de partir e o desejo de retornar.
“’Oi Dai’ foi a primeira música que estudamos seriamente juntas. A primeira que nos dedicamos a estudar a letra e a pronúncia corretas, fazer um cover da versão gravada que elegemos para nos basear, ensaiar à exaustão até que estivesse soando como gostaríamos. Então ela representa o início de tudo e traz consigo a marca da nossa personalidade, pois foi a primeira das músicas de nosso repertório que decidimos fazer um arranjo autoral. A letra fala sobre a saudade, do ponto de vista de alguém que está num lugar que não é a sua terra natal e de como tudo o que é particular e único no seu lugar de origem lhe faz falta. É uma música que canta a conexão às raízes e o quanto isto imprime marcas, lembranças, memórias que nenhum outro lugar pode substituir”, comenta Silvia Lozano.
Ligada à letra, o clipe foi gravado em maio de 2025, na Vila Viking Brasil, em Juquitiba, no interior de São Paulo, e mostra um grupo de mulheres que, indo dormir, sonha com um encontro ancestral entre elas.
“O clipe começa com cada uma de nós indo dormir num dia qualquer na atualidade, ao adormecer sonhamos e viajamos no tempo para um local onde nos encontramos, reconhecemos como parte de um todo e celebramos isto através da música, o que representa esta saudade descrita na letra da música. A ideia é transmitir a sensação que todas nós temos, de verdade, que já estivemos juntas em algum outro momento do tempo e espaço, que nosso reencontro para formar o que somos agora era algo que estava marcado para acontecer, que todas trazemos dentro de nós histórias e sonhos do passado, de algo lindo que já construímos juntas, e que devia ser resgatado. A saudade que a música canta se relaciona a isto pois, de alguma forma, nós nos reconhecemos imediatamente quando nos encontramos há 3 anos atrás”, explica Luana Carvalho.
O grupo foi formado em 2022 e por onde passa agrega mais e mais fãs. Um dos shows mais comentados da banda aconteceu na CCXP do ano passado, ganhando destaque no portal Splash da UOL. Mesmo competindo com uma mesa que contava com Wagner Moura, o espetáculo atraiu olhares e deixou o público hipnotizado pelas “bruxas paulistanas”. Outro ponto que chama atenção é a caracterização no palco. As artistas fizeram uma pesquisa de vestuário e trazem um figurino impecável, mostrando também que o medieval é também um espaço para as mulheres.
“O universo conhecido como medieval é muito associado ao meio masculino por trazer as lutas e estética mais rústica e nossa presença abre espaço para que mais mulheres se sintam confortáveis em viver esse universo sem a necessidade de serem objetificadas e sexualizadas. Mostramos que esse espaço também é nosso e está sendo ocupado com nossa essência e conhecimento. Mas é, pelo menos no contexto do sudeste, formado por muitas mulheres de diversas áreas - artesãs, produtoras de eventos, musicistas, lutadoras, costureiras, cozinheiras, performers e recreacionistas. É um ambiente bem misto, na verdade” revela Aline Reis.
O clipe tem direção de Maycon Avelino, filmagem e edição da Starship vídeos.
Yön lança nova versão de canção sueca “I Riden Så”
As seis mulheres que se juntaram despretensiosamente para estudar canções nórdicas lançam o segundo single do EP que está previsto para sair no primeiro semestre de 2026.
A canção escolhida foi uma versão repaginada para “I Riden Så”, que faz parte de uma balada medieval chamada “A mulher encantada em Parto”, originada aproximadamente no ano de 1600. Ela narra a morte de uma mulher, filha de Sillibrand, que dá à luz gêmeos em um bosque sagrado antes de morrer. Os meninos são então reivindicados pelos deuses nórdicos Freya e Odin, representando uma transição de crenças pagãs mais antigas para novas religiões, com o bosque como um templo natural sagrado.
“Essa é uma canção tradicional sueca, que foi gravada pela primeira vez pela banda Gjallarhorn, em 1997. A nossa versão mistura diversas referências de arranjos de outras canções escandinavas. Ela está no nosso repertório desde o início da banda e também tem a marca do nosso processo de arranjo das canções tradicionais. Trabalhamos nesse arranjo por muitos meses e a composição dos vocalizes definitivos só veio em 2024, no processo de gravação. Ela é muito importante porque tem um solo lindo da Janine Plis, que toca muito as pessoas, é uma canção muito emocionante”, revela Aline dos Reis.
Escute “I Riden Så” em todas as plataformas de streaming. A canção foi gravada no Estúdio Mameloki (SP) e tem mixagem e masterização do Flávio Gondim.
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