P.O.D. evidencia a relevância do Nu-metal com show arrasador no Rio

Foto: Amanda Respicio / Rock On Board

 

Depois de alguns anos, o P.O.D., uma das bandas que solidificaram o movimento Nu Metal no final do século passado, está de volta ao Brasil para uma mini tour passando por três cidades (São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro) divulgando seu último álbum de estúdio, o mediano Veritas (2024). A expectativa para o show do Rio era grande, pois as notícias vindas de São Paulo, onde eles tocaram no KnotFest [saiba como foi AQUI] no domingo anterior, era que o show havia sido arrasador, um dos melhores do Festival capitaneado pelo Slipknot.

Às dez da noite, um som mecânico deu início à pancadaria sonora de aproximadamente 1H30. Iniciar um show com duas músicas novas nunca parece ser uma boa ideia, mas "Drop" e "I Got That" tiveram uma recepção para lá de calorosa, e se o público não era o esperado, pelo menos as quase 1.000 pessoas presentes eram praticamente de fãs de verdade da banda, vide a altura que cantaram quase todas as músicas do set-list.

 

Foto: Amanda Respicio / Rock On Board

 

O primeiro momento "clássico" veio com a dobradinha "Set It Off" e a insana "Boom", ambas do seu quarto disco de estúdio "Satellite" de 2001, e a partir daí o jogo estava ganho. Com o carismático guitarrista Marcos Curiel, ou melhor dizendo, "Marquito" como era chamado pelo vocalista Sonny Sandoval, sorrindo e jogando palhetas a todo momento, o clima de alegria mútua estava bem estabelecido e a intensidade era realmente diferente da maioria dos shows.

Muita gente reclama do uso do V.S. (bases pré-gravadas), mas quando é usada de forma inteligente como o P.O.D. faz, soa como um complemento que só engrandece o espetáculo. Várias vozes e teclados foram incorporados para tornar as músicas mais fiéis à versão de estúdio, mas as guitarras eram totalmente tocadas por "Marquito" no melhor estilo do Nu Metal...nada de solos de guitarra e, quer saber? Ninguém reclamou.

 

Foto: Amanda Respicio / Rock On Board

 

"I Won't Bow Down", melhor faixa de Veritas, que tem um refrão empolgante com direito a um "flow" muito inspirado de Sonny, foi a deixa para "Satellite", que explodiu nas rádios em 2002, mas o melhor ainda estava por vir. A pesada em todos os sentidos, "Murdered By Love", mostrou porque o P.O.D. foi referência para muitas bandas que vieram no rastro do Nu Metal. Mesmo sendo uma faixa mais recente, especificamente de 2012, "Murdered By Love" traz uma evolução substancial em termos musicais, além de ter ficado muito mais pesada ao vivo.

Numa postura um pouco mais contida, tanto na movimentação no palco, como nas notas extraídas do seu baixo, o correto Mark "Traa" Daniels comandou tudo em "Soudboy Killa", mostrando ser peça essencial do quarteto que ainda conta com o baterista convidado Zachary Christopher que fez um trabalho primoroso, mas que sequer foi mencionado na apresentação da banda em "Southtown". Para quem trabalhou tanto, foi no mínimo uma indelicadeza com o músico.

 A melódica "Will You" soou diferente do restante do material, mas ainda assim muito bem recebida e sem direito ao tradicional bis, o P.O.D. deixou seus maiores hits para o final. Sonny agradeceu pelo apoio dado à banda nos trinta e três anos de carreira e sem perder tempo, atacaram com o hino "Youth Of The Nation", que continua soando tão atual como quando tomou de assalto a MTV brasileira em 2001, e o final com quase todo público presente com os punhos cerrados para cima, foi emocionante.

 

Foto: Amanda Respicio / Rock On Board

 

Faltava "Alive" e ela veio com a promessa feita pelo público ao vocalista Sonny Sandoval, que na próxima vinda do grupo, nós estaríamos presentes para vê-los novamente, e aí, tomado pela emoção, ele desceu para cantar com os fãs que estavam na grade. Falando em emoção dos fãs, um grupo de jovens começou a tacar cerveja para todos os lados perto da house mix na hora do refrão, e ver o desespero dos engenheiros de som em tampar com panos rapidamente todo equipamento, foi engraçado. Me perdoem, mas foi... Todos estávamos vivos e isso é que importa.

Com Marquito tocando sua guitarra com timbres limpos e deixando a plateia cantando o refrão de "Alive" sozinha, selou o final de um ótimo show, mostrando que se no estúdio o P.O.D. recentemente deixou dúvidas, ao vivo eles ainda são imbatíveis.