O nome
de maior peso desta edição do Rock in Rio, e não estou falando do estilo
musical, mas da importância do artista é, sem dúvidas, o Deep Purple, são 56
anos de atividades e alguns dos discos mais influentes de todos os tempos
quando o assunto é rock and roll.
É certo
que faria mais sentido a presença da banda na primeira edição do festival, em
1985, quando haviam acabado de lançar o seu último álbum realmente relevante, Perfect
Strangers (1984), mas naquela época veio o filhote bastardo, o Whitesnake, que
ainda era uma excelente banda, bem distante da baba que se tornou anos depois.
Mas,
falando de presente que é o que interessa, após breve introdução com um
playback instrumental, a banda surge com um clássico logo de cara: “Highway Star”,
faixa de Machine Head, disco de 1972. A parte chata é que o microfone de Ian
Gillan falhou e tiveram que correr com um novo microfone. Parece que ninguém se
importou, o público estava em êxtase.
A banda
está em turnê mundial de lançamento do novo álbum =1 e a segunda música é deste
trabalho, “A Bit On The Side”, mas logo emendada nessa veio “Into The Fire”,
faixa do Deep Purple In Rock, clássico de 1970 e os velhinhos se mostram
felizes no palco.
A banda
hoje conta com um trio clássico que são Ian Gillan, nos vocais, Roger Glover,
no contrabaixo e Ian Paice, na bateria. Junto deles está o tecladista Don Airey,
na banda há mais de 20 anos, e que já tocou com tantas bandas que é difícil
listar tudo, mas tem gente do quilate de Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Rainbow,
Gary Moore, Judas Priest, dentre muitos outros e na guitarra, está o super
competente Simon McBride, “garoto” de
45 anos.
Voltando
ao espetáculo, um rápido solo de teclas, com Don Airey caprichando no trabalho
com o órgão Hammond, onde mostra toda sua eficiência digna de seu vasto currículo,
mas, para quem é mais antigo, bate sempre uma saudade do tecladista e maestro Jon Lord, talvez, o membro mais importante
que tenha passado pelo Deep Purple em toda história da banda. O solo introduz a
próxima canção, o clássico “Lazy”, outra faixa do disco Machine Head, com
direito a solo de harmônica a cargo de Ian Gillan.
“When a
Blind Man Cries”, faixa que foi gravada na sessão de Machine Head, mas só
lançada como ‘lado B’ num single (e
depois numa edição especial de 25 anos do álbum) é a canção da vez, que precede
outra faixa do último disco, e tocam “Lazy Sod”.
O
sucesso “Anya”, faixa presente no disco The Battle Rages On..., de 1993, e
que marcava o retorno de Ian Gillan ao posto, depois de um período em que a
banda contou com o cantor Joe Lynn Turner, é a música tocada antes de uma
dobradinha arrasa-quarteirão, ambas de Machine Head: “Space Trucklin’” e “Smoke
On The Water”, que dispensam comentários.
Aquele
velho joguinho de saída de cena e volta para o bis sempre presente e dois
clássicos absolutos encerram o show: “Hush”, do disco de estreia Shades of
Deep Purple e “Black Night”, do Deep Purple In Rock.
Uma aula
da história do rock, como sempre é qualquer show do Deep Purple, mas, é nítido
que a hora do fim se aproxima. Mesmo com três membros clássicos na formação, em
idade avançada – Gillan, Glover e Paice, com Don Airey e Simon McBride, por
mais competentes que sejam – e são muito, tem horas que me sinto assistindo um
competente cover no palco, assim como já era com o excelente guitarrista Steve
Morse. Jon Lord e Ritchie Blackmore são tão
insubstituíveis que os caras que entraram na banda em seus lugares,
apesar da excelência técnica – e não poderia ser diferente numa banda deste
tamanho -, jamais impuseram suas características, apenas deram continuação ao que
os dois fizeram.