The Cult marca volta ao país com show arrasador no Rio

Foto: Ian Dias

Aos poucos, o Vivo Rio vai se consolidando como a principal casa de shows da cidade do Rio De Janeiro. Bem localizada (Aterro do Flamengo ao Lado do MAM), o local tem sido palco de grandes shows de Rock e dessa vez não foi diferente recebendo o Baroness e os veteranos do The Cult.

APESAR DO BOM INÍCIO, BARONESS NÃO SEGURA MUITO

Com um bom público e meia hora de atraso, o Baroness começou o show com “Last Word” e de cara deu pra perceber a tônica de toda a sua apresentação: o som estava bastante embolado. Por causa desses problemas técnicos, a banda que um dia foi chamada de o “futuro do Rock”, parecia estar ainda se adaptando, soando um pouco inseguros, fato que não mudou muito em “Under The Wheel” mesmo com o bom trabalho de guitarras de Gina Gleason e John Baizley - o último atua como vocalista também.

John agradeceu a oportunidade de tocarem no Rio pela primeira vez e, após uma longa introdução, atacaram com “A Horse Called Golgotha” com uma pegada do famigerado rock de arena e um refrão empolgante, com a plateia reagindo positivamente, o que se confirmou com “March To The Sea” em mais um refrão de primeira.

Foto: Ian Dias

O clima deu uma esfriada na instrumental “Green Theme” e depois da ótima e melhor momento do show “Shock Me”, a apresentação caiu muito, descambando ladeira abaixo. Tirando mais alguns bons momentos em harmonia de guitarras, o show foi se arrastando até “Isak” em quase uma hora de show.
Se em algum momento o Baroness foi a salvação do Rock, esqueceram de me avisar…

THE CULT, 8 ANOS DEPOIS

Após longos 8 anos longe do Brasil (o jejum no Rio, é de 17 longos anos!), a realeza do rock and roll britânico oitentista The Cult estava de volta ao Rio, e a presença maciça do público -  basicamente 40+ - mostrou a devida importância e relevância da dupla Ian Astbury e Billy Duffy e seus asseclas do momento.

Após John Tempesta (bateria) e Charlie Jones (baixo) entrarem no palco, a dupla dona da banda veio logo após para executar “In The Clouds” que não foi uma boa escolha para iniciar o show - não que ela seja uma canção ruim, muito pelo contrário, mas se a ordem fosse trocada com a quase heavy metal “Rise”, que veio em seguida, soaria infinitamente melhor. Para não deixar dúvidas, “Wild Flower” foi a terceira e tivemos nas mãos de Ian a sua inconfundível pandeirola, que dá ainda mais aquele ar nostálgico a uma das melhores músicas do disco Electric (1987).

O autointitulado álbum de 1994, ou melhor, o “disco do bode” foi representando por “Star”, hit da MTV Brasil nos idos de 1994, que foi muito bem recebida e com Billy mostrando estar em forma entre riffs e solos.

Um dos destaques do show foi uma iluminação muito bem elaborada que se integrava perfeitamente com o clima de cada música. Para quem ainda acha que isso não significa muito, deveria ter visto a diferença que uma simbiose música + luzes fazem.

Foto: Ian Dias

Outra do excelente Beyond Good And Evil (2001) teve lugar no set-list. “War (The Process)” não é apenas uma excelente música desse disco, mas de toda carreira do The Cult e deu lugar à balada mais bonita da longa história da banda. E eu não estou falando da açucarada “Painted On My Heart” - trilha sonora do filme “Gone With 60 Seconds” de 2000 -, mas da singela “Edie” que foi tocada em um arranjo mais intimista e sem boa parte do solo de guitarra e que, pasmem, ficou mais emocionante do que a versão original. Para logo emendarem com “Revolution” com uma participação do início ao fim do público e mostrando um Billy Duffy genuinamente emocionado com isso. Ao final dessas três músicas, ficou muito claro porque o The Cult é um filho bastardo de David Bowie, "camaleonicamente” falando. Todas muito diferentes uma das outras, mais ainda assim com a estampa da banda.

