A frase
do título desta matéria foi dita por um fã e retirada do documentário “Between
Dog and Wolf”, lançado pelo NEW MODEL ARMY em 2014, e que narra a história da
banda desde o seu nascimento, em 1980, até o ano em questão (e já merece uma segunda
parte). E a escolhi, pois representa e define grandemente o que é o New Model
Army, muito mais que uma banda, uma instituição.
A Liberation Music Company é a responsável
por esta turnê e depois do show acústico da quinta-feira em São Paulo, a banda
esteve na sexta-feira em Curitiba e, por todos os comentários na internet e relatos dos
que estiveram lá e vieram acompanhando a banda para a segunda apresentação paulistana,
o que ocorreu na capital paranaense foi avassalador. Gerou expectativa
gigantesca. Segundo amigos que conversaram com Justin Sullivan no Paraná, lá a
banda não tocava há 33 anos e por isso o repertório foi mais abrangente, para
esta segunda apresentação em São Paulo, privilegiaram mais os últimos trabalhos,
visto que aqui foram ‘apenas’ 6 anos
ausentes.
Para a
esta data o clima é de matinê, a casa abriu ainda durante a tarde e
pontualmente às 18h a banda paulistana Os Brutus entreteriam a galera com seu
animado repertório de surf music
instrumental, curto, coeso e agradável show para aquecer as turbinas para o que
virá em sequência. Os fãs ardorosos de New Model Army lembram que a mesma banda
abriu com a mesma simpatia os shows da turnê de 2018.
Passados
alguns minutos das 19h e Justin Sullivan, guitarra, violão e vocal, Dean White,
guitarra, Ceri Monger, baixo e percussão, Nguyen Green, tecladista incorporado
recentemente à banda e Michael Dean, baterista, entram no palco em grande
estilo, tocando “Coming or Going”, faixa presente no mais recente e ótimo disco
da banda, “Unbroken”, lançado em janeiro deste ano.
“States
Radio”, faixa de “Today is a Good Day” (2009) é a próxima tocada e voltamos ao
disco novo, com as duas primeiras na sequência: “First Summer After” e “Language”,
que já são cantadas por boa parte dos fãs que lotam a casa nesta noite. É
sempre interessante notar que o público dessa banda, assim como os artistas,
não param no tempo, não ficam esperando apenas os hits, a evolução é conjunta.
Tocam “Winter”,
faixa título do disco de 2016 e o público acompanha tudo o que vem do palco com
entusiasmo. “Stormclouds”, presente no disco “Between Dog and Wolf” (2019)
precede outra nova, a ótima “Do You Really Want to Go There?”. Até aqui só
coisas mais recentes, e chegamos ao disco “From Here”, de 2019, com “Never
Arriving”.
O
público está totalmente entregue, e a coisa fica séria, mandam “Here Comes the
War”, clássico presente em “The Love of Hopeless Causes”, disco de 1993. Eles
nem precisavam tocar mais nada, mas continuam a apresentação com duas músicas
do disco “Thunder and Consolation”, de 1989: “225” e “Green and Grey”, que leva
muitos às lágrimas e é quando os fãs ingleses que vieram acompanhar a turnê latino-americana
fazem como nos shows da Europa e montam uma “pirâmide” humana na pista.
Emocionante.
A
belíssima música “Idumea”, outra faixa de “Unbroken” é tocada, com destaque
para Ceri Monger que assume a percussão enquanto Justin Sullivan assume o
baixo. E o êxtase total se impõe com “51st State”, o maior sucesso da banda,
uma versão honesta da canção de Ashley Cartwright, da banda The Shakes – muitos não sabem que se trata de um cover.
“Angry
Planet”, é tocada, faixa presente no álbum “Between Wine and Bloody”, de 2014, uma continuação
do álbum anterior (”Between Dog and Wolf”), numa caprichada edição híbrida: um disco metade feito no
estúdio, com seis faixas inéditas e a outra metade gravada ao vivo.
“Purity”,
clássico do disco “Impurity”, de 1990 e a pesada “Wonderful Way to Go”, música
que abre o disco “Strange Brotherhood”, de 1998, encerram a primeira parte do
show, com muito suor, entrega e lágrimas.
No mesmo
instante em que a banda sai do palco, o público da frente entoa um cântico que
emula o solo de violino da música “Vagabonds” do disco “Thunder and Consolation”.
Cântico esse que em segundos toma toda a casa. Justin Sullivan volta, diz que
não fala português, mas gesticula dizendo que a banda não tem violino para
tocar essa. O coro continua e ele se entrega, diz então “vamos fazer um teste”, sozinho na guitarra e com a plateia a plenos
pulmões: o teste foi lindo e perfeito, mais um momento emocionante do show.
“The Hunt”, do disco “The
Ghost of Cain”, de 1986 – gravada pelo Sepultura no álbum “Chaos AD” (1993) e “I
Love the World”, mais uma do fantástico “Thunder and Consolation” encerram a
missa. O público se abraça, celebra e muitos já se movimentam para ir ao Rio de
Janeiro, onde a banda encerra hoje, no mítico Circo Voador, o braço brasileiro
desta turnê. E já começamos a contar o tempo para mais discos e mais shows do
New Model Army, muito mais que uma banda, uma instituição, como dito lá no começo. É isso, "The Family" unida e feliz.
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New Model Army
❤️
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