Há três anos o Iron Maiden se apresentou no mesmo estádio
do Morumbi, com muito frio e garoa... e hoje não foi diferente! O frio insano
na capital paulista judiou de quem se aventurou a presenciar mais este show da
Donzela de Ferro em São Paulo.
Apesar do frio, e apesar de bandas de abertura quase sempre passarem batido da maioria, os suecos da banda AVATAR conseguiram empolgar e fizeram um show bem bacana, mostraram firmeza e domínio de palco e em 45 minutos bem contados, deram conta do recado, saíram aplaudidos... e provavelmente com dor no pescoço, pois o headbanging deles foi insano o show inteiro!
Pois bem, deixo claro que assistir pela TV é algo
completamente diferente de estar ali presente, e o que vi, foi uma banda
estupenda, realizando um show sensacional e, se o seu frontman não alcança mais os agudos de outrora, ele continua com
uma presença de palco invejável, e, canta sim muito bem, em outro tom, mas
totalmente afinado, mostrando que, se a idade pesa – ele tem 64 anos, a vontade
e a experiência não deixam a peteca cair.
Da última apresentação no país para cá, bastante coisa
aconteceu, a Legacy of the Beast World Tour 2022 é a continuação da turnê
anterior, que comemorava o lançamento de um jogo eletrônico encabeçado pela
mascote Eddie, mas, durante a pandemia, a banda lançou Senjutsu, em setembro
do ano passado, um disco excelente e, ele faz parte do novo show, logo após o
playback velho conhecido de “Doctor Doctor”, do UFO, que abre os shows do
Maiden há muitos anos, a banda entra em cena com uma trinca nova: “Senjutsu”, “Stratego”
e “The Writing on the Wall”, primeiro single do novo álbum, e já entoada por
todo o público.
“Revelations”, do disco Piece of Mind traz a banda de
volta ao passado glorioso e daí não sai mais, numa sequência de clássicos que
já é jogo ganho antes mesmo de tocar, basta ler o set list para se der por
satisfeito. “Blood Brothers”, do álbum Brave New World, que marcou a volta de
Bruce Dickinson à banda no ano 2000, depois de um tempo se dedicando apenas à
carreira solo, é muito bem recebida e a já manjada, e excelente, “Sign f the
Cross”, do álbum The X-Factor, que contava com Blaze Bayley nos vocais, chega
com performance teatral de Bruce com uma estilizada cruz cheia de lâmpadas
acesas nas mãos.
A teatralidade faz parte do show, as luzes se apagam e o
Ícaro inflável gigante surge no fundo do palco, para Bruce munido de um
lança-chamas cantar a bela “Flight of Icarus”, seguida de mais dois clássicos
absolutos: “Fear of the Dark” e “Hallowed Be Thy Name”. Todo mundo conhece o
repertório, sabe o que irá acontecer, mas, não há como conter a emoção ao ouvir
a gravação da voz do ator britânico Barry Clayton na introdução de “The Number
of the Beast” e, finalizando a primeira parte do show, “Iron Maiden”, como
sempre com direito ao Eddie demoníaco aparecer no palco.
Após brevíssimo intervalo, “The Trooper” marca a volta da
banda ao palco, com direito a duelo de espadas entre Bruce Dickinson e Eddie,
brincadeira bobinha, diria até infantil, mas, que deixa muito marmanjo
emocionado, principalmente àqueles que estavam pela primeira vez num show da
banda.
“The Clansman”, do disco Virtual XI, outro que conta
com a voz original de Blaze Bayley é sempre bem recebida e a chamada no bumbo
de Nicko McBrian para “Run to the Hills”, não deixa pedra sobre pedra. Nova
saída do palco e volta triunfal com “Aces High”, que abria o show na última
turnê, encerra a festa agora, do mesmo jeitinho, com réplica do avião Spitfire
surgindo no palco e Bruce vestido como aviador de guerra.
Muito frio, som apresentando algumas falhas no decorrer
da apresentação, Bruce não atingindo mais os agudos do passado, mas, nada disso
pareceu importar, que estava ali saiu com alma lavada, em mais uma visita do
Iron Maiden ao Brasil, ficando na torcida para a promessa de Bruce Dickinson ao
final do show se concretizar: “nos vemos no ano que vem”.