Chegamos a “Sweet Soul Sister”, daquela fase mais testosterona da banda diretamente do fim dos anos 80, que aliás, foi a mais bem sucedida do grupo. E ao longo da versão mais estendida dela, precisa ser pontuado que essa formação sem um guitarrista de apoio para Billy Duffy, abriu um espaço maior para as improvisações no palco. O The Cult nunca soou tão bem no palco, mostrando que às vezes menos é mais.

A recente “Lucifer” mostrou que o repertório foi bem variado, dando espaço para várias fases da carreira da banda, que, se tem a maior parte do seu show baseado na fase oitentista, mostrou que ainda tem qualidade nas novas produções.

Billy até que enfim empunhou sua clássica guitarra Gretsch semi-acústica e tacou fogo em “Resurrection Joe” diretamente do primeiro disco Dreamtime (1984) e continuou revisitando esse passado distante com a favorita da Rádio Fluminense FM, A Maldita. É claro que estou falando de “Rain” e seu indefectível refrão.

A alegre “Spiritwalker”, outra das antigas, deu rosto aos fãs das antigas que cantavam a letra toda dessa música para, posteriormente, cair no seu maior hit, “Fire Woman”. Apesar de ter curtido a formação com apenas uma guitarra, essa foi a única que faltou aquela base tradicional, principalmente no refrão. Fim do set regular.

O bis trouxe a bluesy “Brother Wolf, Sister Moon” com uma performance arrasadora de Ian Astbury nos vocais. Se em alguns momentos o peso da idade se mostrou presente, nessa música ele simplesmente arrasou!

A dobradinha final teve mais nostalgia com “She Sells Sanctuary”, música mais conhecida do The Cult no Brasil, onde Ian nem precisou pedir para o público dançar e bater palmas - isso foi feito de forma espontânea - e na stoneana “Love Removal Machine”, que segundo meu amigo jornalista Daniel Dutra: “É a melhor música dos The Roling Stones já feita” com direito àquela tradicional roda de pogo presente em quase todos shows de rock pesado.

Grande show, digno de uma plateia que, ainda envelhecida, ainda comparece e dá valor às grandes bandas da história desse gênero tão proscrito e achincalhado.

Tarcísio Chagas

Foi iniciado na música no meio da Soul Music, Rock Br e se perdeu de vez quando comprou o disco "Animalize" do KISS em novembro de 1984. Farofeiro raiz, mas curtidor de quase todos os estilos musicais, Tio Tatá já foi há mais de 1000 shows em 40 anos de pista. Já escreveu para o Metal Na Lata, Confere Rock, Igor Miranda site, Rock Vibrations e eventualmente colabora com o canal Tomar Uma no YouTube.

1 Comentários

  1. Apos ter ao show de Sao paulo dia 23 e ter visto o video completo do show do Rio em alta qualidade sonora e de imagem disponivel no Youtube / Primeiro show da banda no ano de 2025 / eu nao posso de deixar de comentar o que voce citou na sua excelente resenha : Ao contrario do que vc citou , o The Cult na mais pura ´´malandragem´´ mantem um musico OCULTO do lado esquerdo, do palco , ele aprece uns 25 minutos antes do show de camiseta da banda oficial e gorro preto com abas , montando todos os equipamentos do lado esquerdo e depois ele se esconde para fazer : os Samplers pré gravados de algumas musicas , backing vocals e os teclados de algumas musicas e a guitarra base de outras deixando o som ao vivo da banda muito proximo do original , é impossivel um quarteto fazer aquele somzao que foi os 3 shows no Brasil apenas com uma guitarra , o nome dele é MATT MCKENNA ele um musico tecnico multistrumentista de Los Angeles e ja tinha trabalhado com eles qdo vieram em 2017

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