Warshipper mostra que o metal nacional vai muito além de Krisiun e Sepultura

Warshipper: banda está completando 10 anos de estrada

Warshipper

Barren...
⭐⭐⭐⭐ 4/5

Por  Ricardo Cachorrão Flávio 


Desde 2011 na correria, o quarteto de death metal paulista WARSHIPPER acaba de lançar seu terceiro álbum, o elogiado “Barren...”. Antes de entrar no trabalho em si e falando um pouco sobre a rapaziada, vindos de Sorocaba, interior do estado de São Paulo, a banda é formada por Renan Roveran (guitarra e vocal), Rodolfo Nekathor (baixo e voz), Rafael Oliveira (guitarra) e Roger Costa (bateria), com grande experiência na estrada durante esses quase 10 anos, a banda trás ainda em seu currículo, além dos dois álbuns anteriores e um single, uma bem sucedida turnê na Europa, ano passado, onde fizeram mais de 10 shows, em 7 países.


Barren...” é um álbum conceitual, e, de acordo com Renan Roveran, sugere a definição de esterilidade sob uma perspectiva social. Em release distribuído à imprensa, ele diz: “O disco retrata, através de leituras distintas, a perspectiva estéril dos sujeitos diante de predefinições de padrão de normalidade que são impostas pelas sociedades em suas mais diversas facetas, seja por questões de gênero, raça, orientação sexual, dependência química ou mesmo condição emocional/mental. Ao nos propormos à desconstrução de tais padrões, em diversos níveis, nos depararmos com essa dolorosa realidade: uma visão inóspita quanto à felicidade e sensação de valor. A vida é cruel, traumática, e quanto mais compreensão disso temos, mais negativa é a perspectiva. Estéril, de fato”.


E ele continua: “Todos temos nossas dores, traumas e sofremos com o impacto da sociedade em que estamos introduzidos, porém, há determinados grupos que são vítimas de uma segregação condicional estúpida e que sem dúvida estão mais expostos aos flagelos das imposições de nossos sistemas sociais, políticos e religiosos. E assim como a desconstrução subjetiva, a empatia é uma das principais ferramentas para nos sensibilizarmos com estas causas e vencermos, juntos, os desafios herdados do meio em que fomos criados”.


Indo ao que interessa, o disco abre furioso! “Barren Black” é um petardo, a levada massacrante de duplo bumbo, acompanhada da avalanche sonora formada pelas guitarras, baixo e voz gutural empolgam e instigam ao bom e velho headbanging. Sequencia do disco com “Axiom”, faixa que começa tranquila, mas não tarda a chegar ao som barulhento característico da banda, que aqui vai alternando climas por toda a faixa e, novamente, empolga o ouvinte.


Fernanda Lira, ex-Nervosa e atual Cripta, tem participação especial na próxima faixa, “Respect!”, dividindo os vocais com Renan, e ficou excelente. O disco segue com porrada atrás de porrada, sem perder o ritmo, “Rabbit Hole”, “Embryo”, “Numb (Pleasures of Possession)”, a longa faixa “Beneath the Burden”, a alucinante “Licking the Wounds”, vão alternando climas, ora tranquilos, ora debulhantes, com guitarras que se alternam em sujas e pesadas e limpas e cortantes, com bons teclados aqui e ali, seguindo a cartilha básica do death / thrash metal, não deixando pedra sobre pedra.


“Anagrams of Sorrow ” traz a banda mostrando que sabe se reinventar e não cair na mesmice, a música é tranquila, bonita, uma balada de clima soturno, uma das melhores do álbum. Ainda mostrando ecletismo, chegamos em “Compulsive Trip”, 3:51 de prog-metal, composta numa parceria da banda com o produtor que os acompanha desde o primeiro disco, Rafael Augusto Lopes.


Chegando ao encerramento do álbum, “Knowing Just as I”, quase 10 minutos numa faixa que é um mix do que foi apresentado até aqui, partes lentas, porradas certeiras, guitarras afiadas. E no CD, ainda temos um bônus track, que é a faixa “Atheist”, single que a banda havia lançado em 2019.


Barren...” é um prato cheio aos fãs do estilo. Metal extremo sem frescura, mostrando que o Brasil neste quesito, vai muito além de Sepultura e Krisium, o Warshipper é uma banda que merece cavar seu próprio espaço.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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