Plebe Rude reflete situação política no lyric video de “O Pêndulo Da História”

"O perigo está nos extremos": Plebe Rude reflete situação política ao lançar lyric video de “O Pêndulo Da História”

Faixa fecha o projeto “Evolução"

Quando a música “Evolução” foi composta em 1989, a Plebe Rude não sabia o que fazer com a canção, já que a letra, “irreverente” demais, seria de difícil encaixe no repertório. Philippe Seabra então, teve a ideia de mostrar a música para Evandro Mesquita, seu vizinho na época.  O líder da Blitz ouviu e foi muito gentil, mas não gostou. Seabra pensou, “Caramba, nem pra Blitz serve, a banda mais irreverente do Brasil!  Mas se o Evandro falou, tá falado”. A Plebe Rude arquivou a música por 30 anos.

Durante as pesquisas para a autobiografia do Philippe, que será lançada em 2024, a letra de “Evolução” reapareceu e a banda viu nela a possibilidade de um projeto que tomaria proporções impensáveis e viraria uma ópera rock num disco duplo com 28 músicas. E assim nasceu “Evolução, Volumes 1 e 2”, que narram a saga da humanidade e o seu desenvolvimento através da violência do homem, desde o despertar da consciência no Homo Sapiens. Para ser ouvido de cabo a rabo e na ordem, até o último acorde. 

Como todo musical precisa de um final arrebatador, a canção que encerra o espetáculo se chama ‘“O Pêndulo Da História” e ganhou nesta quinta-feira (24), um lyric video dirigido por Adriano Pasquá. “‘O Pêndulo Da História’ fecha ‘Evolução’ numa grandiosidade como os musicais ‘Hair’ e ‘Tommy’ (‘Let the sunshine in’ e ‘Listening to you’ respectivamente) com o tema principal do musical reaparecendo num grosso naipe. É o momento, mais para o final da música, de todo o elenco no palco aparecer cantando com os braços abertos. Dúvida? Dê uma ouvida”, desafia Seabra. O baixista André X completa: “Se o musical fosse encenado, seria um encerramento épico, com vozes, dança, cordas e metais acompanhando a banda”.


Philippe Seabra se vale da mensagem da faixa para fazer paralelo com a situação política atual no Brasil. 
“A Plebe Rude finaliza essa empreitada com a imagem de um pêndulo gigante que vai e vem no balançar natural de sua cadência durante a história, às vezes tendendo à hesitação, ficando suspenso em uma das extremidades, ora de um lado ora de outro, alternando entre a glória e a dor, a redenção e erros. O perigo mesmo está nos extremos. Desde a formação da Plebe, a banda assiste o pêndulo ir de um lado para o outro. Mas nas últimas duas décadas da história recente do país, o pêndulo hesitou num dos lados por muitos anos, criando as condições - e o impulso - para que fosse para o outro lado muito, muito mais extremo”, reflete o vocalista. “Talvez tenha havido essa necessidade quase que fisiológica para o brasileiro tirar isso do seu sistema, que está no seu DNA desde o governo Vargas. Mas felizmente para as pessoas de bem, o nível de ignorância, truculência e intolerância simplesmente sem precedentes - aliada a liberdade dada às pessoas mostrarem seu pior lado (empoderados por péssimos exemplos vindos “de cima”) - encurtou essa ‘hesitação’, pois isso não se sustenta. Fatalmente o pêndulo voltará em nossa direção, e cabe a gente que volte a uma posição mais moderada, ou que no mínimo não oscile tão opostamente”, completa.


Para André X, a música traz um “fio de esperança”. “O futuro é uma folha em branco, basta a gente escrever nela nosso destino. A música também contém um alerta: se não dosar a empatia, o respeito e a tolerância, se não incluir todas, todos e todes, será um futuro instável e amaldiçoado”, diz o baixista.

E se tratando de música, a Plebe Rude escreve o passado, reflete o presente e não deixa de fazer novos planos para o futuro. Durante a turnê Evolução Vol. II, Philippe Seabra terminou a trilha sonora do longa “Sobreviventes”, de José Barahona, e contou com a participação honrosa de Milton Nascimento. Entre os shows da banda e os trabalhos paralelos de seus integrantes, veio uma nova ideia: “Queremos fazer um acústico”, conta André X. “A ideia seria tocar as músicas clássicas, claro, mas rechear o repertório com algumas mais desconhecidas. Seria um presente para os Plebeus raízes”. Mais um.

Ouça “Evolução Vol. 1 e Vol.2” no Spotify: 
https://cutt.ly/Twh3kQbK


Confira as datas dos próximos shows da Plebe Rude:

22/09 – Extrema/MG – Parque de Eventos de Extrema
01/10 – Brasília/DF - Porão do Rock
07/10 – Diadema/SP – Festival Lado Punk ABC (Clube Chácara e Irmãos)

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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