Deep Purple, o grande dinossauro da noite, enfim debuta no Rock in Rio

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
O nome de maior peso desta edição do Rock in Rio, e não estou falando do estilo musical, mas da importância do artista é, sem dúvidas, o Deep Purple, são 56 anos de atividades e alguns dos discos mais influentes de todos os tempos quando o assunto é rock and roll.

É certo que faria mais sentido a presença da banda na primeira edição do festival, em 1985, quando haviam acabado de lançar o seu último álbum realmente relevante, Perfect Strangers (1984), mas naquela época veio o filhote bastardo, o Whitesnake, que ainda era uma excelente banda, bem distante da baba que se tornou anos depois.

Mas, falando de presente que é o que interessa, após breve introdução com um playback instrumental, a banda surge com um clássico logo de cara: “Highway Star”, faixa de Machine Head, disco de 1972. A parte chata é que o microfone de Ian Gillan falhou e tiveram que correr com um novo microfone. Parece que ninguém se importou, o público estava em êxtase.
 
Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
A banda está em turnê mundial de lançamento do novo álbum =1 e a segunda música é deste trabalho, “A Bit On The Side”, mas logo emendada nessa veio “Into The Fire”, faixa do Deep Purple In Rock, clássico de 1970 e os velhinhos se mostram felizes no palco.

A banda hoje conta com um trio clássico que são Ian Gillan, nos vocais, Roger Glover, no contrabaixo e Ian Paice, na bateria. Junto deles está o tecladista Don Airey, na banda há mais de 20 anos, e que já tocou com tantas bandas que é difícil listar tudo, mas tem gente do quilate de Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Rainbow, Gary Moore, Judas Priest, dentre muitos outros e na guitarra, está o super competente Simon McBride, “garoto” de 45 anos.

Voltando ao espetáculo, um rápido solo de teclas, com Don Airey caprichando no trabalho com o órgão Hammond, onde mostra toda sua eficiência digna de seu vasto currículo, mas, para quem é mais antigo, bate sempre uma saudade do tecladista e maestro Jon Lord, talvez, o membro mais importante que tenha passado pelo Deep Purple em toda história da banda. O solo introduz a próxima canção, o clássico “Lazy”, outra faixa do disco Machine Head, com direito a solo de harmônica a cargo de Ian Gillan.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
“When a Blind Man Cries”, faixa que foi gravada na sessão de Machine Head, mas só lançada como ‘lado B’ num single (e depois numa edição especial de 25 anos do álbum) é a canção da vez, que precede outra faixa do último disco, e tocam “Lazy Sod”.

O sucesso “Anya”, faixa presente no disco The Battle Rages On..., de 1993, e que marcava o retorno de Ian Gillan ao posto, depois de um período em que a banda contou com o cantor Joe Lynn Turner, é a música tocada antes de uma dobradinha arrasa-quarteirão, ambas de Machine Head: “Space Trucklin’” e “Smoke On The Water”, que dispensam comentários.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Aquele velho joguinho de saída de cena e volta para o bis sempre presente e dois clássicos absolutos encerram o show: “Hush”, do disco de estreia Shades of Deep Purple e “Black Night”, do Deep Purple In Rock.

Uma aula da história do rock, como sempre é qualquer show do Deep Purple, mas, é nítido que a hora do fim se aproxima. Mesmo com três membros clássicos na formação, em idade avançada – Gillan, Glover e Paice, com Don Airey e Simon McBride, por mais competentes que sejam – e são muito, tem horas que me sinto assistindo um competente cover no palco, assim como já era com o excelente guitarrista Steve Morse. Jon Lord e Ritchie Blackmore são tão insubstituíveis que os caras que entraram na banda em seus lugares, apesar da excelência técnica – e não poderia ser diferente numa banda deste tamanho -, jamais impuseram suas características, apenas deram continuação ao que os dois fizeram.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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