Há quase um ano, conversamos com Cannibal e Neilton,
respectivamente baixo / voz e guitarra da banda pernambucana DEVOTOS, que
haviam acabado de lançar o delicioso single “Nossa História”, faixa que abre o
agora definitivo e pronto álbum “Punk Reggae”, uma homenagem da banda a este
ritmo que sempre fez parte da história da Devotos, e que é tão próximo do punk
rock, desde o princípio de tudo, basta lembrar o trabalho de bandas como The
Clash ou Bad Brains, que sempre misturaram os ritmos de forma tão intensa e
agradável, não limitando seus gritos de protesto.
A já citada “Nossa História” abre o disco, que está em todas as
plataformas de streaming e está com sua versão em vinil na boca do forno,
pronta pra sair. A partir daí, temos vários reggaes gravados pela banda ao
longo da sua carreira, mas, numa nova roupagem, com arranjos de puro reggae e
menos hardcore, com vários amigos colaborando com metais, teclados e coros que
fizeram desse disco algo impossível de se ouvir sem mexer o corpo.
“Favela”, saída do segundo disco da banda, “Devotos”, do ano 2000,
que foi quando tiraram o “do Ódio” do nome da banda é a segunda faixa do
trabalho e vem seguida de “Periferia Fria”, com participação mais do que
especial do cantor Criolo, numa música do último disco deles, “O Fim que Nunca
Acaba”, de 2018.
“Dança das Almas” vem do disco “Flores Com Espinhos Para o Rei”,
lançado originalmente em 2006, e desta vez a participação especial é do cantor
e compositor paraibano Chico César, numa versão deliciosamente bonita e
dançante. “A Vida Que Você me Deu”, outra faixa do disco “Devotos”, começa
pesada, com Cannibal, Neilton e o baterista Celo Brown e seu tradicional
hardcore, mas em poucos segundos, a reggaeira chega forte.
O disco continua com “Orixás”, música que está no disco “Póstumos”,
de 2012, e aqui conta com participação especial da cantora pernambucana Isaar
França, numa faixa em que banda e convidada tentam, segundo suas próprias
palavras, “descontruir o que o fascismo
religioso no Brasil tentou esconder e demonizar”, com referências às
entidades da religião de matriz africana.
A versão para “Terra Livre”, original do disco “Póstumos” e “Para
Aliviar”, outra de “Hora da Batalha”, são as duas faixas que encerram este
delicioso trabalho, não apenas um disco de reggae, mas de protesto veemente a
favor dos oprimidos e contra as mazelas dos poderosos, que espalham ódio
através dos tempos. Vida longa aos Devotos Cannibal, Neilton e Celo, força motriz
e transformadora de dentro do Recife para o mundo.
Taí o tipo de resenha que dá vontade da gente ouvir o disco. Ricardo descreve o disco, de modo apaixonado música a música despertando no leitor, a curiosidade e a paixão.
ResponderExcluirValeu cachorro.
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