Pela primeira vez no Rock in Rio, Racionais entrega o melhor show do dia

Mano Brown e os Racionais estreando no Rock in Rio [Foto: Vinicius Pereira]
 
A capacidade comunicativa e artística dos Racionais é o que transformou o grupo no maior representante do rap nacional de todos os tempos. 
Quando você ouve uma plateia inteira cantando "Jesus Chorou", canção de oito minutos sem refrão e que reflete uma experiência de vida que não faz parte da maioria do público Rock in Rio, fica muito fácil comprovar isso.

Mano Brown canta sobre suas vivências. E ele sempre fez isso da maneira dele, sem rodeios e sem nunca mudar a sua essência. Suas letras são afiadas, amargas para alguns, mas nunca perderam a honestidade. Ele canta o que ele vive e o que ele vê. O discurso também não foge do roteiro. Em "Negro Drama", por exemplo, o grupo exibe imagens de pessoas pretas que foram assassinadas - entre elas, Marielle Franco e a menina Ágatha, de apenas 8 anos de idade. 

Este também é um show que em muitos momentos contrasta com a ideologia do Rock in Rio, onde pessoas, na grande maioria, com uma qualidade econômica mais confortável, acabou sendo confrontada a ouvir sobre o que acontece na realidade de uma classe menos favorecida.

Mas os Racionais também entendem o tamanho deles. Num festival com a proporção do Rock in Rio, eles apresentam um número visual impressionante. Além do uso dos telões de forma contextual, figurantes no palco, como um palhaço e uma pessoa de moto, dividiam a atenção e trouxeram atrativos diferentes ao show. Um baseado inflável ainda foi jogada para o público, que acabou o estourando.

Do petardo Sobrevivendo no Inferno, apenas uma canção, "Capítulo 3, Versículo 4". De todo modo, ainda tiveram "Vida Loka", do álbum 1000 trutas, 1000 tretas, e "Da Ponte Pra Cá", do disco mais revisitado da noite, Nada Como um Dia Após o Outro Dia (2002). E não precisava de muito mais para o público se tocar que estava diante do melhor show que poderiam assistir aquele dia no Rock in Rio.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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