Matuê faz show eletrizante e superlotado no The Town

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Uma das principais atrações do primeiro dia do The Town, Matuê, um dos maiores expoentes do trap brasileiro, prometia um grande show no palco The One. Com mais de 1 bilhão de streamings, Matuê continua na estrada promovendo seu mais recente álbum, 333 (2024) e esses números não param de crescer.

Surpreendendo muita gente, Matuê começou com um dos seus maiores sucessos, "Kenny G", com direito a muita fumaça e fogo no palco, enquanto a plateia cantava palavra por palavra - o que sequer diminuiu em "Quer Voar" que veio colada, e a catarse coletiva continuava reinando. Nada além do esperado. "De Peça Em Peça", "Luxúria" e "Vampiro" foram executadas ao lado dos parças Teto e WIU e foram as últimas no formato trap raiz, se assim pode ser dito.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Sem tempo pra respirar, "Conexões De Máfia" foi tocada e aí sim, o cara deu uma rápida pausa para o couro voltar a comer na sombria "777-666". Uma banda foi adicionada ao palco e, pasmem, o som beirou o heavy metal, sem exagero, até com direito a um solo virtuoso de guitarra. Enquanto isso, os sinalizadores, que parecem fazer parte de todos os shows recentes aqui no Brasil, deram as caras (e mais tarde pudemos conferir a periculosidade de artefatos como esses em eventos desse porte). Sim, é perigoso, e resta saber como esses sinalizadores entraram no festival, e nessa quantidade (veja itens proibidos aqui)

"Castlevania" e "Máquina Do Tempo" nitidamente influenciadas pela banda O Rappa, continuaram com o clima roqueiro predominando, com fãs aceitando e curtindo tanto quanto os momentos mais hip hop e trap do artista. A plateia continuou a curtir o show como nos anos 90, cantando e pulando ao invés de somente usar os seus celulares para filmar. Mais um ponto para eles.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
"É Sal" e "Anos Luz" seguiram no show, mostrando que Matuê é realmente um artista multifacetado, além de mostrar que é um bom cantor, usando o autotune apenas como um recurso de efeito na voz, ao invés de dublar como muitos artistas contemporâneos.

"Isso É Sério" com o Brandão em um dueto com Matuê, foi outro grande momento, com uma alma pop radiofônica que surpreendeu, assim como a balada autobiográfica "Morte Do Autotune", que mostrou que até os trappers tem uma música lenta para chamar de sua.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
"Crack Com Mussilon" é um título de música um tanto quanto estranho, mas foi mais uma baladinha tocada, enquanto a faixa-título do seu álbum lançado ano passado fechou o curto, mas muito bom show do cearense, de apenas cinquenta e cinco minutos.

Matuê fez um show eletrizante, o mais cheio até agora no palco The One, provando para todos que os trappers são os verdadeiros rockstars atuais. Doa a quem doer, essa é a mais pura verdade.

Tarcísio Chagas

Foi iniciado na música no meio da Soul Music, Rock Br e se perdeu de vez quando comprou o disco "Animalize" do KISS em novembro de 1984. Farofeiro raiz, mas curtidor de quase todos os estilos musicais, Tio Tatá já foi há mais de 1000 shows em 40 anos de pista. Já escreveu para o Metal Na Lata, Confere Rock, Igor Miranda site, Rock Vibrations e eventualmente colabora com o canal Tomar Uma no YouTube.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Banner-Mundo-livre-SA