'Súper Terror', o baile zumbi-mutante-melancólico do Él Mató a un Policia Motorizado

Él Mató a un Policia Motorizado

Súper Terror
⭐⭐⭐✩✩3/5
Por  Loquillo Panama 

A expansão mundial já era evidente em 2017 com o promissor álbum: La Síntesis O'Konor , embora após 6 anos - incluindo os do confinamento pandêmico -, a celebração na trilha sonora do seriado "OKUPAS" da Netflix e o adiantamento no EP El Universo fez com que a pequena gigante banda argentina fincasse a sua bandeira em inúmeros festivais na Espanha, Chile, México, com turnês intermináveis pelos Estados Unidos, Europa, Centro e Sul América, incluindo declarações de amor eterno em imagens no Instagram da banda por parte de fãs em Guatemala, Chile e Colômbia.

A banda que Santi Motorizado formou em 2003 e virou culto na cena indie post grunge Latino-americana apresenta Súper Terror, seu décimo álbum, num momento em que é louvada em uníssono por críticos e fãs como a que levanta bandeiras e usa todos os recursos para se reinventar, porém sem perder a essência das letras com relatos de esperança em momentos de dor.

Él Mató a un Policia Motorizado, a banda de Mar Del Plata, decidiu levar por todo o planeta amor melancólico em refrões para serem cantados alto em coros enérgicos, como as torcidas de futebol faziam nos anos 80 e 90. Uma verdadeira euforia coletiva ao revelar dores da alma em poesia musicada para levantar cantando da tristeza em contagiantes canções que terminam dando prazer e alivio para uma angústia frustrante que permanece evidente no dia-a-dia de todos os que vivem no planeta Terra em 2023.

Muitos acreditam estar escutando festejos da Copa do Mundo de 2022 em canções do novo álbum Súper Terror como "Medalla de Oro" e "Moderato" . Entretanto, ao mesmo tempo podem ser relacionadas diretamente a referências do passado recente da discografia de ÉL MATÓ como "Chica de Oro" ou "La Dinastia Escorpio".
 
 
Em este álbum, o coletivo argentino exagera na sonoridade oitentista , porém sem esquecer seu lado psicodélico em teclados e baixos que lembram sons que New Order e Sonic Youth popularizaram pelo planeta e que estão muito presentes em trabalhos recentes de contemporâneos como as bandas espanholas Triângulo de Amor Bizarro, El Columpio Asesino e Dorian ou as mexicanas Enjambre e Zoe. Contemporâneos brasileiros talvez possam ser Terno Rei, Melvin & Os Inoxidáveis, Los Hermanos ou Maglore.

A banda gravou novamente no estúdio Sonic Ranch nos Estados Unidos, famoso pelas instalações para estada e equipamentos "Neve" no Texas. A produção do álbum conta com a supervisão do sempre presente Eduardo Bergallo.
Essas cultuadas mesas de som "NEVE" renderam até um documentário do aclamado estúdio "Sound City", famoso pela gravação de discos clásicos do Fleetwood Mac, Tom Petty, DIO, Rage Against The Machine, Nirvana, Johnny Cash, Red Hot Chili Peppers entre muitos outros. Mesas de som amadas pelo Dave Grohl, dos Foo Fighters no seu estúdio 606.

Há relatos de que Kurt Cobain do Nirvana ficou inspirado e chegou a fazer demos no Rio de Janeiro no estúdio NAS NUVENS em Janeiro de 1993, ao ver uma dessas mesas de som analógicas e com captação orgânica da bateria e dos vocais no local para os ensaios do Hollywood Rock.

Sem distrações, as bandas ficam gravando nos estúdios Sonic Ranch e morando no local sem voltar para desvios mundanos das grandes cidades enclausurados com tecnologia aconchegante entre equipamentos vintage em suítes num rancho luxuoso afastados de tudo.
 
 
Destaque dentro das dez canções do álbum temos a climática pessimista em "Voy a Disparar al Aire", parecendo um ataque contra fantasmas que irritam o presente. Talvez algo parecido ao som do Tears For Fears entre teclados e guitarras que poderiam ser do "Songs From the Big Chair" ou do "The Tipping Point", exatamente como acontece na faixa número quatro do tracklist "Tantas Cosas Buenas". Seria de propósito ou pura inspiração?

Novamente como no velho hino de ÉL MATÓ, "Mas o Menos Bien", a voz comanda a vingança silenciosa em planejamento ascendente, simplesmente nada vai acabar com o desejo de viver e vencer adversidades e é exatamente esse o imã que faz da banda de Santiago Barrionuevo objeto de culto e curiosidade, independente da língua materna do ouvinte.

E ao final ? São sintetizadores ou uma bateria eletrônica as que levam novamente a esperança desesperada para a pista de dança em "El Número Mágico"? 
Uma vez em Buenos Aires, ouvi de um lojista: "Los Darks son Muertos". 
Realmente o baile zumbi mutante melancólico dos argentinos em 10 atos do Súper Terror, produzem uma vitalidade intensa que te leva curiosamente a um novo mergulho para achar o mistério a ser desvendado entre camadas de dor e tristeza, embalsamadas por um prisma colorido com doçura dançante, ao chegar à última canção "El Profeta de Fuego".

Será que os fãs terão como pular sem parar com estas dez novas espadas reveladas? Ou teríamos que esquecer que o EP trouxe já quatro delas?
 O Policial Motorizado segue a caravana de shows e volta pela terceira vez ao Brasil, fazendo parte das atrações confirmadas do Festival Primavera Sound São Paulo em dezembro, junto com The Hives, The Cure, Slowdive, e The Twilight Sad.

Com certeza haverá festejos e gritos para celebrar o retorno do ÉL MATÓ A UN POLICIA MOTORIZADO.

Loquillo Panama

Nômade agregador de ritmos musicais e fanático por shows. Está sempre correndo atrás de novidades para multiplicar e informar os amantes de boa música.

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