New Model Army inicia a turnê latino-americana com show intimista e emocionante

Foto: Ricardo A. Flávio


Seis anos após sua última passagem pelo país, os ingleses do NEW MODEL ARMY estão de volta para uma série de shows, em sua “Latin America Tour 2024”, que inclui no roteiro, além de duas datas em São Paulo, também Curitiba, Rio de Janeiro, Chile e dois shows gratuitos na Colômbia, tudo graças ao trabalho da Liberation Music Company, que este ano já trouxe as turnês das bandas Asking Alexandria, Blessthefall e ainda tem por vir gente do quilate de Jinjer, Dream Theather e Tesseract.

A semana por aqui foi movimentada e com agenda apertada, com direito a entrevista em rádio na terça-feira, tarde de autógrafos na famosa Galeria do Rock na quarta-feira e o início da jornada de shows no Brasil, com um inédito set acústico na quinta-feira, no Fabrique Club, no bairro da Barra Funda.

Os fãs mais ardorosos lembrarão que na turnê de 30 anos do New Model Army, com dois longos shows no antigo Palace, aqui em São Paulo, em 2010, tivemos um set acústico, mas, naquela época foi com banda completa, nos mesmos moldes do CD “... & Nobody Else”, de 1998, quando a banda gravou no mesmo show um set acústico e um elétrico. O inédito set desta noite lembra o disco “Big Guitars in Little Europe”, gravado em 1994, parceria do vocalista e guitarrista Justin Sullivan, líder, compositor e único membro original da banda até hoje e de Dave Blomberg, guitarrista que participou do New Model Army entre 1994 e 2005. Nesta noite, quem dividiu o palco com Justin Sullivan foi Dean White, que faz parte da banda desde 1994, na guitarra e teclados.

O público do New Model Army é diferenciado, é absolutamente ‘devoto’ da banda, cerca a casa antes do show e confraterniza alegremente nos bares da região, trata-se da “Family”, como se consideram globalmente. Inclusive, no Fabrique tinham fãs vindos da Europa, Estados Unidos e outros estados brasileiros – encontrei por lá gente do Rio de Janeiro e Paraíba, especialmente para as apresentações de Justin Sullivan e seus asseclas.

Dentro da casa, a confraternização permanece com a animada discotecagem do DJ Focka e, às 21h30min Justin e Dean sobem ao palco para uma apresentação intimista, mas carregada de energia e empatia mútua, entre artistas e público. O show começa com “Before I Get Old”, do disco “Impurity”, de 1990, e já emociona quem está diante destes senhores ingleses.

“Stranger”, do disco “Eight” (2000) vem na sequência e a minha volta os comentários são de como Justin Sullivan continua cantando bem depois de tantos anos de carreira. Passeando pela longa discografia, hora de “Carnival” (de 2005, mas que apareceu ‘repaginado’ numa edição totalmente remixada, com faixas extras, em 2020, chamado de "Carnival - Redux") e tocam “LS43”.

Seguindo o show, vem “Where I Am”, do disco “From Here”, de 2019, “La Push”, do excelente “Today is a Good Day”, de 2009, álbum gravado boa parte em “homenagem” à crise da bolsa de Nova Iorque, no ano de 2008. Logo após tocam “Turn Away”, faixa que faz parte do já citado “Big Guitars in Little Europe”, o disco que inspirou esta noite.

Justin e Dean estão muito à vontade e o público recebe efusivamente tudo o que mandam do palco, e a dupla manda “Dawn”, que faz parte de “High”, disco de 2007. A próxima pérola é “Knievel”, belíssima música presente no álbum “Between Dog and Wolf”, lançado em 2013.

Chegou o momento de visitar a carreira solo de Justin Sullivan, e somos presenteados com “Unforgiven”, do disco “Surrounded”, lançado em 2021 e que tem uma faixa chamada “São Paulo”, que Justin escreveu durante a visita do New Model Army ao nosso país na turnê de 2018.

Em 1994, foi lançado o CD “B-Sides and Abandoned Tracks”, um apanhado geral de faixas não utilizadas em seus discos oficiais até então e o que temos aqui é uma amostra de que esse material desprezado é tão bom (e muitas vezes até melhor) do que fazia parte da discografia da banda, daqui eles sacam a bela “Drummy B”. Colada a essa, vem “Fate”, do disco “The Love of the Hopeless Causes”, de 1993.

Primeiro álbum repetido da noite, e a dupla manda outra faixa de “Eight”, chega “Wipeout”, seguida de outra de “Today is a Good Day”: “Autumn” e mais duas do “Eight”, a bela “You Weren’t There”, com Justin Sullivan caprichando na gaita e “Snelsmore Wood”.

Após rápida saída de palco, os rapazes voltam com a clássica “Ballad Of Bodmin Pill”, presente no disco “Thunder and Consolation”, de 1989, para muitos fãs e boa parte da crítica, o melhor disco da carreira do New Model Army. E assim se encerra uma noite em que “The Family” sai de alma lavada e contando os minutos para o próximo show: hoje em Curitiba, no Jokers Pub, com presença de muita gente que esteve no primeiro show da turnê, amanhã na nova apresentação em São Paulo, desta vez com banda completa (Ceri Monger, no baixo e Michael Dean, na bateria, ambos presentes na pista durante o show, atendendo afetuosamente a todos que se aproximavam), no Carioca Club e domingo, no mítico Circo Voador, no Rio de Janeiro.

Foto: Ricardo A. Flávio


Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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