Em sua primeira vez no Brasil, Tool faz show espetacular no Lollapalooza

 
Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

"Brasil, prazer em conhecê-los!", disse Maynard James Keenan, após a banda abrir o show com "Fear Inocolum". Esse foi o primeiro contato do vocalista com os fãs brasileiros, que esperam por esse momento há décadas. Em sua primeira vez no Brasil, o Tool não decepcionou. Naquele que pode ser considerado o melhor som do festival, as camadas de guitarras pesadas entrelaçadas com as partes percussivas faziam tremer os ossos de qualquer um que se submetesse a ficar próximo ao palco. 

Já no segundo ato da apresentação, o Tool mandou logo "Jambi", canção do excelente 10,000 Days, e que sintetiza perfeitamente o som deles. No telão, um tom avermelhada alucinante foi o cenário adequado para o ataque de bateria do espetacular Danny Carey. Isso sem falar no solo de guitarra de Adam Jones, que invadiu cada canto do Autódromo. A canção contou ainda com a ilustre participação de Jéssica di Falchi, recém saída da Crypta.

Com um show de lasers, "Stinkfist" surgiu como uma afiada constatação de que a banda também é ótima quando decide seguir algo mais cru - ou menos progressivo. Inclusive, na época que esse single saiu, em meados dos anos noventa, esta foi a grande aposta da gravadora para a banda conquistar o mainstream, sendo anexada inclusive ao rótulo de metal industrial - pegando carona em outros estranhões sensacionais, como o Ministry.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Com referência a alienígenas assustadores no telão, "Rosetta Stoned" fez a galera da grade viajar com seu ritmo quebrado e cheio de alternâncias. Mas os fãs comemoraram mesmo quando os acordes de "Pneuma" surgiram como um anúncio para o baixo estalado (à lá Les Claypool) de Justin Chancellor. Num dos melhores momentos da noite, a ambiência da música chegou ao ápice numa explosão sonora tão densa, que levou o público ao delírio.

Como não poderia deixar se ser, o petardo Lateralus veio citado em "The Grudge", faixa que abre o álbum e é levada pelo riff groovy de Adam, que inclusive permeia uma das faixas mais estranhas e sensacionais do Tool. Foi sensacional ver rodas de pogo se abrindo em sincronia ao grito desesperado de Maynard James Keenan, que falou pouco com o público, mas manteve sua voz firme durante toda a apresentação.

Do mesmo álbum, "Parabol" trouxe a influência confessa de Black Sabbath - algo comum em todas as bandas consolidadas de rock pesado.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
O acorde "Schism" foi recebido como um gol na arquibancada, e celulares foram erguidos para registro. A canção, que ajudou o Tool a ganhar o Grammy de melhor performance de metal, prendeu olhares e fez com que ninguém desviasse a atenção desse quase épico da banda, que progride andamentos com uma desenvoltura classuda e impecável.

No final do show, a violência sonora de "Ænema", relembrando a fase inicial da carreira, provocou mais rodas e pogo interminável entre os mais animados. E o golpe derradeiro veio na embrionária "Flood", que deu toques finais à espetacular apresentação. Dívida paga com os fãs brasileiros e um dos melhores shows da história do Lollapalooza Brasil.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

1 Comentários

  1. Um adendo: o solo de Jambi foi executado (magistralmente) pela Jéssica e ambos fizeram as dobras.

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