Em sua estreia no Rio, Machine Head faz show visceral no Circo Voador

Foto: Daniel Croce
 
Numa noite sob calor de matar, o Machine Head fez sua estreia no Rio de Janeiro. O formato "One evening with Machine Head" foi seguido a risca, com mais de 2h de música e sem bandas de abertura. 

Quem não levou a sério os horários divulgados pela produção, com certeza perdeu o início do show, pois minutos antes "Diary Of a Madman", clássico de Ozzy Osbourne e introdução dos shows da banda, tocou nos PAs. Às 21:00 em ponto o Machine Head estava no palco, e "Imperium", de From The Ashes Of The Empires (2003) abriu o show, com o refrão berrado pela platéia, assim como o de "Ten Ton Hammer", de The More Things Change, que também teve "Take My Scars" presente no setlist.

De Of Kingdom And Crown,  trabalho mais recente, foram tocadas  três faixas: "Choke On The Ashes Of Your Hate", "Unhallowed" e ",No Gods, No Masters". Com peso e ótima recepção da plateia, foram bons sinais da para uma banda com o tempo de estrada que o Machine Head tem, podendo tocar faixas de novos trabalhos sem uma debandada de fãs para o bar. Dos últimos anos, também foi tocado o single "Is There Anybody Out There". E entre a cantoria e 'circle pits', o público, concentrado na lona do Circo Voador, fez a alegria de Flynn, prontamente atendendo suas interações durante as músicas.

Contando com pelo menos uma música de cada um dos onze discos de estúdio da banda, até trabalhos mais polêmicos, como The Burning Red (1999), Supercharger (2001) e Catharsis (2018) foram representados, cima faixa título do último, inclusive, sendo um dos destaques da noite. A banda também ofereceu ao público a chance de escolher o cover da noite: entre "Whiplash" (Metallica), "Hallowed Be Thy Name" (Iron Maiden) e "Seasons In The Abyss", vencedora no grito,  foi a canção de 1990 do Slayer, mas não sem antes a banda tocar "All The Small Things", do Blink 182, para sacanear a plateia. 

De The Blackening e Unto The Locust, elogiados trabalhos do grupo lançados em 2007 e 2011, foram tocadas " Aesthetics Of Hate" e "Halo" (que fechou a apresentação) do primeiro e "Locust", outra com a cantoria intensa da plateia e "Darkness Within", em que Robb Flynn fez uma fala mais longa, sobre saúde mental e o impacto da música na cura das mazelas da vida. Pedindo para a plateia assistir a canção sem levantar os celulares, foi atendido por muitos, mas alguns idiotas fizeram questão de ser 'do contra ', mesmo. Bela performance da banda, em especial na mudança de violão, vocal e esparsas notas de guitarra, para a parte pesada, com distorção, bateria e baixo de Jared MacEachern, também responsável boa parte dos backing vocals.

Com "None But My Own", no começo do set, "Old" no meio e "Davidian" antes do bis, Burn My Eyes (1994), teve presença forte no set, com seus riffs, repletos de harmônicos artificiais, tocados com precisão. O trabalho, que chegou a ser tocado na íntegra pela anos atrás, foi influente no nu-metal e boa parte do metal dos anos 90 e 2000. Na noite de sábado no Circo Voador, fez-se o encontro de quem esperou décadas para assistir um show da banda, com fãs de até menos de 20 anos de idade, fascinados (sem exagero) por trabalhos mais recentes do grupo: outro bom sinal. 

Competindo com o show de Roger Waters no Engenhão, além do Planet Hemp ao lado, na Fundição Progress, não foi uma noite tão lotada quanto a performance e o repertório do grupo fazem jus. Também pesa o fato o Machine Head é uma banda que ainda não é tão conhecida no Brasil. Mas, com a disposição e vitalidade que o grupo mostrou no sábado, o Brasil pode se tornar uma rota mais frequente dos americanos. Arrebentaram tudo por aqui, e de resumo: "Machine f*cking Head!".

Zeone Martins

Redator, tradutor e músico. Coleciona discos e vive na casa de vários gatos. Ex-estudante de Letras na UFRJ. Tem passagens por várias bandas da região serrana e da capital fluminense.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2