Evanescence faz grande show no Rio e mostra força do último álbum

Foto: Adriana Vieira
 
O Evanescence comprovou nessa turnê brasileira que o seu fã-clube continua inabalável. Com ingressos esgotados em praticamente todas as cidades por onde tem agenda marcada, com direito a show extra em Belo Horizonte e apresentação em estádio de futebol na capital paulista, a banda liderada pela carismática Amy Lee continua impressionando pela incrível capacidade de mobilizar grandes públicos por aqui. Falando do Rio de Janeiro, lotar o Qualistage [o eterno Metropolitan] não é das tarefas mais fáceis para um grupo de rock, ainda mais numa segunda-feira. A banda chega ao Rio para mostrar ao vivo as canções de seu último álbum - o bom The Bitter Truth, de 2021 [leia a resenha do álbum AQUI]

Mesmo com toda essa conexão brasileira, é importante registrar que Amy Lee e sua trupe não faz uma turnê por aqui há mais de 10 anos. No Rio, o último show solo da banda, longe de festivais, aconteceu em 2017, antes eles vieram em 2012, um ano após virem para o Rock in Rio.

Um chute no saudosismo

Embora a grande maioria das pessoas que conhece a banda, faça uma relação quase que exclusiva ao seu primeiro álbum de estúdio - o multiplatinado Fallen, que está completando 20 anos -, o grupo decidiu não investir numa turnê comemorativa, como muitos grupos das antigas estão fazendo por aqui. Pelo contrário. Do debut famosíssimo, eles incluíram apenas alguns sucessos radiofônicos - que é claro, foram cantados de forma uníssona por um Qualistage lotado - e olhe lá. No entanto, a decisão de fazer uma turnê baseada no último disco e não cair na tentação de jogar para a galera, foi acertadíssima. Isso porque as novas canções (sete ao todo) provaram ao vivo - pelo menos nesse show do Rio - que o grupo não precisa ficar amparado no passado para satisfazer os seus asseclas. 

Ótimas músicas como "Broken Pieces Shine" (que abriu a noite) e a pancada "Blind Belief", não só funcionam bem na hora do "vamo ver", como dão a impressão de que sempre fizeram parte do repertório. Isso, claro, é graças ao bom trabalho que eles fizeram em Bitter Truth, que fez uma saudável conexão do som deles nos dias de hoje com a sua melhor fase criativa. Sem falar também, que o álbum está na praça há mais de dois anos. Então não chega a surpreender que algumas canções já surjam como novos sucessos no repertório desta noite. Por exemplo, "Wasted On You" (que deverá ser efetivada para sempre nos setlists do Evanescence) contou com geral cantando alto o refrão, e fez com que alguns desavisados achassem até, que era algum hit dos anos 00.
 
Foto: Adriana Vieira
 
Outra que se junta ao time dos novos sucessos é "Use My Voice". Principalmente pela mensagem, já que trata-se da composição mais conscientizadora de Amy Lee em sua carreira. Para quem não sabe, a música fala em preservar sua opinião e liberdade de expressão. No palco, ela não só funciona de forma divina, como conta com a grande forma da vocalista, que solta a voz de um jeito que surpreende até os fãs mais fieis. O discurso antes da música também é uma prova que a cantora está conectada com o seu tempo. Além do mais importante: a presença dela é incrível em todos os sentidos - se movimenta, bate cabeça, ergue os punhos e pede a participação do seu público, que ajuda no coro do refrão -, resultando inclusive num dos grandes momentos da noite.

Força sonora e palco customizado 

A banda também é bem amparada na questão instrumental. Lá atrás, temos nada mais, nada menos que o monstruoso Will Hunt. O cara que já foi baterista de gente como Mötley Crüe e Black Label Society, é o responsável por injetar a energia sonora nos show do Evanescence. As músicas com ele, ficam mais pesadas no palco. A performance no superhit "Going Under", por exemplo, ganha uma presença robusta com sua pegada. Outro momento que é impossível tirar os olhos do baterista é no medley bem sacado "Lose Control / Part Of Me / Never Go Back", onde ele apresenta todas as credenciais que o colocam no time dos melhores bateras do planeta. 
 
Foto: Adriana Vieira
 
Outro destaque da turnê é o formato do palco, que conta com uma estrutura bem interessante. Não é nada tão imponente como o que se vê em shows de bandas como Slipknot, mas chama a atenção pelo visual estrutural e pelos raios de luz que saem do palco em direção à plateia. A banda traz canhões de luzes distribuídos por todo o backdrop, com a logomarca do grupo posicionada na parte superior do palco, onde é possível ver as cores mudando de acordo com as canções, causando efeitos memoráveis.

De resto, é tudo aquilo que já dá certo há uns vinte anos: o carisma e simpatia de Amy Lee; os sucessos arrasa-quarteirão ("Call Me When You're Sober"); as cantorias voz e piano à capela com luzes de celulares ligadas ("Lithium", "My Immortal"); e o final apoteótico com "Bring Me To Life" - com direito a serpentinas coloridas voando sobre o público.

Segurando uma bandeira do Brasil, a vocalista juntou os integrantes no centro do palco, para aquele clássico gesto de agradecimento aos fãs. Ainda distribuíram pedaços de bateria, palhetas e setlists em aviõezinhos de papel para o público, que deixava o local em êxtase total. E, levando em consideração a reação da galera no lado de fora do Qualistage após o show desta noite, podemos dizer que a Amy Lee renovou o seu visto de rockstar no Brasil pelos próximos 10 anos - no mínimo.

 ASSISTA ABAIXO A COBERTURA EM VÍDEO COM TRECHOS DO SHOW 
 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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