Novo álbum de Jerry Cantrell é denso, pesado e totalmente necessário


Jerry Cantrell
I Want Blood
⭐⭐5/5
Por  Zeone Martins  

Jerry Cantrell
construiu um trabalho musical que beira o impecável. Então, assim que é anunciado um novo trabalho do guitarrista/vocalista, a curiosidade bate a porta. 
E o leitor pode perguntar qual seria a causa de tal curiosidade, claro. Raramente apostando na repetição, e, felizmente I Want Blood acerta em cheio neste ponto, cada trabalho do guitarrista, tanto no Alice In Chains, quanto solo, ou colaborando com outros artistas, apresenta uma faceta sonora do lendário músico de Washington.

E qual seria a exceção? Brighten, trabalho de 2020, seguiu em certo excesso a linha do quarteto capitaneado pelo guitarrista,  e ainda apresentou um direcionamento um tanto redundante de faixa a faixa.

Já I Want Blood, felizmente, reúne canções com uma cara própria, envoltas por una sonoridade seca, ríspida. Não é daqueles discos para animar uma reunião com amigos, está mais para uma viagem solitária e introspectiva pelos demônios da mente do autor.
 
 
Ainda que seja um disco repleto de convidados, como de costume nos álbuns solo de Cantrell, a acertada produção garante a unidade sonora entre as faixas, com as performances de nomes como Mike Bordin, Robert Trujillo, Greg Pucciato e Duff McKagan sequer almejando emular o som das bandas ou projetos de cada um, evitando o desperdício de pérolas como "Throw Me a Line", "Held Your Tongue" e a faixa-título, para um "copia e cola" tão frequente em colaborações mal-feitas e insossas de trabalhos de artistas não tão inspirados.

I Want Blood não é um disco tão depressivo quanto Degradation Trip 1 & 2 ou Dirt, mas também não tem nada que se aproxima de um som "pra cima". É denso, repleto de faixas fortes e pesado. Daqui a um tempo não será estranho ver pessoas citando este como um dos seus trabalhos favoritos de Jerry Cantrell. Quem sabe I Want Blood até realce qualidades em Brighten, por seu contraste? Ouça com calma e aproveite o trabalho alguém tão inspirado seguindo em atividade. Um dos melhores do ano, desde já! 

Zeone Martins

Redator, tradutor e músico. Coleciona discos e vive na casa de vários gatos. Ex-estudante de Letras na UFRJ. Tem passagens por várias bandas da região serrana e da capital fluminense.

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