Voltou! The Strokes busca inspiração nos anos oitenta e acerta em 'The New Abnormal'

The Strokes está de volta com novo álbum após sete anos: "The New Abnormal"

The Strokes
The New Abnormal
⭐⭐⭐ 4/5
Por  Bruno Eduardo 

Após sete anos sem lançar nada, o The Strokes chega com The New Abnormal, seu sexto álbum de estúdio e primeiro com o renomado Rick Rubin, conhecido principalmente por ter sido o homem por trás dos principais sucessos do Red Hot Chili Peppers. Além disso, o produtor tem a fama de saber recuperar a essência de um artista - não à toa, gravou Death Magnetic do Metallica e foi chamado para produzir o primeiro disco do Black Sabbath com Ozzy Osbourne após 35 anos (13).

Intencional ou não, a presença de Rubin funcionou da forma mais óbvia e protocolar possível. The New Abnormal é um retrocesso consciente aos melhores dias que esta banda viveu um dia. Não seria exagero dizer que este álbum consegue reunir o melhor conjunto de canções inéditas que os Strokes poderia ter feito nos últimos 14 anos. Principalmente, porque é um trabalho que remete ao rock retrô guiado por guitarras e melodias tensas e assobiáveis. Ou seja: a fórmula que fez o mundo inteiro cair de joelhos ao grupo há quase duas décadas está aqui - e cheia de teclados / sintetizadores.

Quando Casablancas abre os caminhos através de frases como "Estamos tentando chamar sua atenção", você tem a sensação de que ele está realmente falando sério. A faixa de abertura, "The Adults Are Talking" é  Strokes por excelência e remete diretamente ao preferido da casa, Room On Fire. O duelo saudável de guitarras de Nick Valensi e Albert Hammond Jr. soam como uma tônica do álbum, permeado quase que integralmente por guitarras satisfatórias e incrivelmente variadas. Assim como é fácil reconhecer a melancolia sedutora dos velhos tempos em canções como "Selfless" e "At The Door", que funcionam de modo cortante, de tão afiadas.

É importante destacar também, que The New Abnormal nasceu como uma espécie de homenagem aos anos 80 novaiorquinos. Há várias referências estéticas e evidentemente sonoras. A começar pela capa do álbum, que buscou os traços do artista local Jean-Michel Basquiat, na obra Bird on Money de 1981. Musicalmente, há drops em excesso de Blondie, Talking Heads e claro, de Billy Idol no disco - que inclusive recebe créditos em "Bad Decisions", que possui refrão adaptado de um dos maiores sucessos de Idol ("Dancing With Myself"). A produção do disco é um caso à parte. Usa e abusa das sobreposições sonoras, dos estéreos (com guitarras separadas em cada canal) e das vocalizações em camadas graves. Em época de audições em music players, os fones de ouvido nunca foram tão bem explorados.

Mesmo que seja impossível prever qual será o destino que The New Abnormal irá reservar ao grupo, ainda mais sabendo que eles não são mais aquela banda juvenil sedenta por cravar seu hino na história do rock (eles já o fizeram com "Last Nite" e "Someday"), é fácil afirmar que estamos diante do álbum mais fresco e interessante que o The Strokes lançou desde que se tornou uma das maiores bandas do rock anos 00.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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