Wet Leg esbanja simpatia e lágrimas em show esvaziado no The Town

Rhian e Hester fizeram o show indie do The Town [Foto: Adriana Vieira]
 
Não foi para muita gente, mas não sobrou emoção no show do Wet Leg no The Town. Num line up dedicado aos grandes nomes do pop mundial, como Bruno Mars, Post Malone e Foo Fighters, a banda britânica formada pelas simpáticas Rhian Teasdale e Hester Chambers, era certamente uma das atrações mais improváveis e desconhecidas do The Town. No entanto, um público pequeno, mas fiel, grudou na grade e cantou todas as músicas do show, emocionando até as integrantes.

A cada pausa entre uma canção e outra, Rhian Teasdale falava da emoção em estar num festival desse tamanho. Com uma voz macia, quase cochichante, ela realmente parecia não acreditar no lugar onde estava. Ela também foi uma das figuras mais simpáticas do festival, distribuindo sorrisos, conversando bastante com a galera da grade, e mostrando um misto de timidez e ingenuidade cativantes.

O som do grupo também é algo difícil de rotular, no entanto trazia uma característica diferente da proposta do festival, que é a postura mais alternativa - o que combina também com o caso do Yeah Yeah Yeahs, que tocou para um público menos interessado no The Town [leia a resenha do show AQUI].

O Wet Leg abriu o show com "Being Love", levado por guitarras estridentes e uma cadência típica dos melhores momentos do rock alternativo. O som delas tem uma anarquia típica Sonic Youth, mas bebe em muitas outras coisas. Inclusive há momentos que lembram o bom Best Coast, outro duo indie californiano, como por exemplo em "Obvious", que tem uma cantoria de ópera incluída na canção. Mas as coisas funcionam de forma mais interessante quando elas optam pela barulheira. 
 
Rhian Teasdale esbanjou simpatia no festival [Foto: Adriana Vieira]
 
Ótimas canções como "I Don't Wanna Go Out", funcionam melhor nesse roteiro do Wet Leg em fazer algo mais garageiro, com influências explícitas dos pilares do chamado indie rock, que são os Pixies.

Um momento que marcou o show do Wet Leg foi quando Hester foi às lágrimas, emocionada com o carinho dos fãs brasileiros. A banda foi recebida com muito carinho e devoção de quem optou por ficar ali em frente ao Palco The One, ao invés de ir guardar lugar no show do Foo Fighters. Tanto que após o show, várias meninas e meninos grudados na grade, pediam para os roadies da banda chamarem as meninas para um possível contato.

Assim como o show de Leon Bridges, o Wet Leg foi um dos nomes menos concorridos do Palco. Além disso, muita gente não entendeu o som delas ou não curtiu o cardápio sonoramente indefinido da banda. No entanto, elas trouxeram ao festival uma coisa necessária para os dias de hoje com line ups tão datados: não-obviedade sonora. Curti.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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