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Após 13 anos, Tool está de volta com um novo trabalho: "Fear Inoculum" |
Embora faixas viajantes e experimentais sempre estivessem presentes nos discos anteriores, dessa vez o grupo optou por um trabalho que exige muito mais o engajamento do ouvinte na proposta para que seja recompensado com riffs poderosos e passagens arrebatadoras. Seis das sete faixas principais nos levam para universos sonoros muito particulares, lentamente construindo seus cenários e temas músicas, pulando de compassos como 7/4 para 4/4 e 5/8 (entre outros), nos conduzindo por labirintos fluidos de rock psicodélico e metal alternativo.
O baterista Danny Carey é um dos destaques absolutos do álbum. Entrega potentes doses metaleiras quando lhe é exigido, mas seu lado mais percussionista e tribal, místico até, aflora ao longo de todas as faixas. "Pneuma" é um dos melhores exemplos disso (não por acaso, a faixa com a mensagem mais espiritual do trabalho). "Chocolate Chip Trip" é para Fear Inoculum o que "On The Run" é para Dark Side Of The Moon (1973). Mas se o Pink Floyd tem Roger Waters manipulando sintetizadores para fazer sua faixa experimental, o Tool deixa Carey livre para mostrar como um baterista inspirado rouba a cena em uma faixa eletrônica.
Não cabe questionar a parte técnica do álbum. São quatro músicos totalmente conscientes de seus papeis e que sabem exatamente como baixo, bateria, guitarra e teclado devem se comportar, sempre contribuindo com a jornada que cada música representa (todas as 7 acima de 10 minutos de duração). Talvez pela forma como o álbum está arquitetado, parece que Fear é o álbum que menos dá destaque a Maynard. No entanto, uma audição atenta à forma revela que o cantor sabe se colocar de forma decisiva em cada faixa. Não faltam partes vocais, assim como elas não sobram.
"7empest", a gloriosa faixa de 15 minutos no fim do álbum, é uma das melhores já gravadas pela banda e sem dúvida um dos trabalhos de guitarra mais impressionantes que Adam Jones já demonstrou em sua carreira. O homem simplesmente é um avião! Se no restante do disco ele se contém até poder soltar a mão para curtos solos ou riffs mais pesados, em "7empest" ele alterna entre vôos graciosos e rasantes de tirar o fôlego. A faixa mais longa é também a faixa que nos acerta com maior vigor e entusiasmo.
É justamente por se ater a uma forma muito bem estruturada ao longo de todo o álbum que o Tool atinge a coesão. Com milhares de fãs que se confundem entre aqueles que acompanharam a banda nos anos 90 e aqueles que se tornaram devotos ao longo dos 13 anos de hiato, todos podem agora presenciar, juntos, o que a banda é capaz de fazer e imaginar o que ainda poderá vir por aí, a partir de todas as possibilidades que ficaram de fora do Fear Inoculum.
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