Suck This Punch
The Evil On All Of Us
A cada dia que passa me impressiono com a quantidade de bandas muito boas de metal que surgem no interior de São Paulo. E vem de Limeira, aproximadamente 150 km da capital, o SUCK THIS PUNCH, banda formada em 2015, que tem em sua formação Tadeu Bon Scott, no vocal, Phil Seven na guitarra, Matheus Bonon no baixo e Giacomo Bianchi na bateria e acaba de lançar seu segundo álbum, The Evil On All Of Us, lançamento da Voice Music, bancado por financiamento através do Edital de Apoio à Produção Cultural de Araras (Lei Aldir Blanc).
São nove faixas autorais e inéditas, que nos trazem uma banda muito bem entrosada, num trabalho com ótima produção e que merece ser ouvido com atenção. O disco abre com "Machines", canção que acaba de ganhar um caprichado clipe, tem um som vigoroso e dá ânimo para ouvir o que vem adiante.
"You Are the Best Gun (Against the System)" começa alucinante com o pedal duplo no bumbo e a guitarra cortante que entra na sequência. O metal nacional vem mostrando qualidade que não deixa nada a desejar para muita banda gringa endeusada pelo público tupiniquim, que parece sofrer de uma incurável síndrome de vira-latas, aonde só o que vem de fora presta, e nosso underground fica restrito aos guetos daqui, por que lá fora, recebem o devido valor.
O disco é bem coeso e linear, sem altos e baixos, as boas canções
se nivelam por cima: "Alone", "Just Follows" (que possui uma parte lenta no
meio que é linda), "Shout it Out", "We All Live in a Hole" são músicas onde se
misturam na dose certa solos cortantes com riffs sujos e pesados, sempre bem
guarnecidos por linhas de baixo corretas e uma bateria certeira, além do vocal
de Tadeu Bon Scott, que não é dado aos exageros comuns de vocalistas em muitas
bandas de metal, que acaba fazendo muitas delas sempre parecer uma tentativa
frustrada e mal feita de cover do Iron Maiden, Judas Priest ou Helloween.
"Coward", tem um instrumental caprichado, começando com som de
viola enquanto o tema se desenvolve, uma carta de suicídio não concluído.
Belíssima canção, que encerra como começou, um caprichado som de viola. "Blindman"
trás de novo a urgência, riff denso, pesado, cozinha bem feita.
Para encerrar, "Sons of War", canção de protesto da rapaziada,
contra o preconceito e a discriminação dos negros e índios, e, para tanto,
inicia ao som de berimbau e percussão tribal, numa mistura que lembra o
Sepultura na fase Roots com Nação Zumbi e a turma do manguebeat, na única
faixa do disco onde a Língua Portuguesa dá as caras, pelo menos na introdução.
Com banda completa, a batida tribal continua embalando riffs pesados e agora, Tadeu
volta ao Inglês presente em todas as músicas, até chegar ao final com uma
cantiga de roda de capoeira, simbolizando e homenageando o povo africano.