Iron Maiden em São Paulo: mais do mesmo, ainda bem!

Bruce Dickinson, aos 64 anos, esbanjando boa forma [Foto: Adriana Vieira]
 
Há três anos o Iron Maiden se apresentou no mesmo estádio do Morumbi, com muito frio e garoa... e hoje não foi diferente! O frio insano na capital paulista judiou de quem se aventurou a presenciar mais este show da Donzela de Ferro em São Paulo.

Apesar do frio, e apesar de bandas de abertura quase sempre passarem batido da maioria, os suecos da banda AVATAR conseguiram empolgar e fizeram um show bem bacana, mostraram firmeza e domínio de palco e em 45 minutos bem contados, deram conta do recado, saíram aplaudidos... e provavelmente com dor no pescoço, pois o headbanging deles foi insano o show inteiro!

Antes de qualquer coisa, vamos lembrar que há dois dias o Iron Maiden foi atração principal do “dia do metal” do Rock in Rio 2022, num show transmitido ao vivo, na íntegra, e que creditou aos experts de internet dizer que a banda já era, deveria acabar e Bruce Dickinson não sabe mais cantar.

Pois bem, deixo claro que assistir pela TV é algo completamente diferente de estar ali presente, e o que vi, foi uma banda estupenda, realizando um show sensacional e, se o seu frontman não alcança mais os agudos de outrora, ele continua com uma presença de palco invejável, e, canta sim muito bem, em outro tom, mas totalmente afinado, mostrando que, se a idade pesa – ele tem 64 anos, a vontade e a experiência não deixam a peteca cair.

Da última apresentação no país para cá, bastante coisa aconteceu, a Legacy of the Beast World Tour 2022 é a continuação da turnê anterior, que comemorava o lançamento de um jogo eletrônico encabeçado pela mascote Eddie, mas, durante a pandemia, a banda lançou Senjutsu, em setembro do ano passado, um disco excelente e, ele faz parte do novo show, logo após o playback velho conhecido de “Doctor Doctor”, do UFO, que abre os shows do Maiden há muitos anos, a banda entra em cena com uma trinca nova: “Senjutsu”, “Stratego” e “The Writing on the Wall”, primeiro single do novo álbum, e já entoada por todo o público.

“Revelations”, do disco Piece of Mind traz a banda de volta ao passado glorioso e daí não sai mais, numa sequência de clássicos que já é jogo ganho antes mesmo de tocar, basta ler o set list para se der por satisfeito. “Blood Brothers”, do álbum Brave New World, que marcou a volta de Bruce Dickinson à banda no ano 2000, depois de um tempo se dedicando apenas à carreira solo, é muito bem recebida e a já manjada, e excelente, “Sign f the Cross”, do álbum The X-Factor, que contava com Blaze Bayley nos vocais, chega com performance teatral de Bruce com uma estilizada cruz cheia de lâmpadas acesas nas mãos.

A teatralidade faz parte do show, as luzes se apagam e o Ícaro inflável gigante surge no fundo do palco, para Bruce munido de um lança-chamas cantar a bela “Flight of Icarus”, seguida de mais dois clássicos absolutos: “Fear of the Dark” e “Hallowed Be Thy Name”. Todo mundo conhece o repertório, sabe o que irá acontecer, mas, não há como conter a emoção ao ouvir a gravação da voz do ator britânico Barry Clayton na introdução de “The Number of the Beast” e, finalizando a primeira parte do show, “Iron Maiden”, como sempre com direito ao Eddie demoníaco aparecer no palco.

Após brevíssimo intervalo, “The Trooper” marca a volta da banda ao palco, com direito a duelo de espadas entre Bruce Dickinson e Eddie, brincadeira bobinha, diria até infantil, mas, que deixa muito marmanjo emocionado, principalmente àqueles que estavam pela primeira vez num show da banda.

“The Clansman”, do disco Virtual XI, outro que conta com a voz original de Blaze Bayley é sempre bem recebida e a chamada no bumbo de Nicko McBrian para “Run to the Hills”, não deixa pedra sobre pedra. Nova saída do palco e volta triunfal com “Aces High”, que abria o show na última turnê, encerra a festa agora, do mesmo jeitinho, com réplica do avião Spitfire surgindo no palco e Bruce vestido como aviador de guerra.

Muito frio, som apresentando algumas falhas no decorrer da apresentação, Bruce não atingindo mais os agudos do passado, mas, nada disso pareceu importar, que estava ali saiu com alma lavada, em mais uma visita do Iron Maiden ao Brasil, ficando na torcida para a promessa de Bruce Dickinson ao final do show se concretizar: “nos vemos no ano que vem”.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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