Punho de Mahin & MC Taya no The Town: mostrando que a música preta é quem manda!

Foto: Moriva / Rock in Rio
 
A banda PUNHO DE MAHIN vem caminhando numa crescente e é um nome de destaque da nova música brasileira, formada em 2018, autenticamente punks, mas incorporando influências diversas, com discurso direto e necessário. Preparando álbum novo, que está sendo produzido por Clemente Nascimento, dos Inocentes e da Plebe Rude, e que será lançado pela gravadora Deckdisc, a banda lançou recentemente seu primeiro álbum, “Embate e Ancestralidade”, de 2022, no formato vinil, caprichadíssimo, com mídia amarela translúcida e capa gatefold e está muito animada com toda essa correria dos últimos tempos.

Quem acompanha essa turma desde o começo, já havia ficado feliz com a participação deles na abertura do último show da banda The Exploited em São Paulo, e a presença deles no The Town foi uma grata surpresa, principalmente para quem está acostumado a vê-los no rolê punk paulistano, de bares sem muita estrutura. Mas, é muito merecido, pela qualidade e conteúdo do que fazem Natália Matos, vocal e percussão, Camila Araújo, guitarra e voz, Dú Costa, baixo e voz e Paulo Tertuliano, bateria e percussão.

A banda subiu ao palco esbanjando a energia velha conhecida, mostrando não temer o tamanho do palco e da plateia, mas, infelizmente teve problemas no microfone da vocalista Natália Matos na primeira música, que insistiu em falhar toda vez que a vocalista caminhava à frente do palco.

A banda mostrou músicas novas, e inéditas, como “Raios, Trovões e Tempestades”, “13 de Maio” e “Marcus Vinícius”, além do bom novo single, que já se encontra nas plataformas de streaming, “Ei, Mulher!” e mostrou que o que vem por aí não é careta, não!

Músicas como “Xingú” ou “Marighella” são acompanhadas de discursos certeiros de Natália Matos que não perdeu a oportunidade de gritar em rede nacional um sonoro “SEM ANISTIA PARA GOLPISTAS”. Natália convida a MC Taya para subir ao palco, e juntas cantam os versos “Não posso ser submissa / Porque sou subversiva”, da contundente música “Protagonista”.

Encerrando sua parte no show, a música tema da banda, “Punho de Mahin”, onde gritam a plenos pulmões “Punhos erguidos no ar/ Liberdade para pensar / Um grito ecoa no ar / avante para lutar”, com Natália fazendo percussão também.

Sem tempo para respirar, MC Taya & Banda já estão no palco e surpreendem com um rock pesado e muita atitude. Taiana Oliveira, menina nascida e criada na Baixada Fluminense, cantora, compositora e estilista, manda ver com seu Metal Mandrake, uma bem calibrada mistura de rock, funk e rap, que pelo visto cativou a punkaiada que estava ali na frente do palco.

O show abre com a música/vinheta “Bonde das Insubmissas”, e foi impossível não notar baterista João Salvador usando uma camiseta da icônica coletânea “SUB”, de 1983, que contava com participação das bandas Cólera, Ratos de Porão, Fogo Cruzado e Psykóze. Se queria ou não fazer uma homenagem ao punk rock de São Paulo, não sei, mas, a escolha foi acertadíssima.

MC Taya tem um repertório que mistura sensualidade com críticas sociais e foi recebida muito bem pelo público, que ovacionou a entrada de uma dupla de dançarinos com uma bandeira com o arco-íris LGBTQIA+ e outra com o símbolo antifascista, jogo ganho com maestria.

Outra faixa destaque no show foi “Sexo Todo Dia”. MC Taya também assinou recente contrato com a gravadora Deckdisc e prepara trabalho novo de onde tiraram o novíssimo single “Nerds & Nóias”. O tempo voa e Taya convida a Punho de Mahin ao palco, quando a guitarrista Camila divide os vocais na música “Criança Não É Mãe”, enquanto Natália Matos encarna a pomba-gira e Paulo Tertuliano auxilia na percussão.

Em festival é tudo muito cronometrado e não existe tempo para muita coisa, as duas vocalistas apresentam suas bandas e o show se encerra, com recado dado e promessa de que muita água vai rolar adiante com a qualidade apresentada. Um viva para Punho de Mahin e um viva para MC Taya! Grande noite!

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Banner-Mundo-livre-SA