Véspera
de feriado, quarta-feira de trânsito caótico, como sempre, e o Carioca Club é
palco de uma noite nostálgica e vigorosa, com a única apresentação no país da
turnê comemorativa dos 30 anos de lançamento do clássico álbum “Betty”,
terceiro trabalho da banda estadunidense HELMET.
A
produção conjunta da Maraty e da Powerline trouxe duas bandas relativamente
novas para aquecer o público que foi chegando devagar ao bairro de Pinheiros: TREVA e DEBRIX.
Com a
mesma precisão da guitarra de Page Hamilton, às 19h50 a banda TREVA está no
palco, infelizmente com a casa ainda vazia. Formada durante o período da
pandemia, o vocalista Felipe Ribeiro explica que é daí que saiu o nome do
grupo, desse período triste e de tantas perdas, uma verdadeira ‘treva’. A banda
tirou seu repertório do álbum “Em Própria Razão”, gravado na pandemia e lançado
em 2023, mas, foi prejudicada pela má equalização do som e os vocais só ficaram
perfeitamente audíveis na metade da última música do set, ainda assim, deram
seu recado e agradaram ao público presente com seu som que mistura influências
diversas como blues, soul e punk rock.
Formada
na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, há pouco mais de um
ano, a banda DEBRIX apresentou seu
recém lançado EP “Tales From the Rabbit Hole”, que trás um hardrock vigoroso
que permeia todo o trabalho dos rapazes. Apesar da curta carreira, a banda já
tem em seu currículo shows junto de bandas como The Calling, Sepultura, Pitty e Nando Reis. Riffs pesados, cozinha coesa e boa presença de palco
marcaram a apresentação que, assim como a primeira banda, agradou o público,
que, nesta altura já começa a encher a casa.
Liderados
pelo guitarrista, vocalista e principal compositor, o diferenciado Page
Hamilton, PhD em jazz e violão clássico pela Universidade de Nova York,
o HELMET sobe ao palco pontualmente
às 22h00, com seu som pesado e perfeito, e, como anunciado, presenciamos um
tributo aos 30 anos (que na verdade já são quase 31, a serem completados em
junho) de lançamento do excelente álbum “Betty”, o terceiro disco de estúdio
da banda.
Hamilton,
acompanhado de Kyle Stevenson,
bateria, Dan Beeman, guitarra e Dave Case, baixo, executam com precisão
absurda e na sequência todo o álbum de 1994: “Wilma’s Rainbow”, “I Know”, “Biscuits
for Smut”, “Milquetoast”, “Tic”, “Rollo”, “Street Crab”, “Clean”, “Vaccination”,
“Beautiful Love”, “Speechless”, “The Silver Hawaiian”, “Overrated” e “Sam Hell”,
são 14 faixas que chegam uma grudada na outra e sem tempo para respirar! Após a
última faixa do álbum, Page Hamilton agradece ao público, informa que “Betty”
acabou, apresenta a banda e avisa que tem mais pela frente.
O show
continua e a banda vai dissecando sua longa carreira com “Swallowing Everything”,
do disco “Monochrome”, de 2006, “Blacktop”, do disco de estreia “Strap it On”,
de 1990 vem na sequência, com “Driving Nowhere”, de “Aftertaste”, de 1997,
coladinha. “Bad Mood”, outra do álbum de estreia é tocada e logo depois a banda
para de tocar para ajustar o som que apresentou problemas e, aparentemente, não
estavam se escutando no palco. Com tudo sanado, a banda toca “Dislocated”, do
último álbum, “Left”, de 2023.
O
público vem abaixo com o clássico “Unsung”, do segundo disco da banda, “Meantime”,
de 1992, e com “Turned Out”, do mesmo disco, a banda sai do palco, para
retornar logo em seguida com o bis, quando continuam em “Meantime” e tocam “Give
It” e “Ironhead”. Em seguida mandam a parceria com o HOUSE OF PAIN, “Just Another Victim”, que faz parte da trilha
sonora do filme “Judment Night” (no Brasil, “Uma Jogada do Destino”), de 1993.
Fechando
a grandiosa noite, “In the Meantime”. Um show perfeito, com som pesado e
executado com maestria. Que voltem sempre! HELMET é certeza de um grande
espetáculo.
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