Mano Brown canta sobre suas vivências. E ele sempre fez isso da maneira dele, sem rodeios e sem nunca mudar a sua essência. Suas letras são afiadas, amargas para alguns, mas nunca perderam a honestidade. Ele canta o que ele vive e o que ele vê. O discurso também não foge do roteiro. Em "Negro Drama", por exemplo, o grupo exibe imagens de pessoas pretas que foram assassinadas - entre elas, Marielle Franco e a menina Ágatha, de apenas 8 anos de idade.
Este também é um show que em muitos momentos contrasta com a ideologia do Rock in Rio, onde pessoas, na grande maioria, com uma qualidade econômica mais confortável, acabou sendo confrontada a ouvir sobre o que acontece na realidade de uma classe menos favorecida.
Mas os Racionais também entendem o tamanho deles. Num festival com a proporção do Rock in Rio, eles apresentam um número visual impressionante. Além do uso dos telões de forma contextual, figurantes no palco, como um palhaço e uma pessoa de moto, dividiam a atenção e trouxeram atrativos diferentes ao show. Um baseado inflável ainda foi jogada para o público, que acabou o estourando.
Do petardo Sobrevivendo no Inferno, apenas uma canção, "Capítulo 3, Versículo 4". De todo modo, ainda tiveram "Vida Loka", do álbum 1000 trutas, 1000 tretas, e "Da Ponte Pra Cá", do disco mais revisitado da noite, Nada Como um Dia Após o Outro Dia (2002). E não precisava de muito mais para o público se tocar que estava diante do melhor show que poderiam assistir aquele dia no Rock in Rio.